Não caia em fake news sobre adoçantes! Eles podem ser grandes aliados na redução do consumo de açúcar, considerado o verdadeiro vilão da alimentação moderna.
Manchetes alarmantes frequentemente demonizam os adoçantes, destacando estudos que apontam possíveis riscos dessas substâncias. No entanto, de acordo com a nutricionista e especialista em adoçantes Elaine Moreira, as agências reguladoras analisam todos os dados disponíveis — incluindo pesquisas com resultados negativos — e realizam uma avaliação criteriosa antes de aprovar ou manter o uso de qualquer adoçante. Por isso, é essencial não se basear apenas em manchetes isoladas. Academias científicas e sociedades médicas, como a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), acompanham de perto essas questões para garantir a segurança ao consumidor.
Em 2023, a revista Nature Medicine publicou o estudo “The Artificial Sweetener Erythritol and Cardiovascular Event Risk”, no qual os autores analisaram possíveis associações entre o eritritol e o risco de eventos cardiovasculares. Embora a pesquisa tenha gerado grande alarde na mídia, os próprios autores destacaram a necessidade de mais estudos para confirmar os achados. Além disso, concluíram que os resultados não deveriam ser extrapolados para a população em geral, pois os participantes do estudo já apresentavam maior risco de eventos cardiovasculares”, explica Elaine.
Para esclarecer os equívocos mais comuns, a especialista desmistifica cinco mitos sobre adoçantes e explica por que eles não são verdadeiros:
1. Adoçante engorda
Mito! Adoçantes artificiais ou de origem natural contêm poucas ou nenhuma caloria em comparação ao açúcar. Como são muito mais doces que o açúcar, são utilizados em quantidades reduzidas, minimizando o impacto calórico. Adoçantes como sucralose, xilitol e stevia possuem calorias insignificantes, tornando-se aliados no controle de peso. Além disso, muitos deles não são metabolizados pelo corpo da mesma forma que o açúcar, evitando o acúmulo de calorias.
2. Adoçantes causam câncer
Falso! Esse mito surgiu a partir de estudos antigos realizados em animais, cujos resultados não são diretamente aplicáveis a humanos. Organizações internacionais de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) e a EFSA (Agência Europeia de Segurança Alimentar), revisaram extensivamente as pesquisas e confirmaram que os adoçantes aprovados são seguros e não aumentam o risco de câncer.
3. Adoçantes afetam a microbiota intestinal
Não há consenso científico. Muitos estudos sobre adoçantes foram conduzidos em animais, e seus resultados nem sempre podem ser diretamente aplicados aos humanos. As pesquisas continuam avançando para compreender melhor os impactos dos adoçantes na microbiota intestinal, que é influenciada por diversos fatores, como genética, ambiente, nível de atividade física, estresse, qualidade do sono, doenças pré-existentes e uso de medicamentos. Além disso, muitos desses estudos não conseguiram isolar essas variáveis, resultando em conclusões inconclusivas.
4. Adoçantes aumentam o apetite
Mito! Não há evidências conclusivas de que adoçantes estimulam o apetite. A hipótese de que o cérebro “espera” calorias após o consumo de algo doce e, ao não recebê-las, induz fome, não é sustentada por estudos consistentes. O que pode ocorrer é um efeito psicológico: algumas pessoas se sentem mais livres para consumir alimentos calóricos ao usarem adoçantes, compensando a economia de calorias.
“Algumas pessoas associam o consumo de adoçantes a uma ‘licença’ para comer mais, já que percebem que estão economizando calorias. Isso pode levar a um aumento do apetite ou a um comportamento alimentar mais indulgente, mas não é um efeito direto do adoçante em si”, alerta Elaine.
5. Adoçante aumenta a glicemia
Errado! A maioria dos adoçantes artificiais ou naturais não impactam significativamente os níveis de glicose no sangue, pois não são metabolizados da mesma forma que o açúcar. Adoçantes como sucralose, stevia e xilitol são seguros para diabéticos e não promovem picos glicêmicos.
Com informação confiável e avaliação crítica, é possível tomar decisões mais seguras sobre a alimentação e os adoçantes podem ser aliados importantes na redução do consumo de açúcar e consequente melhor controle glicêmico.