Na tarde da última sexta-feira (27), o secretário de Cultura do Estado, Bruno Monteiro, entregou para a sociedade baiana, o título de reconhecimento do Caruru de São Cosme e São Damião da Bahia, como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia. O ato aconteceu durante o I Seminário de Patrimônio Imaterial – Reconhecendo Memórias, realizado no Museu de Arte da Bahia (MAB), no Corredor da Vitória. No evento, ainda estavam presentes Marcelo Lemos, diretor geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (SecultBa), Táta Ricardo Tavares, presidente da Câmara de Patrimônio do Conselho de Cultura, além de outras autoridades.
O decreto que oficializa a festa dos santos gêmeos como patrimônio cultural, foi assinado pelo governador Jerônimo Rodrigues e publicado no Diário Oficial do Estado desta sexta.
Durante o ato simbólico, o secretário Bruno Monteiro falou sobre a importância de registrar um bem cultural. “Este é um dia histórico. Estamos aqui patrimonializando um bem afetivo dos baianos. E o Estado assume um compromisso com a salvaguarda desse bem para garantir que essas tradições sejam valorizadas e mantidas, para que não se percam na história e para que as futuras gerações tenham acesso. Temos o compromisso de inovar, buscar novos fazeres mas sem jamais esquecer de valorizar a nossa história, a nossa ancestralidade e tudo aquilo que nos trouxe até aqui”.
Marcelo Lemos, diretor geral do IPAC, falou sobre a importância da coletividade no processo de patrimonialização. “Este é mais um dos presentes que recebo nesse período à frente do IPAC. Estamos registrando uma tradição secular, que faz parte da vida dos baianos e já era um patrimônio antes mesmo de ser oficializado no Diário Oficial. Esse foi um trabalho conjunto, onde homens e mulheres, contaram suas histórias de devoção aos santos e que nos forneceu dados para efetivar essa patrimonialização”, afirmou o diretor geral do IPAC.
Táta Ricardo Tavares, presidente da Câmara de Patrimônio do Conselho de Cultura e autor do processo de patrimonialização, festejou o momento. “Esta é sem dúvida a maior festa popular do Estado da Bahia porque acontece ao mesmo tempo, em todos os territórios de identidade, em locais públicos, nas casas, nas residências e nos templos religiosos. Nenhuma outra manifestação popular acontece em quantidade e qualidade, como esta. Viva São Cosme e Viva São Damião!”, destacou.
Sobre a Patrimonialização
Em plenária realizada no dia 19 de setembro, o Conselho Estadual de Cultura (CEC) aprovou por unanimidade o Registro Especial da Festa do Caruru de São Cosme e São Damião como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia, a ser inscrito no Livro de Registro Especial dos Eventos e Celebrações e no Livro do Registro Especial dos Saberes e Modos de Fazer.
O culto a São Cosme e Damião, os santos gêmeos da igreja católica, ganharam especial aspecto na cultura afro-brasileira e afro-baiana ao encontrarem correspondência com o culto aos Ibejis, divindades gêmeas das religiões afro-brasileiras. As celebrações acontecem no dia 27 de Setembro, com o tradicional caruru.
Na Bahia, há uma diversidade de modos como se apresenta o caruru, inclusive com a presença de sambas e rezas. Geralmente as famílias que cultuam os santos, possuem gêmeos e a festa se dá a partir de várias etapas para a sua realização, que ocorre de forma comunitária, com a participação das famílias e a celebração do rito que inclui, inclusive, práticas ritualísticas católicas e afro-brasileiras.