Por João sem Braço – um escritor baiano que editou o livro “Bahia de Todos os Prazeres – uma coletânea de Contos Eróticos” e que agora é nosso colunista exclusivo e semanal!
O Paraíso de Seu Nonô
O paraíso existe sim e ele está situado dentro da Baía de Todos os Santos bem defronte da Cidade do Salvador, a Capital da Bahia. Isto é do conhecimento de quantos a frequentam, sejam eles moradores, veranistas ou simples passantes. A Ilha de Itaparica ganhou da mãe natureza inúmeros e variados presentes. Um deles foi o clima sempre ameno graças às suas duas únicas estações: verão com chuva e verão sem chuva, durante todo o ano. A água do mar é mansa e sempre morna. As suas frutas e legumes ~são incomparáveis e a água potável é toda ela mineral e dotada de propriedades várias, gerando o ditado corriqueiro: “…faz moça virar menina”.
Porém, o que faz dessa ilha um paraíso, mais do que todas essas virtudes, é a carga de energia erótica presente na atmosfera, dizem uns, ou que emana do seu solo, principalmente da areia das praias, dizem outros que vivenciam tal fenômeno. Os seus nativos de ambos os sexos, se fizerem um exame laboratorial, deverão apresentar uma taxa excessiva de testosterona, porque trazem à flor da pele uma sensibilidade tão grande que se, ao tocarem-se uma vez, estremecem como ante a passagem de uma corrente elétrica e, se tocados uma segunda vez, abraçam-se de uma maneira bem libidinosa.
As mulheres, na sua grande maioria, são detentoras de grande e duros quadris que rebolam sensualmente de forma bem convidativa. Têm um olhar que penetra profundamente no íntimo daquele que ela mentaliza como a sua presa de tal forma, que o indivíduo se sente como se estivesse sendo despido de todas as suas roupas.
Quanto aos homens miram o seu entorno como se fosse um imenso harém e acreditam que a vida lhes foi presenteada para ser vivida intensamente. Motivo pelo qual ostentam o lema “a gente só leva da vida a vida que a gente leva”.
Um dos conceituados representantes dos ilhéus é o Sr. Antenor (mais conhecido como Seu Nonô). Mulato de 88 anos, 1,80m de altura, ex-saveirista, daí o tronco e braços musculosos pelo uso constante dos remos. Também já foi um pequeno agricultor, especialista no plantio do aipim.
Há cerca de uns 40 anos atrás, Seu Nonô foi obrigado por seus filhos a consultar um Urologista, claro que contra a sua vontade, porque ele estava com uma ereção permanente. Como era de se esperar, foi diagnosticado como priapismo e o especialista desistiu, depois de muitas insistências, de prescrever qualquer tratamento. O paciente, além de rebelde, estava muito satisfeito com a sua atual situação e ao contrário de considerar um mal, via como um presente dos céus para a sua insaciável fome por sexo.
Foi aí que as aventuras libidinosas de Seu Nonô se intensificaram. A sua jovem esposa, mais nova uns 45 anos, com ele residia em uma boa e pequena casa no povoado de Gameleira, uma das praias próxima ao terminal do Ferry-Boat. Como era muito tímida e, sabedora de que uma de suas amantes era marisqueira, ela deixava de ir à praia pois sentia vergonha de encontrar-se com “a outra”.
Havia um determinado dia da semana que Seu Nonô ia até à praia para ajudar essa marisqueira no seu trabalho diário. Ela era uma mulher de cor negra, com mais de 1,70 de altura, cabelos bem curtos que lhe davam uma aparência masculina e só gostava de sexo anal. Ao chegarem na casa dela com o produto da mariscada, largavam tudo na pia e partiam para o quarto em uma fúria a dois para a prática de um selvagem sexo anal. Ela ficava sentada no seu colo com o membro todo penetrado no anus enquanto os dedos dele lhe manipulavam freneticamente todas as partes de sua vagina já bem molhada. Parecia que ele estava executando em um violão os acordes de uma melodia bem dinâmica.
Em um outro povoado do outro lado do terminal do Ferry Boat, chamado de Porto dos Santos, Seu Nonô atendia semanalmente a uma outra “namorada”. Essa era baixinha, com pouco mais de 1,50 de altura, cor clara, mas com cabelos crespos. Era calma e muito religiosa e caiu na conversa de Seu Nonô de que aquilo que faziam era pagamento a uma promessa feita ao deus Priapo, um deus grego que lhe concedeu aquela dádiva de ereção permanente. Com essa era praticado um sexo mais brando, antes e depois de um delicioso café com as inúmeras iguarias da ilha. Quando ela se recusava a uma segunda após o café, ele a convencia de que a promessa não estava totalmente paga e lhe mostrava a ereção.
No povoado de Amoreiras, também Seu Nonô tinha uma “namorada” já idosa e que queria que ele fosse morar com ela para praticarem sexo sem parar porque ela era ninfomaníaca e ele com priapismo poriam fogo na ilha.
Mas, o que mais alegrava Seu Nonô eram as aventuras ocasionais no exercício de suas funções. Como saveirista ele geralmente transportava cargas as mais diversas, do Cais Cairu para algum povoado da ilha. Quando esporadicamente surgia uma passageira e essa lhe despertava o cio, ele tratava de exibir através do calção o seu “talento”. A sequência de sentimentos é sempre a mesma: susto, surpresa, curiosidade, gula e entrega, no fundo do barco em um colchonete previamente preparado para tal. E, enquanto tudo isso acontece, o auxiliar de Seu Nonô mantém-se no seu posto na cana do leme, manobrando entre as ondas para que o barco não jogue muito e prejudique o melhor da viagem.
Como pequeno agricultor, o seu grande e rentável sucesso era o cultivo do aipim. Com a carroça cheia, Seu Nonô saía a vender aipim por toda a ilha. Demorava muito de esvaziar a carroça porque quando Seu Nonô chegava a uma casa cuja mulher lhe atraia, ele imediatamente se oferecia para descascar o aipim. Se ela consentisse, inevitavelmente, após descascar o tubérculo, ele partia para descascar a mulher.
E é por isso que, quando se elogia os produtos da Ilha de Itaparica, como as mangas, os cajus, etc., a mulherada grita de uníssono: “ah! mas como o aipim de Seu Nonô não tem igual”.
A fama de Seu Nonô era conhecida em toda a ilha e constantemente ele era consultado para solucionar assuntos sexuais. Certa vez, Seu Manuel, o português do armazém se queixou de que a sua mulher não sentia nenhum prazer em fazer sexo com ele. Seu Nonô, com ares de especialista, disse que queria conhecer o ambiente. Assim foram os dois para o quarto do casal português e Seu Nonô verificou que era quente demais, dizendo ao Manuel que ele deveria comprar um ventilador.
O Manuel que não estava querendo gastar dinheiro, propôs a Seu Nonô fazer a experiência com um abano bem grande. Assim aconteceu. Os portugueses começaram a transar enquanto Seu Nonô abanava os dois. Mas, nada de diferente acontecia, pois a portuguesa não estava sentindo o menor prazer naquela palhaçada. Aí o Manuel se irritou, saiu de cima da mulher e propôs trocar de lugar com Seu Nonô.
Era tudo o que Seu Nonô queria e mais que depressa entregou o abano ao Manuel e já sem calça, caiu em cima da portuguesa lhe enfiando um pênis bem duro na vagina que estava totalmente seca. Era tudo que a portuguesa precisava e queria, pondo-se a sacudir todo o corpo e a gritar de prazer. E o Manuel ao ver a mulher sentir tanto gozo, abanava com mais força gritava para o Seu Nonô: “Estás a ver negão incompetente! Nem pra abanar tu prestas!”.
Certa tarde, estava Seu Nonô na praia, olhando as pessoas que saiam dos saveiros carregadas pelos nativos, quando viu uma senhora bem alva, de traços bem finos, olhos azuis, bem gorda e provavelmente com mais de 50 anos. Ela estava relutante em saltar porque achava os carregadores muito fracos para leva-la. Foi aí que ela encarou Seu Nonô que aproximava-se do barco só por curiosidade e também com outras intenções. Ao seu pedido para conduzi-la até à praia, ele imediatamente atendeu e estendeu os braços para carrega-la.
Quando aquela montanha de carne jogou-se nos seus braços, ele titubeou e quase caiu. Mas, recuperou-se e apertou-a de encontro ao seu peito nu. Foi uma sensação diferente e que lhe causou um fervor bem dentro da cabeça. E ele a apertava mais para sentir a sua maciez. Aquelas carnes femininas brancas, contrastando com um corpo negro era o modelo ideal de um grande artista, provavelmente Picasso.
Seu Nonô, gentilmente ajudou-a levando as suas sacolas até uma casa que ela havia alugado ali mesmo na praia enquanto esperava o resto da família que viria no dia seguinte. De uma sacola que ele portava, tirou algumas raízes de aipim e ofereceu-se para descascar e depois cozinhar para o seu café. Ela foi aceitando tudo como se estivesse hipnotizada por aquele homem gentil e que tinha lhe passado muitas energias enquanto lhe carregava. Ela sentia, na sua longa vida de solteirona, uma sensação jamais experimentada e que despertava um desejo incontrolável de mais avanço.
Enquanto descascava o aipim, Seu Nonô observou que ela não tirava os olhos da protuberância de seu calção e aí foi que ele se sentiu no dever de render graças ao deus Priapo. Ele aproximou-se dela e roçou o seu pênis em sua bundona, sentindo que isso lhe fez estremecer. Ela ficou uns instantes paralisada por tão boa sensação e depois saiu correndo para o quarto. Seu Nonô foi no seu encalço e encontrou-a com as mãos no rosto a choramingar como se estivesse vivendo um drama de tomada de decisão.
Foi aí que ele tirou dela tal decisão e abraçou-a fortemente a beija-la sem parar e foi jogando-a na cama e lhe despindo as roupas. Ela estava inerte, entre envergonhada e desejosa da continuidade dos acontecimentos. Aos beijos experientes que Seu Nonô lhe dava, inclusive nas partes mais íntimas, ela foi se entregando e relaxando para usufruir de todos esses prazeres sem arrependimentos futuros.
Depois de vários beijos em sua vagina, Seu Nonô foi deitando-se sobre ela até sentir que o seu pênis preparava-se para a penetração, o que ele fez com muito cuidado, porque parecia que aquela ela a sua primeira vez.
Ficaram um longo tempo abraçados até que ele percebeu que ela já estava bastante relaxada. Aí ele começou a movimentar-se entrando e saindo de sua vagina que já estava completamente molhada. Com toda a sua experiência, Seu Nonô jamais viu uma mulher gozar tanto e com tanta satisfação.
Já era noite quando Seu Nonô chegou em casa bastante cansado. A sua tímida e submissa mulher lhe recebeu gentilmente e vendo a sua exaustão, perguntou-lhe se não tinha nada para ela. Ao que ele respondeu:
– Oxente, muié, tu tá me desconhecendo? Tu não sabe que o meu lema é “Enquanto eu tiver língua e dedo, de xereca nenhuma eu tenho medo”