Por Luciano Salvador Bahia
Ao longo dos anos na música popular brasileira inúmeras músicas abordaram ou a questão de Yemanjá, do orixá Yemanjá, ou do próprio dia 2 de fevereiro, do mar, do pescador, todas as coisas que se misturam nessa comemoração. A gente vai desde o grande clássico de Dorival Caymmi, que tem como o título o nome da festa, “Dois de Fevereiro”, para deixar bem claro aí do que ele está falando.
“Dia Dois de Fevereiro” – Dorival Caymmi
Mas você vai passar pelos Tincolans, “Na Beira do Mar”, que é uma música dedicada a Yemanjá, você tem a própria “Rainha do Mar”, que também é de Caymmi, isso eu estou falando das músicas de uma MPB mais antiga, de um tempo mais atrás, aonde esse tema estava por aí amplamente divulgado.
“Na Beira do Mar” – Os Tincoãs
E a gente vai ter os cantores intérpretes que vão levando essa cultura negra, esse cultos aos orixás à frente como Maria Bethânia, por exemplo. Bethânia tem uma música lindíssima que se chama “Yemanjá Rainha do Mar”, de Paulo Cesar Pinheiro e Pedro Caminha de Amorim, aonde ela fala dos nomes todos que são dados a Yemanjá, a depender da nação, da tradição no candomblé. Esses nomes mudam, então essa música, é uma música belíssima, que é de Paulo Cesar Pinheiro.
“Yemanjá Rainha do Mar”
Você ter também cantoras mais recentes, como Marisa Monte, que gravou a “Lenda das Sereias”, que é uma outra música dedicada a Yemanjá. Você vai ter Caetano citando o 2 de fevereiro, na música “Onde o Rio é Mais Baiano”. Eu cito o dia 2 de fevereiro com uma canção minha chamada “Madame Gente Fina”, que fala também um pouco dessa relação do Rio de Janeiro com a Bahia.
“Lenda das Sereias” – Marisa Monte
Então esse tema nunca ficou pra trás dentro da Música Popular Brasileira. Aqui a nossa querida paraense Cláudia Cunha, que reside na Bahia, gravou “Aioka”, que é também uma música dedicada à Yemanjá. Você tem “Conto de Areia”, um grande sucesso de Clara Nunes, que fala dessa história do pescador que vai e não volta, porque a dona do mar levou, a sereia do mar levou.
“Aioka” – Cláudia Cunha
“Conto de Areia”- Clara Nunes
Caymmi tem uma outra música que é a “A Mãe d’Água e A Menina”, que fala de uma menina que se perde na praia, os pais ficam achando que ela se perdeu, que ela se afogou e depois essa menina é encontrada e eles agradecem à Deusa do Mar, que devolveu a filha para eles, a Rainha do Mar trouxe ela de volta.
“A Mãe D´Água e a Menina” – Nana, Dori e Danilo Caymmi
É assim um tema mágico, extremamente inspirador e que muito dificilmente vai cair no esquecimento, tanto que a própria Festa de Yemanjá, dia 2 de fevereiro, depois da Lavagem do Bonfim, que é a grande festa de largo de Salvador, é a mais importante, que tem uma abrangência maior, reúne muito mais gente.
O 2 de fevereiro se mantém muito forte por Salvador ser essa cidade banhada de mar por todos os lados. A gente tem como uma referência de lugar aqui, a gente tá vendo o mar o tempo todo, você se esbarra com o mar.
“Canto de Yemanjá” – Paulo Bellinati e Mônica Salmaso
Gerônimo, na sua lindíssima canção com Vevé Calazans, “É d´Oxum, canta “nesta cidade todo mundo é de Oxum”. Eu ouso a dizer que talvez seja de Yemanjá, porque o mar é a água salgada que a gente vê o tempo todo aqui, na cidade, esse contato com o salitre, com o sal, com a onda na praia, com a areia do mar, é muito forte pra gente. A música nunca esqueceu isso, nem vai esquecer tão cedo, devido a essa riqueza de elementos simbólicos que envolvem a Rainha do Mar, Yemanjá.
“Marabô” – Carlinhos Brown