As marcas de moda emergentes desses mercados estão agora avaliadas em mais de 200 bilhões de euros, distribuídas por diversos territórios
Após um ano sob a presidência da Rússia, o Brasil se prepara para liderar a aliança dos BRICS em 2025, marcando uma transição que impactará toda a América Latina. As projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que os BRICS desempenharão um papel central no crescimento do PIB global nos próximos cinco anos, com previsões de que o Brasil ultrapassará economias como a Alemanha, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e França até 2028.
O comércio é o principal responsável pelo desenvolvimento econômico do BRICS. A associação fornece uma plataforma para negociações consistentes e sinaliza aos investidores para que explorem novos mercados. De 2017 a 2022, o comércio entre os cinco países originais do BRICS aumentou 56%, chegando a US$ 422 bilhões.
“Os países emergentes serão fundamentais para impulsionar o crescimento económico mundial, com os BRICS a liderar este processo”, afirmou Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente do Brasil. Como membro fundador dos BRICS, o Brasil tem intensificado sua presença em fóruns internacionais e participou ativamente do BRICS+ Fashion Summit, realizado em Moscou em outubro. Este evento reuniu representantes de mais de 100 países, incluindo 15 da América Latina, para compartilhar experiências, conquistas e buscar soluções conjuntas para desafios comuns.
A participação do Brasil em eventos como o BRICS+ Fashion Summit é de grande importância para o mercado têxtil e de moda brasileiro, um setor que emprega mais de 1,33 milhões de pessoas e conta com cerca de 4.000 fábricas de calçados em operação. Nos últimos dois anos, o país se estabeleceu como o maior exportador de algodão do mundo, consolidando a moda e o vestuário como elementos fundamentais para a economia e a cultura nacional. A presença em Moscou abriu novas oportunidades para a expansão do mercado brasileiro e o estabelecimento de parcerias.
Além do Brasil, as marcas de moda emergentes desses mercados estão avaliadas em mais de 200 bilhões de euros, distribuídas por diversos territórios. A unificação dessas marcas apresenta oportunidades, colocando-as ao lado dos líderes tradicionais do mercado. No entanto, é necessário continuar crescendo, uma vez que o setor de moda italiano, por si só, cria e exporta mais de 80 bilhões de euros em produtos de moda anualmente. Vale lembrar que parte dessa moda é produzida nos países do bloco, que recebem importantes exportações.
Segundo Camila Ortega, Presidente da Nicaragua Diseña, “Acreditamos que o grupo BRICS deu passos estratégicos que permitem aos nossos países aprofundar e diversificar as expressões de colaboração e trabalho conjunto numa relação de respeito mútuo, paz e verdadeira cooperação”. A criação da Federação Internacional de Moda dos BRICS é um marco nessa direção, com o objetivo de fortalecer as conexões entre associações de moda de diferentes nações.
Designers brasileiros foram convidados a apresentar suas coleções nas passarelas da capital russa em várias edições. Neste ano, em outubro, a marca brasileira Maison Revolta foi destaque com um desfile aclamado. Rogério Vasques, designer da Maison, comentou sobre a experiência: “Tenho uma forte ligação à Europa. A minha marca nasceu em Paris, o meu maior mentor, Karl Lagerfeld, era alemão e eu estudei moda no Reino Unido. Estar agora num país que é a ponte entre Europa e Ásia, no epicentro da moda global, é verdadeiramente notável. Este evento impulsionará minha marca para um futuro mais global”.
A nova federação representa um potencial para o crescimento da indústria têxtil brasileira. Nando Yax, fundador da Guatemala Fashion Week, destacou: “Num mundo onde a moda é ditada pelas grandes capitais, ouvir propostas de plataformas menos populares é uma forma de dizer: ‘Ei! Estes mercados também são importantes’. Isso é valioso e, mais importante, apreciado”.
A presidência brasileira nos BRICS em 2025 promete fortalecer ainda mais estas conexões, impulsionando o crescimento econômico e cultural entre os países emergentes e posicionando o Brasil como um protagonista na cena global.