Dra. Andrea Tedesco, professora da UFRJ, do IOA (Instituto Orofacial das Américas) e dentista da Grazi Massafera e Isis Valverde, afirma que o procedimento deve valorizar o paciente, não o transformar em outra pessoa.
A harmonização facial se tornou uma das opções estéticas mais procuradas nos últimos anos, com a promessa de realçar a beleza e melhorar a autoestima. De acordo com um levantamento feito pelo grupo Croma, que faz pesquisas da área da beleza, os brasileiros querem envelhecer sem aparentar a idade e boa parte dos homens afirmou se cuidar porque as mulheres estão mais exigentes. Segundo o levantamento, o público feminino é muito mais aberto aos procedimentos invasivos, enquanto o homem tem mais receio.
No entanto, com a crescente demanda, também surgem relatos de arrependimentos e insatisfação. É o caso da influencer Mariana Micheline, que teve a boca deformada e perdeu parte do lábio superior depois de realizar uma harmonização facial.
A relevância do tema pode ser observada no crescimento de perfis como o @esteticaderisco, no Instagram, que já reúne mais de 109 mil seguidores e compartilha relatos de vítimas de procedimentos estéticos mal executados.
A página se tornou um espaço de alerta e conscientização, reunindo casos de complicações graves, desde assimetrias e necroses até deformações irreversíveis.
A Dra. Andrea Tedesco, professora de odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da especialização em harmonização facial do IOA, além de dentista de celebridades como Grazi Massafera e Isis Valverde, alerta para a importância de um planejamento cuidadoso e da escolha de um especialista qualificado.
“A harmonização facial deve sempre respeitar as características naturais do paciente”, afirma. Segundo a especialista, cada rosto tem suas particularidades, e a comunicação entre o paciente e o profissional é essencial para garantir que o procedimento atenda às expectativas.
Tedesco compartilha algumas orientações para quem deseja alcançar resultados naturais e seguros, sem cair nos excessos ou nos modismos que podem comprometer a estética. Confira as dicas:
- Escolha profissionais qualificados
Com a alta demanda por procedimentos estéticos, ainda existem profissionais sem a devida formação em odontologia ou medicina, que não possuem o conhecimento adequado para realizar a harmonização facial com segurança.
Um dos casos recentes aconteceu em janeiro desse ano, em que uma mulher foi encontrada morta após realizar um procedimento estético em Recife. O Conselho regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) informou que realizou uma fiscalização na clínica e que o médico responsável pelo atendimento não tinha registro no conselho.
Por isso, Tedesco afirma ser imprescindível checar o CRM (Conselho Regional de Medicina) se o profissional for médico, ou o CRO (Conselho Regional de Odontologia), se for dentista.
Para saber se um médico está apto a exercer a profissão, qualquer pessoa pode fazer uma pesquisa no site do Conselho Federal de Medicina (portal.cfm.org.br) ou dos conselhos regionais de medicina (CRMs) de cada Estado
- Evite resultados exagerados
De acordo com um estudo publicado pela Pubed, o uso de aplicativos de vídeo, filtros e edições de fotos está associado à baixa autoestima e a alta na procura por procedimentos estéticos. Por consumirem muito esse tipo de conteúdo, as pessoas se espelham em influenciadoras e celebridades, idealizando o que de fato o tratamento pode fazer.
A harmonização facial, quando bem realizada, deve realçar a beleza natural do paciente, e não o transformar em outra pessoa.
A dentista alerta para a tendência de exagerar nas aplicações de substâncias como ácido hialurônico e toxina botulínica, o que pode resultar em um aspecto artificial e desproporcional. O segredo está na sutileza, respeitando as características naturais do rosto.
- Alinhe suas expectativas
A comunicação sobre o que o paciente espera e o que é possível de alcançar é essencial para evitar frustrações.
Tedesco reforça que o especialista deve ser transparente sobre os resultados possíveis e as limitações dos procedimentos, garantindo que o paciente tenha uma visão realista do que esperar.
“A harmonização facial tem como foco elevar a autoestima dos pacientes, realçando a beleza e tornando-os mais felizes e confiantes. Ela oferece um mundo de possibilidades a partir de um conjunto de procedimentos não invasivos”, explica.
- Quando a reversão é necessária
Um dos benefícios das intervenções com ácido hialurônico é a possibilidade de desfazer o tratamento. No entanto, a Dra. Andrea enfatiza que a melhor abordagem é sempre a prevenção e a escolha de um bom profissional desde o início.
Quando realizados por um especialista capacitado, os procedimentos de reversão podem corrigir problemas, mas sempre com a orientação de quem entende de anatomia facial.
- Cuidados antes e depois
A especialista também destaca que os cuidados pré e pós-procedimento são fundamentais para evitar complicações.
Isso inclui uma alimentação mais leve dias antes, tranquilidade, e dependendo o procedimento, medicamentos podem ser suspensos ou inseridos.
Nos pós, é importante evitar exposição excessiva ao sol, não fazer atividades físicas intensas nos primeiros dias e seguir todas as orientações do profissional.
Esses cuidados garantem que o procedimento tenha o melhor resultado possível e que o rosto se recupere adequadamente.
Aprendendo na prática
Com a experiência adquirida ao longo de sua carreira, Andrea Tedesco é uma referência quando o assunto é harmonização facial, e seus cursos de especialização são uma oportunidade para profissionais que desejam aprimorar suas habilidades na área.
Um deles, nomeado como Especialização em Harmonização Facial, começa no início de março e tem duração de 18 meses com turmas presenciais no IOA (Instituto Orofacial das Américas), no bairro do Jardins, na capital paulista.
O instituto é conhecido por ser o primeiro a introduzir no mercado brasileiro a prática de harmonização facial no início dos anos 2000.
O investimento do IOA em trazer a dentista para São Paulo faz parte da estratégia da rede em absorver a alta demanda por cursos de especialização em harmonização facial, que cresceu 50% no ano passado segundo dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO).