Com encenação de Marcio Meirelles e do diretor anglo-português Graeme Pulleyn, a montagem conta a história de uma mulher, como muitas, forçada a migrar de sua terra-natal, e aborda os impactos culturais dessa opressão
“Esse Caminho Longe” é um espetáculo imersivo que cruza teatro, vídeo e música ao vivo. O público senta-se nos quatro lados de um palco em forma de cruzamento. Duas telas de vídeo, de um lado e do outro mostram imagens de São Tomé e de Portugal. São uma das vozes que contam a história de uma mulher afastada da sua terra natal ainda em criança e da sua luta para regressar e reencontrar aquilo que perdeu, a essência do seu ser. Três atrizes, duas negras e uma branca, narram estórias, narram histórias, narram a HISTÓRIA, colocam questões, fazem perguntas, convidam o público a empatizar e apontam um caminho para um recomeço, depois de tanto e tantos séculos de escravidão real e metafórica.
A relação entre atriz e público é muito próxima. A música, tocada ao vivo, é uma quarta voz, o vídeo a quinta, o conjunto um só objeto, forte, duro, apaixonado e no final ressoa uma frase: “O sofrimento passa, o que não passa é ter sofrido”. E a pergunta: “Conseguiremos, reconhecendo os erros do passado, recomeçar no presente um outro futuro?” De 29/11 a 08/12 (sextas, sábados e domingos, às 19h. Ingressos: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia). Ingressos disponíveis através do Sympla (LINK) e na bilheteria do espaço.
“Olinda Beja está no espetáculo como ela está em sua própria poesia. É uma voz narrativa que não fala sobre ela, mas a partir dela, a partir da experiência dela. E, principalmente, a partir da experiência poética dela. De como ela conseguiu solucionar questões que são muito complexas para uma criança que é tirada de sua mãe terra, sua mãe cultural, sua mãe biológica e vai para um outro continente ser criada por uma outra mãe e um dia se reencontram”, explica Márcio Meirelles.
O espetáculo parte da dualidade vivida pelas pessoas que transitam entre São Tomé, na África, e Portugal, na Europa, para discutir o tema universal da travessia humana, realizada em diversos territórios, físicos e simbólicos. “Esse Caminho Longe”, nesse percurso, reflete sobre a possibilidade de reconhecer erros passados, recomeçando no presente a emergência por um futuro melhor. Os textos são de Lígia Soares e Olinda Beja, com dramaturgia de Graeme Pulleyn, Lígia Soares e Marcio Meirelles. Encenação de Graeme Pulleyn e Marcio Meirelles. A diretora e coreógrafa Cristina Castro, gestora de projetos do Teatro Vila Velha, colaborou na coreografia do espetáculo.
A primeira vez que o encenador Marcio Meirelles cruzou o Atlântico para montar um espetáculo em Portugal foi em 2013. Depois, mais dois em 2015. E agora mais este em 2023. Além disso, nesse intercâmbio luso-afro-brasileiro, duas outras montagens: em Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe, tendo como parceiros do Teatro Vila Velha a Cena Lusófona, o Teatro Viriato e o Centro Cultural Português do Mindelo e este ano a Cem Palcos. Entre criações e atividades de formação orientadas pelo artista nesses países, inclui-se também Angola e Moçambique.
Para ficar atualizado e bem informado sobre todos os eventos e projetos, acesse o instagram @teatrovilvelha e o site www.teatrovilavelha.com.br e acompanhe as novidades da programação.
O Teatro Vila Velha conta com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
SERVIÇO:
O quê: Esse Caminho Longe
Onde: Museu de Arte da Bahia (Corredor da Vitória, Salvador)
Quando: 29 de novembro a 08 de dezembro (sextas e sábados, às 19h; domingos, às 17h)
Ingressos: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia entrada)
Ingressos disponíveis através do Sympla (LINK) e na bilheteria do espaço.
Classificação: 14 anos
SOBRE OLINDA BEJA
Nasceu em São Tomé e Príncipe, na cidade de Guadalupe, e migrou ainda menina para Portugal, onde iniciou seus estudos. Atualmente, divide-se entre os dois países e tem poemas e contos traduzidos para espanhol, francês, inglês, mandarim, árabe e esperanto. Sua obra é estudada em teses de doutoramento realizadas por pesquisadores diversos na Alemanha, na Inglaterra, no Gabão e no Brasil.
SOBRE MARCIO MEIRELLES
Fundador do grupo Avelãz e Avestruz (1976-1989), criador e diretor do Espaço Cultural A Fábrica (1982) e diretor de um dos maiores centros culturais do Brasil – o Teatro Castro Alves (1987-1991). Em 1990 criou juntamente com Chica Carelli o Bando do Teatro Olodum. Revitalizou o Teatro Vila Velha e assumiu a direção artística em 1994. Entre seus trabalhos no teatro, destacam-se: o espetáculo “Ó Pai Ó!”, com o Bando de Teatro Olodum; “Candaces – A Reconstrução do Fogo” (2003), do grupo carioca Companhia dos Comuns, que virou samba enredo do Salgueiro no carnaval de 2007. Também co-dirigiu, com Werner Herzog, o espetáculo “Sonhos de uma Noite de Verão”, no Rio de Janeiro, para a ECO 92. Dirigiu, para o Bando, nova versão da comédia de Shakespeare premiada como melhor espetáculo pelo Prêmio Braskem, em 2006. Foi Secretário de Cultura do Estado da Bahia (2007-2010) e, em junho de 2011, assumiu novamente a direção do Teatro Vila Velha, onde criou em 2013 a Universidade Livre de Teatro Vila Velha. Em 2019, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia. Dirigiu mais de 100 espetáculos, entre realizações no Brasil, na Europa e na África. Em 2022, marca os seus 50 anos de teatro com realizações artísticas em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
SOBRE GRAEME PULLEYN
Nasceu no norte de Inglaterra em 1967. Licenciou-se em Estudos Teatrais e Artes Dramáticas pela Universidade de Warwick e mudou-se para Portugal em 1990. Co-fundou e foi diretor artístico do Teatro Regional da Serra do Montemuro entre 1990 e 2004. Vive em Viseu desde 2005, a partir de onde trabalha como encenador, ator e tradutor. É diretor artístico da CEM Palcos, uma plataforma de criação e programação artística com uma forte vocação para trabalhos nas áreas das novas dramaturgias, da exploração de espaços não convencionais e de projectos com as comunidades.
Ficha artística e técnica:
TEXTOS Lígia Soares e Olinda Beja
DRAMATURGIA Graeme Pulleyn, Lígia Soares e Marcio Meirelles
ENCENAÇÃO Graeme Pulleyn e Marcio Meirelles
COMPOSIÇÃO MUSICAL Gonçalo Alegre / Gongori
CO-PRODUÇÃO MUSICAL Vanessa Faray
VÍDEO: REALIZAÇÃO E EDIÇÃO Leandro Valente
ELENCO Filipa Fróis, Gonçalo Alegre (Música) Marta Espírito Santo e Vanessa Faray
PARTICIPAÇÕES NO VÍDEO DE CENA Eugénia Vasques, Grupo de Soya da Família Camblé (Trindade, São Tomé), Grupo Etnográfico de Várzea de Calde (Viseu, Portugal)
CENOGRAFIA, FIGURINOS E DESENHO DE LUZ Marcio Meirelles
APOIO COREOGRÁFICO Cristina Castro
CONSTRUÇÃO DE CENÁRIO Ricardo Cavalcanti – RCD Produção de Arte
COSTUREIRA Fátima Magalhães
DESIGN, REGISTO FOTOGRÁFICO E VÍDEO Luís Belo
PRODUÇÃO EXECUTIVA Guida Rolo
Produção: CEM Palcos e Teatro Vila Velha
Estrutura Financiadora / Montagem e viagem: República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes
Financiamento: Município de Viseu – Eixo Cultura
Apoio: Museu de Arte da Bahia (MAB) e Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM)b/ Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) / Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT/BA) e Casa do Benin / Fundação Gregório de Mattos / Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura de Salvador (SECULT)