Entre as medidas de prevenção, destaca-se a importância do uso de preservativos masculinos ou femininos durante as relações sexuais
Em 1º de dezembro, o Dia Mundial de Luta Contra a Aids destaca a campanha ‘Dezembro Vermelho’, que visa conscientizar a população sobre prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV/Aids. Instituída pela Lei nº 13.504/2017, a campanha representa um notável avanço nacional na batalha contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), com foco especial no HIV.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil o número de pessoas vivendo com o HIV ultrapassa um milhão. Conforme indicado pelo Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, somente em 2022 foram registrados mais de 16,7 mil casos novos da infecção. A concentração predominante de casos de Aids no país está entre pessoas de 25 a 39 anos, com distribuição equitativa entre os sexos, sendo 52,4% do sexo masculino e 48,4% do feminino.
O Dr. Geraldo Duarte, presidente da Comissão de Doenças Infectocontagiosas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), esclarece que, em termos gerais, as manifestações clínicas da Aids em homens e mulheres são bastante semelhantes. No entanto, as manifestações relacionadas ao envolvimento genital são mais prevalentes nas mulheres, manifestando-se de maneira mais acentuada nessa área. Outro ponto a considerar é a menor incidência do sarcoma de Kaposi em mulheres.
“O teste para detectar a infecção pelo HIV é importante não somente para a mulher, mas para todos. O conhecimento de ser portador da infecção, permite que todas as medidas profiláticas comportamentais e medicamentosas sejam adotadas para evitar a disseminação da infecção. Outro ponto importante é a possibilidade de tratamento precoce, hoje liberado após o diagnóstico (Estratégia B + da Organização Mundial da Saúde), uma importante medida no combate à infecção pelo HIV. Por último, mas não menos importante, é que o exame da infecção pelo HIV para as mulheres abre a possibilidade de controlar a carga viral e evitar a transmissão do vírus da mãe para o filho, também chamada de transmissão vertical”, enfatiza o Dr. Geraldo.
Medidas de Prevenção
Entre as medidas comportamentais, destaca-se o sexo protegido, com ênfase no uso consistente de preservativos masculinos ou femininos. A desinfecção adequada de objetos eróticos partilhados também representa uma medida profilática significativa. No contexto do uso comunitário de drogas endovenosas, a orientação é o não compartilhamento de instrumentos como seringas e agulhas. Quanto à profilaxia medicamentosa, hoje existe a PrEP (profilaxia pré-exposição), que envolve o uso programado de medicamentos antirretrovirais. Para a PEP (profilaxia pós-exposição), a administração urgente de medicamentos antirretrovirais após uma situação/exposição de risco é essencial.
Transmissão vertical do vírus de mãe para filho
“O HIV pode infectar o feto ou recém-nascido, situação denominada de transmissão mãe-criança do HIV ou simplesmente transmissão vertical (TV) desse microrganismo. Ela pode ocorrer durante a gravidez (transmissão transplacentária), no momento do parto e também por meio do leite materno, durante a amamentação”, pontua o Dr. Geraldo.
Tratamento
O especialista da FEBRASGO destaca que, de fato, existem tratamentos eficazes com antirretrovirais. Atualmente, o esquema primário de escolha envolve a combinação de lamivudina (inibidor da transcriptase reversa), tenofovir (inibidor da transcriptase reversa) e dolutegravir (inibidor da integrase) . Caso haja intolerância a esse esquema, há outras opções de antirretrovirais igualmente eficazes. Ele enfatiza que todas as recomendações que contribuem para melhor “qualidade de vida”, como um sono reparador, uma alimentação saudável, a redução do estresse e a prática de atividade física, são importantes considerações que devem ocorrer paralelamente ao tratamento antirretroviral.
Desafios específicos que as mulheres enfrentam em relação ao estigma do HIV
“A discriminação contra as mulheres portadoras do HIV está longe de ser controlada e se manifesta no seio da família, no círculo de amigos e no trabalho. No seio da família ele existe em intensidades variadas e depende de cada família. No cômputo geral, mesmo sabendo do risco de discriminação orienta-se que a família e a parceria sexual devem saber do diagnóstico. O peso de um segredo desta dimensão considerando esta proximidade relacional é extremamente danoso sob todos os aspectos. No círculo de amigos acontece o mesmo que na família, existem amigos que aceitam e estimulam para o progresso, enquanto outros cortam as relações”, destaca o ginecologista.