Por Gerson Brasil
Clara, o dia está modorrento, suado e só faltam as pulgas; graças a deus, never more. Mas Ruiz convidou-me para fazermos sapinho. Você poderia me explicar que porra é essa?
Consultei a imaginação e alguns amigos e nada.
Vasculhei o Dicionário amoroso da psicanálise, de Roudinesco, escasso.
É de internet?
Por certo não está escrito nas estrelas, nessa época saltitam nas predições e outros sortilégios de místicos e cientistas de ocasião, aqueles de saber instantâneo.
Certa vez namorei um cavalheiro e, ao fim da semana, de súbito, disse que precisávamos fazer uma DR.
Entrei em pânico, mas me saí bem, cravei um “Al di la, del bene piu prezioso, ci sei tu”. Findo o argumentatio, fugidio, corri para Angélica, tranquilizou-me; nos seus 1,83, loira, atiçada e no entendimento de alguns deixou a vergonha dobrar a esquina.
Difícil cravar, mas, presumidamente, chovia, não houve tempo de alcança-la.
Boba!!! Os homens sempre dizem isso, é uma espécie de verniz cultural, derivado da terapia de casal.
Conhece?
Se sentem vaidosos, modernos e cultos.
DR é discutir a relação.
Mas que relação? A de liquidificador?
A companhia não chegou a contar dez dias, ainda bem.
Na semana não mais vista, faz algum tempo, a sorte se fez presente, enquanto o sonecão do gato escutava a Sonata nº 1 de Bach em Sol menor, BWV 1001, e uma graça me alcançou com um minete, bem quisto, executado com perfeição; (adágio, fuga –allegro -, siciliana e presto).
Mantive-me hirsuta, o incentivo a retroceder ao ano de 1920; dias gloriosos, após a primeira guerra mundial. Nem precisei pedir a Papai Noel, estava afoito montando a consciência de classe para distribuir; vermelho, disse: não há tempo a perder. Ora pro nobis, senhor.
Sobre a ilustração – Annalise Batista lançou esta imagem “Garota Pin Up dos anos 40-50” sob licença de Domínio Público.