Idade intermediária entre a maturidade e a velhice.
Momento correspondente ao Outono da existência.
Tempo que marca a outonização da vida, caracterizada pela mudança de tons e cores, que, num degradê do amarelo, passando pelo laranja, vermelho, grená até o marrom, vão tingindo de intensidade os sentimentos, vividos e não vividos, desejos realizados e escondidos, anseios lícitos e transgressores e as frustrações legítimas e as impostas.
Processo de reinvenção da vida, de busca determinada de sonhos adiados, mas ainda possíveis, de projetos arquivados mas ainda viáveis, de desejos enclausurados, impronunciados, inviabilizados e invizibilizados.
É a fase que nos damos conta de que passamos por muitas experiências e principalmente a mais importante delas, escapamos da morte prematura, da expectativa de morrermos jovens. E aí, quando essa possibilidade não aconteceu, o caminho se desdobrou, surgiram novas retas e curvas surpreendentes, e pinta no horizonte urgente a necessidade de vivermos jovens em plena velhice.
Eu diria que a envelhecência é a esquina da vida quando decidimos zerar a caminhada e nascermos melhores para um novo tempo que se descortina.
Descobri que estou vivendo com determinação e empenho uma idade de transição. Plena de ideias, desejos, sonhos, planos, de fogo, tesão e sede de viver o desconhecido e atualização do modelo que escolhi para mim quando pensava que a vida acabava aos 50 anos.
Aí me reinventei, juntei a minha experiência ao destemor de rever minhas crenças, ideias, conceitos, preconceitos, filosofia de vida e de morte. Comecei a investir na perda do medo, das expectativas, das conveniências, das alianças e desancorei os pés e os sentimentos, elegi as incertezas e as descobertas meu novo norte e parti para a vida com leveza e sonhos.
As pedras que carreguei, tão pesadas, transformei em balões coloridas ávidos de ganhar os ventos e viajarem para outras terras. Ao planejamento ofereci a oportunidade de virar o leme e se deixar viajar pelas correntes marinhas e assim descobri terras encantadas, maravilhosamente surpreendentes, às previsões ofereci a possibilidade de descobrir que a vida é hoje.
Em sendo assim, me tornei navegante da minha própria história, livre ao sabor dos ventos e das marés de encantamento e beleza. Aos desapontamentos que surgirem vou creditar como antevisões das maravilhas que estão por vir.
E assim me permitir envelhecer ou maturar como uma fruta que sistematiza toda sua doçura, e torna-se prêmio do bem viver. E um dia morrer, mas morrer como quem se encanta e evapora e volatiza um perfume doce e suave.