O aumento dos casos de dengue em todo o país gera uma busca desenfreada por maneiras seguras de se proteger da picada do Aedes aegypti. Nas farmácias, as vendas de repelentes dispararam, bem como seus valores. Segundo a Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan), algumas redes registraram aumento de até 340% nas vendas entre os meses de novembro de 2023 e janeiro deste ano. Em meio a esse cenário, gestantes e puérperas têm muitas dúvidas, pois a proteção para essas mulheres precisa ser segura também para seus bebês. E uma das dúvidas é: gestantes recém-nascidos podem usar repelente?
O médico dermatologista Theodoro Habermann Neto, do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), esclarece que, segundo critérios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tanto as gestantes quanto os bebês podem usar repelentes, desde que estejam registrados pelo órgão e que as instruções de uso descritas na embalagem sejam seguidas, uma vez que podem variar conforme o a concentração da fórmula e seu princípio ativo.
“Alguns estudos e pesquisas científicas sugerem que, para as gestantes, os repelentes à base de DEET (N-Dietil-m-toluamida), os mais vendidos no mercado, são mais seguros. A aplicação deve se restringir a três vezes ao dia. No entanto, este princípio não é recomendado para menores de dois anos. Já entre crianças de dois a 12 anos, a concentração tem de ser de no máximo 10%. Acima disso, o uso é permitido para crianças a partir dos 12”, explica o especialista.
Segundo Habermann, o mercado oferece repelentes a base de icaridina e IR3535, além de óleos essenciais à base de citronela; porém, não há estudos que comprovem sua segurança para o uso por parte de gestantes e bebês.
O médico também ressalta que ler as embalagens é essencial, pois elas trazem informações sobre os casos em que o produto é contraindicado.
Para gestantes que utilizam hidratante, ele lembra que já existem produtos com as duas funções – hidratação e repelente. Mas, caso a preferência seja usá-los separadamente, a ordem correta deve ser primeiro o repelente, esperar que ele seque na pele e, depois, o hidratante por cima, para que possa selar o protetor. “É importante evitar os exageros e, em caso de alergia, suspender imediatamente o uso e procurar um dermatologista credenciado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia”, orienta.
Ambiente
O uso de inseticidas em spray e aerossol são boas opções para repelir insetos. “A recomendação é aplicar no ambiente antes de entrar, para que não haja perigo de intoxicação. Para os bebês, a tela mosquiteira e roupinhas longas ajudam na proteção”, destaca o médico.
Os repelentes de aparelhos elétricos ou espirais não devem ser usados em áreas de pouca ventilação, nem na presença de pessoas asmáticas ou com alergia respiratória, pois podem piorar os quadros alérgicos. O recomendado é que estejam, pelo menos, a dois metros de distância das pessoas. Já os inseticidas naturais, à base de citronela, andiroba e óleo de cravo, não possuem comprovação de eficácia e nem aprovação pela Anvisa até o momento. Por isso, é bom não utilizá-los.
“A prevenção mais eficaz contra a dengue continua sendo a eliminação dos focos de proliferação dos mosquitos. É importante que a população verifique de forma adequada o armazenamento de água, o acondicionamento do lixo, elimine recipientes sem uso que possam acumular água ou os mantenham virados de cabeça para baixo, para evitar os criadouros do mosquito. Essas prárticas, em conjunto com as ações municipais de cuidados com coleta de lixo, fiscalização, dentre outras, é que surtirão os maiores efeitos para manter a saúde”, conclui Habermann.