No próximo dia 19 de outubro, equipe de Salvador irá à capital carioca para um grande mutirão de matrículas, que já conta com cerca de 600 pré-inscritos
Há seis anos, a primeira instituição educacional infantil afro-brasileira cadastrada no Ministério da Educação – que tem um ensino afro-referenciada, decolonial, que valoriza a diversidade e carrega o nome de uma referência histórica de força, luta e liderança, como compromisso à ancestralidade africana -, a Escola Afro-brasileira Maria Felipa, atualmente localizada no bairro do Garcia, em Salvador, está expandindo e irá ocupar o subúrbio do Rio De Janeiro, com uma unidade no bairro Vila Isabel, com capacidade para mais de 300 estudantes.
No próximo dia 19 de outubro, a equipe administrativa de Salvador irá à capital carioca para inauguração e mutirão de matrículas, que já conta com cerca de 600 pré-inscritos. Com turmas que vão do infantil ao fundamental e uma educação trilíngue (brasileiro, inglês e libras), a Escola – criada em 2017 por Bárbara Carine, idealizadora e consultora pedagógica da instituição, no processo de adoção de sua filha, uma criança negra – conta como sócia a empresária e dançarina Maju Passos. No Rio de Janeiro, se junta a elas a atriz Leandra Leal.
Para Bárbara Carine, a chegada da Maria Felipa no Rio de Janeiro é um passo muito importante para o processo de nacionalização do projeto didático-pedagógico. “Levarmos a Escola para o Rio de Janieto, que tem mais da metade de sua população negra é comtribuir para a luta antirracista, que dentre as suas contribuições está um projeto educacional para a equidade. Temos sido bem acolhidos e uma procura muito grande, algo que nunca tivemos em Salvador, esperamos que todo sucesso na capital carioca reverbere em matrículas também da Bahia”.
Maju Passos realça que, apesar de todo reconhecimento (na imprensa, nas mídias sociais e pela categoria educacional) e das premiações conquistadas – finalista na Categoria Educação do prêmio Sim à Igualdade Racial do ID_BR (2019), Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero (2022), Prêmio internacional – World’s Best School Prizes (2022), etc. -, “isso não corresponde ao número de matrículas dentro da nossa escola em Salvador, temos hoje menos de oitenta por cento de alunos do que a nossa capacidade total”.
Parceria
A aproximação com Leandra Leal acontece em 2023, após a atriz convidar Bárbara Carine para jantar. “Depois desse encontro, ela trouxe a filha Juju, uma criança negra, para passar uma semana em nossa Escola. Ela e o esposo ficaram mais encantados pelo projeto que desenvolvemos. No mês seguinte já estávamos as três sócias reunidas, a falar da expansão para o realidade no Rio de Janeiro”, relembra.
A unidade carioca receberá toda a metodologia decolonial criada nos últimos 06 anos em Salvador. “A ideia inclusive é que as equipes estejam em diálogo o tempo todo, cada uma respeitando a realidade local, pois um dos nossos objetivos enquanto Escola é o respeito à diversidade cultural e étnica-racial”, afirma Maju Passos.
Caminhos
A instituição surge para promover uma educação escolar que estivesse fora dos marcadores historiográficos eurocêntricos e subalternizados de existências não-brancas, ao perceber que esse lugar não existia. E essa promoção está em toda organização didático-pedagógica da Escola Maria Felipa, desde cada turma que é nomeada por um reino/império africano que norteará os estudos dos grupos, sendo eles, Império Inca (G2 – 02 anos), Reino Daomé (G3 – 03 anos ), Império Maia (G4 – 04 anos), Império Ashanti (G5 – 05 anos) e Reino de Mali (1° ano fundamental).
Dentro da sua metodologia, a Escola desenvolve uma série de outras atividades didática-pedagógicas afroreferenciadas, como “Afrotech – Feira de Ciência Africana e Afrodiáspórica”, “Mariscada – Mostra artístico-cultural decolonial”, “Formatura no Quilombo”, “Decolônia de Férias” (ações durante o período de férias escolares), “Festival artístico educacional Avante Maria Felipa”, entre outros.
Para além da educação infantil, a Escola Maria Felipa oferta também a “Afroeducativa – Formações Pedagógicas para as Relações Étnico-raciais”, destinada à formação de profissionais interessados na temática, consultorias para entidades de setores públicos e privados preocupados com a superação do racismo nos diferentes complexos sociais. Para esse público, é oferecida ainda a “Afrovivência”, uma vivência pedagógica de educadores e educadoras.
Bárbara Carine diz estar muito feliz pela projeção que a Escola Afro-brasileira Maria Felipa tem alcançado no país, para além dessa chegada no sudeste, fisicamente e estruturalmente como escola. “É raro vermos uma instituição educacional ter mais de 100 mil seguidores no Instagram. Pesquisadores e pesquisadoras do país realizam trabalhos e investigações de graduação, mestrado e doutorado em torno da nossa escola. É algo muito pioneiro e singular, o que faz ter essa valorização, mas infelizmente isso não reverbera em autossustentação econômica”.
Adote
A Escola Afro-Brasileira Maria Felipa realiza desde o primeiro ano da sua existência a Ação de responsabilidade social “Adote um Educande”, para oportunizar um ensino emancipador para crianças negras e /ou indígenas em situação de vulnerabilidade social. Todo o valor arrecadado é destinado ao custeio de bolsas de estudos e dos materiais didáticos pedagógicos e aconselhamento psicológico a cada criança contemplada.
A EMF, que carrega o nome de Maria Felipa, mulher preta, combatente importante na Independência do Brasil ba Bahia, é um projeto que transforma sonho em realidade ao construir um espaço escolar que resgata os conhecimentos ancestrais combatendo o eurocentrismo e a colonialidade do ser, do poder e do saber, inovando a educação com uma metodologia decolonial e afrocentrada, voltado a todas crianças.
Serviço
O quê – Escola Afro-brasileira Maria Felipa inaugura unidade no Rio de Janeiro | Mutirão de matrícula
Quando – 19 de outubro, manhã e tarde, a partir das 08h
Onde – Avenida 28 de setembro, 118 – bairro Vila Isabel
Turmas oferecidas – Império Inca (G2 – 02 anos), Reino Daomé (G3 – 03 anos ), Império Maia (G4 – 04 anos), Império Ashanti (G5 – 05 anos) e Reino de Mali (1° ano fundamental)