Por Ildo Simões
Deus não veio pra ser político, mas deu um golpe de político do baixo clero. Inventou a água e o ar e como já tinha feito a terra criou os jardins com plantas, algumas frutíferas para alimentar a próxima invenção que viria depois do segundo absinto: os bichos. Muito tempo viveram estes seres em harmonia absoluta, até que resolveu tomar a terceira dose de absinto, inventou esta criatura bípede, falante, com sistema nervoso dirigido pra fazer maldade. Aí o mundo virou uma confa. As árvores começaram a perder terreno e os bichos também. Queriam vestir-se, alimentar-se além da conta, e o pior, procriar que inspirou mais tarde Josué de Castro em sua Geopolítica da Fome a dizer que os pobres procriavam muito fabricando proteína de baixo valor, tentando compensar pela quantidade. E os degenerados inventados pelo consumidor de absinto, comem sem fome, bebem sem sede e fornicam (se deixar) o dia todo e com quem lhe aparecer pela frente, originários de uma estátua de barro que exposta ao sol, literalmente se abriu.
Estando já na enésima dose de absinto começou a inventar ‘coisas’ à primeira vista sem importância aparente, mas dum alto poder destrutivo: a serra elétrica, o fogo e o sal, no que a comida ficou mais apetitosa. Ah! ia esquecendo: inventou também os políticos. Aí, adeus jacarandá, adeus mico leão dourado, tamanduá, peroba, mulungu, vinhático, onça pintada.
– Deus oh deus! Onde estás que não respondes!
-Fala baixo, turma da vela e da água benta. Tou aqui escondido retalhado nas centenas de cultos, alguns mais milagrosos que eu.
-Quosque tandem sibilatorius novissimus!! Cala-te oh pá!!
Estou respondendo num latim que inventei agora