As primeiras atividades ocorrem de 19 a 24 de março, com espetáculos de rua e em espaços alternativos.
Após seis anos, o Festival Maré de Março volta a ocupar ruas e espaços culturais alternativos da cidade de Salvador. Em sua quinta edição, com realização da Arraial e tendo a Casa Preta Espaço de Cultura como sede oficial, o Festival começa suas atividades com uma programação presencial de 19 a 24 de março, composta por 10 espetáculos, sendo três convidados e sete escolhidos por meio de chamada pública.
Desde a sua primeira edição, em 2013, o Maré de Março traz uma programação de espetáculos que se apropriam dos espaços públicos, numa relação direta com a rua e com a cidade, assim como em espaços adaptados, como casarões, museus ou bibliotecas, nunca num teatro convencional. O diretor geral do festival, Gordo Neto, pontua que as montagens nesta poética colocam os espaços enquanto dramaturgia e “a relação com o público se dá em convenções acordadas durante as apresentações, chegando, por vezes, a borrar as fronteiras entre cena/palco e plateia”.
Com três montagens convidadas, selecionadas pelos seus diretores, Gordo Neto e Caio Rodrigo, o festival celebra a excelência de trabalhos de grupo com décadas de existência e grande relevância no cenário do teatro de rua nacional, a saber: Os grupos potiguares Clowns de Shakespeare, Asavessa e Facetas com o espetáculo de teatro de rua “Ubu – O Que é Bom Tem Que Continuar!”, dia 19 de março, , 20h, no Cruzeiro de São Francisco; A companhia baiana Teatro Popular de ilhéus, com o espetáculo “Borépeteī, Uno”, dia 20 de março, às 20h, na Praça Municipal e por fim, o Grupo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, com performance cênico musical “Violeta Parra, Uma Atuadora”, com atuação de Tânia Farias na Casa Preta, Bairro 2 de Julho, às 19hs.
Além das produções convidadas, a mostra presencial é composta ainda por sete espetáculos de teatro e circo, além de show musical, escolhidos por meio de uma chamada pública, ocorrida em janeiro de 2024, com a curadoria da artista do corpo e da palavra Mônica Santana (Isto Não é uma Mulata, Sobretudo Amor e Uma Leitura dos Búzios), o bailarino e coreógrafo Antrifo Sanches (atual diretor da Escola de Dança da UFBA), além dos diretores da quinta edição do Maré de Março, Caio Rodrigo e Gordo Neto.
Das mais de 50 obras inscritas, foram selecionadas: “Biblioteca de dança”, do grupo Dimenti; o solo “Das ‘Coisa’ Dessa Vida…”, com o ator Ricardo Fagundes; as performances de dança e acrobacia “Esfera” e Roda Cyr, da multiartista Pauline Zoé; Mais um Gol de Cabeça – Mário Falcão e Johann Alex de Souza; a peça “Histórias do Mundão”, do grupo soteropolitano Chegança Atelier Cultural; a peça “Museu do Que Somos”, do grupo de artistas gays CORRE Coletivo Cênico; e o espetáculo de rua “Rominho e Marieta”, dirigido pela diretora sergipana radicada em Salvador, Letícia Aranha. Mais sobre a programação: www.festivalmaredemarco.com.br
Voltando uma atenção especial para a acessibilidade em cenários de apresentações artísticas, o festival promoverá formação da equipe através de Consultoria em Acessibilidade realizada pelos artistas e professores da Universidade Federal da Bahia, Edu O. (cadeirante) e Natália Pinto da Rocha Ribeiro (Deficiente visual), visando transmitir e multiplicar conhecimentos sobre a construção de um ambiente acessível, ampliando o vocabulário e o espectro de atitudes específicas no trato de pessoas com deficiência.
As apresentações dos espetáculos contarão com visita guiada sensorial e com descrição detalhada dos aspectos visuais para atender às necessidades específicas das pessoas com deficiência visual, assim como com intérprete de libras para deficientes auditivos. Para tanto, contaremos com a parceria da Pense em Libras (@penseemlibras), na pessoa de Gabriela Mattos. Contaremos ainda, em todas as apresentações do festival, com a presença de um acompanhante terapêutico para facilitar o trato de pessoas com dificuldades psicossociais e motoras, efetivando a parceria com @desenvolverbahia.
O Maré de Marco funcionará também como “vitrine” para os espetáculos participantes, que serão assistidos por dois curadores de importantes festivais do Brasil, a fim de vislumbrar e prospectar possibilidades de participação em seus festivais ou indicá-los a outros. Os curadores Francisco Pellé, do Festival de Teatro Lusófono (FestLuso) e Danielle Hoover Rodrigues Costa, do Festival de Circo do Brasil, irão participar ainda de uma roda de conversa, apresentando aos artistas locais os seus respectivos festivais.
Festival
Além da Mostra Presencial, o projeto contará em seu site oficial com uma Mostra Virtual. Seis espetáculos, selecionados através de chamada pública, serão disponibilizados durante o mês de abril de 2024. O site também hospedará um catálogo de espetáculos baianos, tanto para o público quanto para possíveis curadores interessados na produção local.
Já no mês de maio, o Festival Maré de Março em parceria com a Cia de teatro Avatar (que realiza o Festival de Teatro da Caatinga) e o Teatro Terceira Margem irá desenvolver uma série de atividades de intercâmbio com a realização de mesas redondas (gestão e produção de festivais), rodas de conversas, oficinas de processos criativos em grupo e apresentações presenciais de espetáculos – A Travessia do Grão Profundo, dirigido por Paulo Atto (Cia Avatar), e [sem]Drama com interpretação e direção de Caio Rodrigo (Teatro Terceira Margem) e Gordo Neto, ambos apresentam-se na Casa Preta, sede do Festival.
O diretor artístico do Maré de Março, Caio Rodrigo, fala que “o principal objetivo é promover produções que priorizem a pesquisa e criação estética em espaços não convencionais, colaborando para uma ocupação mais criativa e democrática das ruas e espaços alternativos da cidade, colocando o espaço público como provedor de entretenimento e reflexão”.
Ao colocar uma programação que traz espetáculos ao ar livre e em espaços não convencionais, o Festival Maré de Março contempla os transeuntes, oportunizando um público que não frequenta o edifício teatral, pulverizando as atividades em bairros distintos, ampliando de maneira significativa o acesso às produções teatrais.
Retomar um festival que teve sua última edição em 2017 é um passo importante para que se consolide como um evento calendarizado da cidade. “Acreditamos ser oportuno e importante a realização de um projeto que priorize os grupos e artistas locais, além de uma programação heterogênea realizada em março, mês em que se comemora o Dia Nacional do Circo e Dia Mundial do Teatro”, enfatiza Gordo Neto.
Além da direção geral de Gordo Neto e a direção artística de Caio Rodrigo, o Maré de Março conta com a direção de produção de Ramona Gayão, produção executiva de Raquel Bosi e a coordenação técnica do iluminador e professor da UFBA, Pedro Dultra Benevides.
Caminhos
O Festival Maré de Março tem sua primeira edição em 2013, realizada sem apoio financeiro. Já a segunda edição, em 2015, por meio de edital público da Prefeitura de Salvador, com uma programação composta por 10 espetáculos participantes, entre eles uma atração internacional. Em 2016, o festival aconteceu em diversos bairros da cidade, contou com seis shows, sete espetáculos teatrais, uma mostra, uma oficina, além de um debate, e foi realizado por meio de apoio e parcerias com grupos, espaços alternativos, artistas e técnicos. A quarta e última edição ocorreu em 2017, com o apoio do Governo do Estado da Bahia.
Em 2024, o Festival Maré de Março – Ano V foi contemplado pelo edital Gregórios – Ano III, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador, e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal.