Temas intergeracionais e LGBTQIAPN+, questões raciais negras e indígenas e de cultura periférica despontam entre os 9.389 projetos inscritos, dos quais foram selecionados 100. Entre as expressões artísticas, estão à frente audiovisual, música, teatro, artes visuais e literatura. A região Nordeste é a que teve mais contemplados, seguida pela Sudeste e Norte.
Com novo formato, que foca somente em projetos de criação artística relacionados à arte e à cultura brasileiras, a 20ª edição do Rumos Itaú Cultural, um dos mais importantes editais privados do Brasil, segue firme como antena para as questões contemporâneas brasileiras. Dos 9.389 projetos recebidos de todo o país, foram selecionados 100 abrangendo os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal e que impactam todas as regiões.
Entre a ampla diversidade de propostas, neste ano despontam temas intergeracionais, ampliam-se os assuntos que tratam de questões LGBTQIAPN+ – com especial atenção para a seleção de proponentes trans –, de temáticas raciais – principalmente de negritude e indígenas – e de cultura periférica.
Em uma inflexão na distribuição nacional de propostas recebidas e selecionadas, a região Nordeste, com 23,4% dos inscritos, é a que soma mais contemplados: 41%, do total. Na sequência está o Sudeste, totalizando 29% dos selecionados – para 53,3% de inscritos – e o Norte, com 12% projetos escolhidos e 5,2% das inscrições.
Considerando os estados com maior número de contemplados, o Rio de Janeiro desponta na frente com 13% do total. Trata-se de uma variação pequena em relação aos seguintes: Bahia e São Paulo com 12%, cada um, e Pernambuco, 11%. Pelo menos 28% dos projetos selecionados são de cidades do interior dos estados, 5% do Distrito Federal e 67% têm origem nas capitais.
“Os dados desta edição comprovam que estamos sensíveis às questões fora do eixo sudestino. É um trabalho gradual que, aos poucos, vai gerando resultados”, observa Jader Rosa, superintendente do Itaú Cultural. “Pensando em um panorama ampliado, as variadas ações que desenvolvemos – por exemplo, as caminhadas para tirar dúvidas do edital e manter o diálogo com o público, as ofertas de programas de formação para o desenvolvimento de artistas e agentes culturais, entre outras – impactam o resultado que vemos agora”, conclui.
O segmento audiovisual foi o que teve mais projetos selecionados, 18% do total. De teatro são 16%; 14% de música e de artes visuais; e 10% de literatura, só para mencionar os cinco primeiros. Como se vê em todas as edições, as temáticas apresentam grande diversidade, desta vez, chamou a atenção a chegada de mais projetos intergeracionais – são 13, vindos de São Paulo, Bahia, Distrito Federal, Amapá, Piauí, Rio de janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.
Outros 18 projetos (BA, RJ, SP, PA, AM, CE, MA, PR, PE e SE) referem-se a temas LGBTQIAPN+. Nesta edição, por exemplo, seis proponentes selecionados – e inscritos como pessoa física – se declararam pessoas trans. Ainda, 57 visam assuntos raciais: 38 voltam-se para a negritude, 15 para a indígena e quatro para a asiática. Também se observa a chegada de mais projetos referentes às culturas periféricas, nove no total.
“O resultado desta edição do Rumos representa toda a diversidade de projetos que foram inscritos e, mais uma vez, demonstra afinidade com as questões contemporâneas que estão no centro dos debates”, diz Valéria Toloi, gerente de Formação do Itaú Cultural. “A mudança de foco do edital permite que o artista tenha espaço para criar e isso se reflete na lista final, com projetos que vão da elaboração de roteiro, montagem de espetáculos, gravações de discos“.
Formato
Como já foi anunciado, a partir desta edição o Rumos passou a aceitar somente projetos de criação artística relacionados à arte e cultura brasileiras – quaisquer ações ou etapas criativas para o desenvolvimento do projeto que pode ser concebido em qualquer tipo de suporte, formato ou mídia, nas seguintes linguagens: arte e tecnologia, artes visuais, design, arquitetura, moda, gastronomia, audiovisual, circo, dança, literatura, performance, música, teatro, games e HQ.Seleção
A forma de seleção dos projetos desta edição foi mantida em três etapas. A primeira, foi a de avaliação. Neste momento, todas as inscrições válidas foram analisadas pelos integrantes da comissão de avaliação do Rumos Itaú Cultural. Coube a eles avaliarem os projetos que atendem, em parte ou integralmente, os critérios norteadores do programa.Na segunda etapa, a de seleção, todos os trabalhos aprovados anteriormente foram analisados pela comissão de seleção, considerando a singularidade (criatividade, inovação, experimentação e contemporaneidade), relevância, (abrangência, potencialidade, referência e representatividade) e consistência (conceituação e viabilidade). Por fim, os projetos selecionados ali, passaram pela etapa de viabilidade técnica, jurídica e orçamentária.