O cinema como ato de luta leva para plataforma oito filmes de curtas-metragens em um recorte exclusivo selecionado da programação da 17ª edição do Festival Visões Periféricas. Ainda, será anunciado o vencedor do Prêmio Itaú Cultural Play, entregue pela primeira vez no mercado audiovisual, escolhido entre 14 curtas-metragens que integram a mostra competitiva do festival, Fronteiras Imaginárias
Em mais uma parceria com o Festival Visões Periféricas, que está em sua 17ª edição, de 21 de março (quinta-feira) a 1 de abril (segunda-feira) a Itaú Cultural Play disponibiliza em seu catálogo a mostra exclusiva de curtas-metragens O cinema como ato de luta. Produzidos por realizadores independentes de diferentes estados do Brasil, chegam à plataforma como parte da programação online e oficial do evento, realizado de forma presencial de 20 a 24 de março, no Rio de Janeiro, e em seguida de forma online, nos dias 25 e 26 através do site do festival www.visoesperifericas.org.br.
A curadoria de O cinema como ato de luta é de Wilq Vicente – realizador, educador, curador, produtor pesquisador de narrativas audiovisuais da periferia e organizador do livro: Quebrada? Cinema, vídeo e lutas sociais (2014, Cinusp) – e de Quézia Lopes, cineasta, arte-educadora e pesquisadora em cinema negro curta-metragista contemporâneo, diretora, roteirista e produtora executiva.
As oito produções que eles escolheram para exibição na IC Play são: Batalhas da Ilha, de Lucas Silva; Cacica – a força da mulher Xavante, de Jade Rainho e Carolina Rewaptu; Dia de Preto, de Beto Oliveira; Impedimento, de Renata Baracho; Me enxergo quando te vejo, de Guilhermo Alves e Michelle Brito; On: Uberização – o que você não vê, de Vinicius Ribeiro; (Sub)urbana, de Vini Poffo e Surreal, de Joyce Prado.
Os filmes – e todo o catálogo – podem ser acessados gratuitamente pelo site www.itauculturalplay.com.br e em smartphones Android e IOS e Chromecast.
Prêmio Itaú Cultural Play
A novidade é a entrega do Prêmio Itaú Cultural Play para um dos 14 curtas-metragens que integram e competem na mostra Fronteiras Imaginárias do festival. O vencedor será anunciado no domingo, 24 de março, e receberá um valor pelo licenciamento da exibição do filme na plataforma Itaú Cultural Play, por 24 meses, além de certificado. A entrega da premiação será realizada presencialmente, na Estação Net Botafogo, sala 1, a partir das 18h30.
O cinema como ato de luta
Seguindo o perfil do Festival Visões Periféricas, os filmes que chegam à Itaú Cultural Play trazem um panorama da produção audiovisual feita por cineastas que vivem nas múltiplas periferias brasileiras: sociais, territoriais e existenciais. Entre documentário, ficção científica e drama, eles foram realizados no Maranhão, Mato Grosso, São Paulo, Alagoas, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Dirigido por Lucas Silva, o documentário Batalhas da Ilha (MA), trata do desenvolvimento do hip hop nos bairros periféricos da cidade de São Luís. A capital maranhense acompanha o crescimento das batalhas de rima. Importante não apenas para o lazer e a economia local, este ritmo musical abre oportunidades para jovens artistas. O documentário poético-musical Cacica – a força da mulher Xavante, de Jade Rainho e Carolina Rewaptu (MT), apresenta a história de Carolina Rewaptu, liderança indígena considerada a primeira cacica brasileira, sobrevivente de um dos maiores massacres e disputas territoriais do norte do estado mato-grossense.
Também em forma de documentário, o curta-metragem Impedimento (AL), de Renata Baracho, evidencia a vida de mulheres apaixonadas por futebol, na terra da Rainha Marta, no Estádio Rei Pelé. Por outro lado, o documentário carioca, On: Uberização – o que você não vê, dirigido por Vinicius Ribeiro, revela a crise estrutural do capital e do neoliberalismo em relação aos trabalhadores. O filme mostra como o sistema de uberização opera a partir de menos direitos sociais e mais precarização nas relações de trabalho. Além disso, revela as perspectivas dos trabalhadores que convivem com tais mudanças e como fazem para resistir.
O quinto documentário da mostra Surreal (SP), dirigido por Joyce Prado, retrata o cotidiano da artista do grafitte Nenesurreal, com relatos imersos em sua intimidade, que revelam as suas diversas facetas e acompanham o seu processo criativo. A mostra conta também com a ficção científica Dia de Preto (SP), de Beto Oliveira. O filme leva o público a um futuro despótico, onde Carolina se prepara para o Dia de Preto, ou Dia de Zumbi dos Palmares, única data na qual as pessoas negras podem sair livremente para celebrar sua negritude. A dúvida é como uma mulher preta de 65 anos pode ficar bonita para um dia especial no lugar em que seu filho foi morto por um segurança na frente de um shopping.
O drama Me enxergo quando te vejo (SP), de Guilhermo Alves e Michelle Brito, narra a história de Gabriel, que mora com sua avó e seu filho pequeno. Ele é o pilar de sua família, por meio de seu sustento que vem de lavagens de carros na periferia paulistana. O rapaz se encontra em um momento de ascensão social, por ter sido recém aprovado em um concurso público, para ocupar um cargo na escola onde sua mãe trabalha – ela faxineira, ele professor. Ao mesmo tempo, o personagem se sente invisível e passa a duvidar de sua capacidade e do seu direito de ocupar seu lugar no mundo. O drama catarinense (Sub)urbana, de Vini Poffo, traz luz ao sonho da operária de fábrica Luara. Entre seu trabalho e o desejo de brilhar no universo teatral, ela se questiona se será capaz de conquistar seus objetivos na cidade em que vive.
17º Festival Visões Periféricas
O Festival Visões Periféricas é um projeto singular que amplia, por meio da exibição de filmes e laboratório de desenvolvimento de projetos, o espectro de visões sobre espaços periféricos brasileiros a partir do olhar de quem vive o seu cotidiano. Anualmente, o Festival assume a missão de: exibir um painel de filmes representativos das múltiplas periferias brasileiras; revelar uma geração de jovens realizadores que representem essa diversidade; desenvolver projetos de audiovisual orientados ao mercado; promover debates que estimulem uma reflexão a respeito da relação entre audiovisual, educação mercado e diversidade. O conceito de periferia no festival é abrangente e inclui desde filmes de realizadores de comunidades quilombolas, aldeias indígenas, favelas, negros e mulheres.
A edição deste ano do festival acontece no Estação Net Rio, Estação Net Botafogo e CineCarioca Nova Brasília.
SERVIÇO:
Mostra O cinema como ato de luta
De 21 de março (quinta-feira) a 1 de abril (segunda-feira)
Em: www.itauculturalplay.com.br
Gratuito
Batalhas da Ilha
(Maranhão, 2021)
Direção: Lucas Silva
Duração: 12 minutos
Classificação indicativa: para maiores de 10 anos (Linguagem imprópria) – com autoclassificação
Cacica – a força da mulher Xavante
(Mato Grosso, 2022)
Direção: Jade Rainho e Carolina Rewaptu
Duração: 20 minutos
Classificação indicativa: livre – com autoclassificação
Dia de Preto
(São Paulo, 2023)
Direção: Beto Oliveira
Duração: 19 minutos
Elenco: Marta Joana, Iza França, Lucia Teodoro, Carmem Montebelli, Tita Müller, Luciana Felipe, Juliana Oliveira, Wilma Ferraz, Elisabete Emerenciano Baptista Barbosa, Helena da Silva Mendes, Ediana Maria de Arruda Raetano, Ana Carla, Cleidiane, Nilza Salomão, Miranda Carvalho, Primo, Ras e Djalma Ferraz
Classificação indicativa: para maiores de 12 anos (Descrição de violência) – com autoclassificação
Impedimento
(Alagoas, 2023)
Direção: Renata Baracho
Duração: 22 minutos
Elenco: Amanda Balbino, Brigida Cirilo Ferreira, Charlene Araújo, Fernanda Lins, Pei Fon e União Desportiva Alagoano
Classificação indicativa: para maiores de 12 anos (Linguagem imprópria) – com autoclassificação
Me enxergo quando te vejo
(São Paulo, 2022)
Direção: Guillermo Alves e Michelle Brito
Duração: 18 minutos
Elenco: Guillermo Alves, Teka Romualdo, Luis Navarro e Rosana Maris
Classificação indicativa: para maiores de 10 anos (Linguagem imprópria) – com autoclassificação
On: Uberização – o que você não vê
(Rio de Janeiro, 2023)
Direção: Vinicius Ribeiro
Duração: 20 minutos
Classificação indicativa: livre – com autoclassificação
(Sub)urbana
(Santa Catarina, 2023)
Direção: Vini Poffo
Duração: 20 minutos
Elenco: Dudazone, Ana Miranda, Daniela Gomes e Patrícia Abelson
Classificação indicativa: para maiores de 10 anos (Angústia) – com autoclassificação
Surreal
(São Paulo, 2023)
Direção: Joyce Prado
Duração: 18 minutos
Classificação indicativa: para maiores de 12 anos (Linguagem imprópria) – com autoclassificação