Trabalhadores estão em busca de profissões que estejam mais alinhadas com seus interesses pessoais e o propósito de vida, afirma especialista em desenvolvimento profissional
Shirley Fachetti é massoterapeuta desde 2021, mas, por muito tempo, atuou na área administrativa de um hospital público. Após a pandemia da Covid-19, insatisfeita com a rotina de trabalho exaustiva e com o salário que recebia, decidiu mudar de profissão.
“Eu trabalhava nove horas por dia e só ganhava um salário mínimo, estava estafada. Durante acompanhamento psicológico eu lembrei de duas paixões, que eram a gastronomia e a massoterapia. Eu estudava fisioterapia e fui incentivada pela minha terapeuta a comprar uma maca e outros itens para trabalhar com massoterapia. Por um tempo eu posterguei porque pensei que não conseguiria clientes, mas, conforme fui trabalhando na minha confiança, eu comprei a maca e comecei a atender. Hoje meu negócio cresceu e estou realizada profissionalmente”, conta a massoterapeuta.
Assim como a Shirley, centenas de brasileiros buscam por satisfação profissional e arriscam-se a explorar novas oportunidades em outras áreas de atuação. Uma pesquisa realizada pela plataforma de oportunidades profissionais Infojobs, entre abril e junho de 2024, com 832 profissionais anônimos, por meio de formulário online, revela que 50,8% dos participantes já realizaram uma ou mais transições de carreira, enquanto 49,2% ainda não passaram por essa experiência. Entre os que nunca mudaram de área, 92,4% consideram uma possível mudança no futuro. Quase metade (47,2%) expressa insatisfação com a carreira atual, enquanto apenas 26,9% manifestaram sentimento positivo em relação à atual área e 25,9% não souberam avaliar se estão ou não satisfeitos.
Para a psicanalista e especialista em desenvolvimento profissional Rachel Poubel, o desejo de mudar de carreira, frequentemente, está relacionado a escolhas erradas feitas no passado ou pelas oportunidades que estavam disponíveis na época de decidir pela profissão.
“Geralmente, na adolescência, quando a pessoa escolhe a profissão, ela tem necessidade de ter sua independência financeira e aproveita a oportunidade que aparece. Não fica pensando muito no que quer e em qual é o seu dom. Com a geração de hoje, que tem mais acesso à informação, essa realidade é diferente, mas quem tem mais de 30 anos, por exemplo, escolheu mais pela necessidade ou foi influenciada por alguém da família. E quando chega nessa idade, ela se dá conta de que não está feliz com a escolha que fez e decide mudar”, explica Poubel.
A explicação da psicanalista assemelha-se ao caso da esteticista Daiane Gambarte, de 27 anos. Ela é graduada em engenharia elétrica e trabalhava como auxiliar técnica na indústria. Mesmo antes dos 30 anos, ela decidiu mudar de profissão quando ainda estava na faculdade.
“Ao final do curso já não estava mais me identificando, então, ainda concluindo a faculdade, comecei um curso de estética. Nesse período já comecei a atender paralelo com meu emprego anterior e foi aí que entendi o que eu queria fazer para o resto da minha vida. Comecei a ter crises de ansiedade e decidi sair para focar somente na área da estética. Hoje me sinto extremamente realizada com o que faço. Há dois anos deixei o emprego de CLT para empreender”, disse a esteticista.
Os desafios da mudança
Apesar das oportunidades, mudar de carreira exige planejamento e resiliência. A especialista em desenvolvimento profissional frisa que a pessoa precisa se sentir segura com aspectos básicos, como as finanças, para fazer a transição.
“A insegurança financeira gera muito medo, então é fundamental ter um planejamento. Quem tem um cargo público, por exemplo, que tem estabilidade, vai passar por uma fase instável”.
Ainda de acordo com Rachel, outro desafio é a falta de apoio de amigos e familiares, por isso, é importante ter certeza do que deseja ou do que quer para a vida profissional.
“Quando a pessoa tem consciência de que não é aquilo mais que quer fazer e sabe pra qual área migrar, então mude, não espere adoecer, não espere ter um burnout por excesso de estresse. Não é que só vamos fazer o que gostamos na vida, mas quando vivemos o nosso propósito, desempenhamos uma função que a gente se sente bem, a gente desempenha melhor e consegue resultados melhores”, frisa Poubel.
Acompanhamento terapêutico no processo de transição
Mudanças profissionais podem gerar incertezas e pressão, resultando em ansiedade e estresse. A terapia ajuda a identificar esses sentimentos e oferece ferramentas para lidar com eles de forma mais saudável.
A psicanalista Rachel Poubel frisa que durante uma transição de carreira, a terapia pode promover um maior entendimento sobre as motivações, valores e habilidades da pessoa. Esse processo facilita a escolha de um caminho que esteja mais alinhado com os interesses e o propósito de vida.
“A pessoa precisa entender o que faz sentido pra ela. As críticas virão, mas ela precisa estar certa da sua decisão. Tratar as emoções é fundamental nesse período. Muitas pessoas buscam a terapia e saem com uma profissão nova porque percebe que o que está fazendo mal pra ela é a profissão, que a desgasta emocionalmente, então é fundamental que ela trate essas emoções e veja se aquilo faz sentido pra ela”.
Para a massoterapeuta Shirley Fachetti, o acompanhamento terapêutico foi essencial para tomar a decisão pela mudança de carreira e alcançar o sucesso profissional.
“A terapia foi fundamental para eu conseguir chegar até aqui, porque existiam barreiras, muitos medos que eu nem conhecia. Não foi um processo fácil, porque precisei recuperar amor próprio, segurança e confiança”, afirma.
Sobre a psicanalista
Rachel Poubel é psicanalista e especialista em desenvolvimento profissional, com mais de dez anos de experiência, e um histórico de mais de 3 mil vidas transformadas ao redor do mundo.
O público alvo da profissional são pessoas que queiram tratar emoções e problemas como ansiedade e burnout, por exemplo, e que desejam descobrir seu propósito de vida.
Rachel Poubel atende em consultório, em Linhares, no Espírito Santo, e também de forma online.
Acompanhe a psicanalista pelo perfil do Instagram: @rachel.poubel e pelo Youtube: Rachel Poubel.