Por Doris Pinheiro
Li nos grupo de WhatsApp dos quais participo vários depoimentos sobre o comportamento dos gatos pintando e bordando com as árvores de Natal. Já criei muitos gatos e gatas e nunca aconteceu isso lá em casa. Então decidi “investigar” o assunto e ouvi a médica veterinária Larissa Fermino do Nascimento, especialista em comportamento animal, e colegas jornalistas sobre suas experiências natalinas com seus felinos. Ela explica e eles contam as histórias…
No topo da árvore de Natal, em vez de um anjo, o enfeite é um gato. Todos os gatos são anjos disfarçados percorrendo a Terra para nos ensinar como silenciar, meditar e amar.
Amara Antara

Humberto Sampaio – Aqui em casa temos duas gatas com nome de queijo: Brie e Ricota. Desde que foram resgatadas, ainda filhotes, de um terreno baldio em Armação, as duas se apossaram de nossa casa. Não há sofá, cadeira ou nada em forro de tecido que não vire farrapo sob as unhas das duas. E nem adianta gastar dinheiro com os tais “arranhadores”, aqui tem meia dúzia deles e elas nem dão bola. Mas é no Natal que as duas se esbaldam. Já no primeiro Natal delas aqui em casa – ou melhor, na casa delas – que percebemos não ser possível a convivência das duas com a árvore. As luminárias e fitas coloridas viraram brinquedo. O mesmo aconteceu com as bolinhas e demais enfeites. A árvore em si virou esconderijo, trampolim e escada. Tudo ao mesmo tempo.
Os presentes tiveram as embalagens trituradas a safanões e mordidas. O estrago foi tanto que desde então, a nossa árvore passou a ter uma decoração mais espartana, sem luzes nem outras alegorias que não pinhões secos e espaçados. E os presentes só descansam embaixo dela apenas na noite de Natal, quando comemos todos os tipos de queijo. Exceto, claro, Ricota e Brie.
Como qualquer um que já passou muito tempo com os gatos já sabe, os gatos têm enorme paciência com as limitações da mente humana.
Cleveland Amory

Fernanda Matos – Meus felinos chegaram na minha vida perto do Natal. Por causa deles eu sempre coloquei uma árvore um pouco mais alta, pensando neste terror, que todo mundo fala dos felinos, mas acabou que eles nem se interessaram pelas bolas de Natal. À gente já deu uma bola, ou ela caiu no chão, eles brincam um pouquinho e depois param de brincar e não dão muita atenção para ela não. Eu tenho três gatinhos, a primeira de todas é Luna uma fêmea cinza e branca, tem o segundo que São, um macho, que é amarelo e a terceira é Estrela, que é preta com amarelo, meio rajadinha. Então o que acontece, eles realmente não ligam para bola e não se interessam por árvore de Natal. Eu estava procurando uma foto aqui, que no ano passado, São, o macho, chegou a dormir embaixo da árvore e não tocou nela. Todos os anos eu monto, mas eu acho que o segredo é deixar a árvore um pouco mais alta, porque aí eles não se interessam o bastante. Também, na minha casa não bate vento, então as bolas não mexem.
Gatos sabem como obter comida sem trabalho, abrigo sem confinamento e amor sem castigos.
W.L. George

Laís Matos – Como boa amante dos animais, divido meu lar com quatro criaturas que se revezam para absorver meu juízo: três gatas e uma cachorra. Amélie, a primeira gata (e a mais apocalíptica) é, talvez, a que mais tenha aprontado na vida. Hoje, já idosa, não gasta energia com peraltices pela casa. Mesmo assim, na semana que antecede o Natal, em uma visita na casa dos meus pais, ela acreditou que subir na pequena mesa de vidro ao lado do sofá seria uma boa ideia.
O tampo de vidro virou com seu peso excessivo e se estilhaçou no chão, junto com o presépio que minha mãe havia montado, um globo de neve natalino e um arranjo de flores. Quebrou tudo. De intacto, só a gata, que ainda ficou com raiva de mim, como se eu não tivesse a repreendido a tempo de evitar a tragédia.
Tem também Larissa e Jonpal, as gatas que vieram depois. Essas são mais tranquilas, também idosas. Mas, para me poupar, já nem invisto em decoração natalina. Uma toalha de mesa e uma guirlanda já me bastam. Ainda assim, elas sobem na mesa para personalizar o tecido de vez em quando.
E por fim, no olho do furacão, tem Tíbia, a cachorra. Tíbia é a terrorista oficial da casa e, com apenas um ano e meio, nada resiste aos seus dentes sedentos de destruição. Dei adeus precoce a bichinhos de pelúcia, inúmeras roupas, botões feitos de coco, plantas diversas e até ao sofá da casa. Hoje, ela é mais calma e obediente, mas prefiro não arriscar com pelúcias natalinas e enfeites de pendurar, muito menos árvore de Natal. Vi em algum lugar que árvores de Natal simbolizam a vida, mas com as minhas parceiras de quatro patas, não tenho representação melhor para isso!
Assim como os livros os gatos são os melhores companheiros. Preenchem o nosso vazio sem nos roubar a solidão.
Tiago Amaral

Janaina Santos – Tenho seis gatos extremamente curiosos e brincalhões: Kim Kardashian, John John, Ratinha, Manoel, Iara e Cherie. Decorar a casa para o Natal é uma prática anual. Mas como sempre tive gatos, a árvore tradicional é um item que geralmente não tenho. Uso uma árvore pequena de papelão, de plástico (risos).
Enfeito a sala e a varanda com pisca-pisca, guirlandas, bolinhas, mas sempre na parte superior onde as crianças não tenham acesso fácil. Esse ano, pela primeira vez montamos uma árvore pequena, discreta com bolas para ver a reação deles. Todos cheiram, deitam ao lado, mas ainda não derrubaram.
Tem uma semana que ela está sobrevivendo. Não sabemos até quando.
Gatos são pessoas misteriosas. Há mais coisas passando naquelas mentes do que nós podemos imaginar.
Sir Walter Scot

Rosana Andrade – Com a chegada do Natal eu sempre fico na dúvida : montar ou não montar árvore e outros enfeites natalinos? Eis a questão…
Uma tarefa prazerosa, se torna uma aventura quando se tem gatos, que no meu caso são três, um deles com cinco meses, ou seja, na flor da juventude atentada de quase todos os gatos…
Como amo essa época, sempre me rendo a montar árvore e enfeitar a casa.
Não existe fórmula para evitar que os felinos “brinquem” com os enfeites.
Esse ano comprei um pinheiro de verdade, plantado em um vaso bem pesado, impossível deles derrubarem.
Comprei também enfeites de plástico, que até agora estão resistindo bravamente às quedas e patadas, toda vez que eles conseguem arrancar….
O pisca-pisca, coitado, já não está mais todo arrumadinho ao redor da árvore, mas, continua lá, piscando.
O forro do vaso, já foi estraçalhado.
Em resumo, ou você abstrai e se contenta com uma decoração minimalista, que não vai ficar perfeita por muito tempo ou não coloca nada.
Os gatos são destinados a ensinar-nos que nem tudo na natureza tem um propósito
Garrison Keillor
A médica veterinária Larissa Fermino do Nascimento, especialista em comportamento animal, explica…
O comportamento felino em relação às árvores de Natal pode ser atribuído a uma série de fatores comportamentais e sensoriais. Os gatos instintivamente têm uma atração por qualquer estímulo que se assemelhe a uma presa, como luzes cintilantes, enfeites coloridos pendurados, os sons instigantes desses enfeites e bonecos natalinos que se assemelhem a uma caça.
Outro fator importante é que os felinos são extremamente curiosos. A inserção de uma árvore de Natal provoca neles instintos evolutivos exploratório, onde ele poderá expressar esse comportamento se divertindo.
Portanto, assim como nós amamos o Natal, para os gatos é um momento de grande alegria e enriquecimento ambiental. Lembrando sempre de manter os cuidados à saúde do gato, evitando objetos pontiagudos, de vidro ou tóxicos.
E ao primeiro sinal de alteração comportamental no seu gatinho, dirija-se ao veterinário de sua confiança.
Feliz Natal para todos e seus gatinhos!
Todo mundo, todo mundo, quer a vida que um gato tem!
Refrão da música tocada pela banda de Jazz de gatos de rua da animação Aristogatas, da Disney.