64% das mulheres nunca sentiram a necessidade de buscar ajuda em relação a sexo e 32% não sabem o que são zonas erógenas. Tal ausência de conhecimento sobre o prazer feminino e o próprio corpo são informações protagonistas na pesquisa Prazer e Mulheres, desenvolvida em 2023 pela Think Eva, consultoria que promove soluções para as desigualdades de gênero. O estudo, que fez parte do lançamento de Her Code, primeira marca de fragrância da América Latina a abrir conversa sobre o prazer feminino, teve recorte com mais de mil mulheres de 18 a 60 anos, de todas as regiões do Brasil.
Entre os insights da pesquisa, nota-se que 79% já fingiram ter um orgasmo. A estatística alarmante pode ser reduzida por meio de uma conscientização e de um conhecimento mais profundo sobre o próprio corpo e a sexualidade, contribuindo significativamente para uma diminuição na frequência das simulações de orgasmos, por exemplo. Com isso, as mulheres se sentiriam mais seguras e confortáveis para expressar suas verdadeiras experiências, promovendo uma sexualidade mais autêntica e satisfatória.
Autoestima e autoamor
Uma grande trava para as mulheres do estudo é a relação com a autoestima. Além de entender como essas questões impactam no prazer das mulheres, é importante levar em consideração as interseccionalidades de corpos, raça e classe social. Muitas vezes, pessoas com corpos são colocadas em um lugar de solidão, em que a responsabilização do afeto recai sobre o discurso de amor-próprio. Neste sentido, 30% das entrevistadas na pesquisa se sentem mais abertas a buscar o prazer quando estão se sentindo bem consigo mesmas e 24% acham que a vida seria mais prazerosa sem os padrões de beleza.
Prazer é só sexo?
O entendimento de prazer na pesquisa não é exclusivamente sexual – muitas das entrevistadas sentem prazer em momentos do dia a dia. Apenas 12% das respondentes escolheram a alternativa “fazer sexo”, quando questionadas sobre momentos que sentem prazer. Para 36% prazer está associado a se sentir desejada pelo(a) parceiro(a); mais de 27% sentem prazer quando fazem uma viagem; mais de 22% têm sensação de prazer quando se sentem bem com o próprio corpo e 21% atribuem prazer a uma boa noite de sono.
Economia do cuidado
Historicamente, o papel do cuidado com a família, com a casa e com o outro são atribuídos e executados majoritariamente às mulheres, de forma não remunerada. Esse conjunto de ações relacionadas aos cuidados para a manutenção da vida de outras pessoas é conhecido como Economia do Cuidado. Esse peso, vem sendo um obstáculo para que elas acessem e destravem seu prazer.
Quando perguntadas, durante a pesquisa, sobre o que tira a vontade de ir atrás do próprio prazer, vemos que o foco das mulheres está em todas as outras atividades, menos nelas mesmas. 45,6% das mulheres se queixam do stress do dia a dia e do cansaço como um dos obstáculos para atingir este objetivo e 19,5% delas dizem não ter tempo para si mesmas.