Dr. Robinson Koji Tsuji destaca que o uso excessivo de fones de ouvido se tornou a principal causa evitável de surdez na nova geração, superando os riscos tradicionais.
Novembro chega em 2025 com um alerta focado em uma nova geração. Se antes as principais preocupações se voltavam ao envelhecimento e a doenças, hoje o maior risco é silencioso, autoimposto e está nos ouvidos de crianças e adolescentes: o uso de fones de ouvido em volume excessivo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 1 bilhão de pessoas entre 12 e 35 anos correm o risco de ter a audição prejudicada devido à exposição prolongada e excessiva a ruídos recreativos, incluindo músicas em fones de ouvido e shows. No Brasil, onde dados do IBGE indicam que mais de 10 milhões de pessoas já convivem com algum grau de deficiência auditiva, a prevenção na juventude tornou-se a pauta central.
Para o Prof. Dr. Robinson Koji Tsuji, presidente da Sociedade Brasileira de Otologia e um dos maiores especialistas em surdez do país, o cenário é alarmante. “Estamos criando uma geração de futuros deficientes auditivos. O dano causado pelo ruído é cumulativo e irreversível. A perda auditiva não ‘dói’, ela acontece aos poucos, e quando o paciente percebe, geralmente já é tarde demais“, afirma.
A “epidemia” dos fones de ouvido
Segundo o Dr. Tsuji, a popularização de dispositivos de áudio pessoais mudou o perfil da perda auditiva. “O grande vilão é a intensidade versus o tempo de exposição. O uso de fones de ouvido, especialmente os intra-auriculares, por horas a fio e em volumes que ultrapassam os 85 decibéis – o equivalente ao ruído de um liquidificador – causa lesões permanentes nas células sensoriais da cóclea. Estamos vendo pacientes cada vez mais jovens em consultório com perda auditiva que, antes, só esperaríamos em idosos“, explica o médico.
Prevenção: a regra do 60/60
O especialista reforça que a maioria dos casos de surdez induzida por ruído é 100% evitável. “A prevenção é a única solução”, diz o Dr. Tsuji. “A principal recomendação é a regra do 60/60: nunca utilizar os fones de ouvido acima de 60% do volume máximo e por, no máximo, 60 minutos seguidos. É preciso fazer pausas, deixar o ouvido descansar. E, para quem frequenta shows ou ambientes muito barulhentos, o uso de protetores auriculares é fundamental.”
Diagnóstico precoce e os tratamentos modernos
O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez também serve para reforçar a importância do diagnóstico. A recomendação é que qualquer pessoa que se exponha a ruídos com frequência realize uma audiometria anualmente.
Para os casos em que a perda já se instalou e é de grau severo a profundo, o Dr. Tsuji lembra que a tecnologia é uma aliada poderosa. “A surdez não significa mais silêncio. Para pacientes que não se beneficiam de aparelhos auditivos convencionais, o implante coclear é o tratamento padrão-ouro, capaz de restaurar a percepção sonora de forma eficaz. Mas, antes de chegar a esse ponto, precisamos focar na prevenção, especialmente nesta data.”
Sobre o Prof. Dr. Robinson Koji Tsuji: O Dr. Robinson Koji Tsuji é o atual coordenador do Grupo de Implante Coclear do HC-FMUSP e Presidente do comitê de implantes cocleares da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia. É um dos médicos mais respeitados do país na área de otologia e surdez, com mais de 1000 cirurgias de implante coclear realizadas.















