Grupo de teatro apresenta em Salvador espetáculo sobre personagem histórica nunca antes retratada
A Panacéia traz aos palcos de Salvador, como parte do projeto “Mulheres na História e Histórias da Cidade” a trajetória inédita e cheia de força de Filipa de Souza, a primeira mulher condenada pela Inquisição na Bahia, acusada de “sodomia”. Filipa, segundo documentação histórica, assume que se relacionou, afetiva e sexualmente, com diversas mulheres e arca com as consequências: é humilhada, açoitada publicamente e degredada. O projeto em construção já conta com dois vídeos-experimentos e, em maio, terá sua estreia no teatro. O espetáculo solo é uma realização da grupa A Panacéia e tem dramaturgia inédita, escrita pela atriz Camila Guilera e a diretora convidada Elisa Mendes.
O registro que nos faz conhecê-la é o processo Nº 1267 guardado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal e intitulado “Processo de Felipa de Sousa cristã velha presa no cárcere do Sancto Officio”. Durante o mesmo período outras 29 mulheres foram acusadas do mesmo pecado: relacionamento com outras mulheres. Destas, sete foram também julgadas pela Inquisição e punidas, mas a sentença mais severa foi contra FIlipa, na data de 26 de janeiro de 1592, pois esta se negou a delatar outras mulheres ou se dizer arrependida.
Como explica Camila Guilera, que dá vida à personagem, “não sabemos nada mais sobre seu paradeiro após ser expulsa de Salvador, por isso, escolhemos o teatro para recriar a vida dessa personagem que tanto nos instiga, dando vazão a seus anseios e pensamentos”. Esse espetáculo é um desejo antigo, que foi adiado devido à pandemia de Covid-19.
O espetáculo Filipa fica em cartaz todo mês de maio, com estreia no Espaço Cultural Boca de Brasa Subúrbio 360, nos dias 10 e 11, às 19h e 16h, respectivamente, com entrada gratuita. As apresentações seguem para Sala do Coro do Teatro Castro Alves, nos dias 18, 19, 25 e 26 de maio sempre às 20h, com ingressos de R$30 inteira e R$15 meia entrada. A temporada termina no Espaço Boca de Brasa Cajazeiras nos dias 31 de maio e 01 de junho às 19h com o valor R$20 inteira e R$10 meia entrada.
O espetáculo contará com acessibilidade motora e sessões com áudio descrição e tradução de libras.
A montagem do espetáculo Filipa integra o projeto “Mulheres na História e Histórias da Cidade”, contemplado pelo edital Gregórios – Ano III, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal.
Sobre a Panaceia
Ana Luísa e Camila se conheceram nas aulas de teatro ainda adolescentes e os palcos nunca mais saíram de suas vidas. A grupa, que completa 16 anos de trajetória, já passou por diversas configurações, sempre sendo formada por mulheres e trazendo questões de gênero em suas narrativas, como na montagem de “EU PAGU”, que retratou uma importante figura histórica brasileira e, agora, com “Filipa”. Outra característica da grupa é o forte envolvimento com o processo de construção de cada espetáculo, gerando de forma colaborativa pesquisa, escrita de texto, produção… Um entendimento de que teatro é um trabalho coletivo e integrado. As atividades educativas e pensar o teatro como espaço de expressão, experimentação e transformação também fazem parte dessa história, já que Camila e Ana são educadoras. Um exemplo disso é o projeto MENINAS PODEM! que desde 2019 investiga histórias de mulheres da História de maneira lúdica e divertida, através de processos de pesquisa e ações formativas.
Serviço
Espetáculo Filipa
Classificação indicativa 14 anos
Espaço Cultural Boca de Brasa, no Subúrbio 360 – Entrada gratuita
10 de maio às 19h
11 de maio às 16h
Sala do Coro do Teatro Castro Alves – R$ 30 inteira e R$15 meia entrada
18,19, 25 e 26 de maio às 20h
Boca de Brasa Cajazeiras – R$ 20 inteira e R$10 meia entrada
31 de maio e 01 de junho às 19h