Pesquisa feita por The Body Shop e Instituto Plano de Menina aponta que mulheres sofrem gordofobia no dia a dia de trabalho e em processos seletivos
A cobrança por manter uma aparência padrão no ambiente profissional é um desconforto que as mulheres vivem diariamente, principalmente em relação ao peso. Cerca de 88% delas já se sentiram pressionadas no trabalho por não estarem com o peso considerado “ideal” pela sociedade. Esses dados fazem parte do estudo que investiga o impacto dos padrões estéticos para as mulheres no mercado de trabalho, produzido pela pareceria entre a The Body Shop e o instituto Plano de Menina, projeto social que tem como missão capacitar e conectar meninas de periferias a grandes oportunidades que as tornem protagonistas de suas histórias.
No mundo corporativo, onde a imagem muitas vezes é valorizada tanto quanto as habilidades profissionais, as mulheres que não se enquadram nos padrões estéticos dominantes podem enfrentar discriminação e marginalização, principalmente quando o assunto se trata de peso. Não é de hoje que o tema da gordofobia é debatido, principalmente nas redes sociais, e quando se trata do mercado de trabalho, o estudo evidenciou o quanto este problema ainda é latente para muitas mulheres.
“Eu estou começando achar que ser gorda é crime, com todas as pessoas que desenvolvo um pouco mais de intimidade, tenho que ouvir que preciso emagrecer por saúde, sendo que minha saúde é perfeita”, conta uma das entrevistadas.
Além da aparência, a pressão estética com o peso também foi um dos maiores vieses inconscientes apontados pela pesquisa nos processos de recrutamento e seleção. Segundo o estudo, no ambiente profissional ainda existe o estereótipo e preconceito de que pessoas gordas são desleixadas e deprimidas, e isso se reflete na percepção e validação do trabalho delas.
“Eu estava fazendo a seletiva de candidatos para uma vaga de comunicação interna na empresa em que trabalho, e ao encontrar a candidata perfeita, o gestor da vaga me retornou que não seguiria com ela pois ela não parecia ser uma menina com “sangue nos olhos”. Só depois de contratar outra candidata, percebi que essa percepção do gestor foi puramente baseada no fato dela ser obesa”, disse uma recrutadora.
As recrutadoras entrevistadas também relatam o despreparo de algumas empresas para absorver profissionais com peso acima da média, pois muitas vezes faltam recursos materiais adequados, como uniformes, EPIs e mobiliário que atenda ao candidato. Sobre isso, uma profissional compartilha: “Na rede de supermercado que eu trabalho, eu não posso contratar uma mulher que use manequim acima de 50 pois não temos uniformes acima dessa numeração”.
Diante desses desafios, é crucial que as empresas adotem medidas para promover uma cultura de inclusão e respeito à diversidade no ambiente de trabalho. Na The Body Shop, esse compromisso já é um dos pilares fundamentais, refletido não apenas em seus valores, mas também em suas práticas diárias e campanhas publicitárias A marca se destaca por promover campanhas que valorizam a autenticidade e a diversidade, não utilizando maquiagens e softwares de correção de imagem como ferramentas de perpetuação e reforço de padrões de beleza inalcançáveis ou de visões antiquadas sobre saúde e amadurecimento da pele e dos corpos. Paula Pimenta, General Manager LATAM da The Body Shop, afirma:
“Por meio dos dados obtidos através desta pesquisa, buscamos promover um debate sobre um tema de extrema importância, não apenas para as empresas, mas também para toda a sociedade. Como uma marca comprometida com a promoção da beleza justa, inclusiva e livre de padrões irreais, assumimos o compromisso de nos posicionar firmemente contra qualquer forma de pressão estética, celebrando a singularidade de cada pessoa”.
Viviane Duarte, presidente do Instituto Plano de Menina e CEO do Plano Feminino, ressalta de forma contundente a importância da união e do engajamento em iniciativas transformadoras, como essa pesquisa conduzida em parceria com a The Body Shop. Diante dos dados reveladores sobre a persistência dos padrões estéticos no mercado de trabalho, ela enfatiza: “A força da mudança reside na nossa capacidade de nos unirmos, de desafiar o status quo e de promover uma revolução na forma como as mulheres são percebidas e valorizadas no ambiente profissional. Essa é uma transformação urgente para que o mercado acolha cada vez mais meninas e mulheres sem ferir quem são, adoecê-las e impactar o desempenho profissional, uma vez que muitas já enfrentam diversos outros desafios só para chegar nesses espaços”.