Por Daniel Sandy, educador físico especializado em atividade física ocupacional e CEO da Pausa Ativa Ocupacional
Tentar meditar, na maioria das vezes, não é uma tarefa fácil. As distrações e especialmente a ansiedade que assombra a geração atual – e as mais antigas também – tornam o simples ato de meditar um desafio. Justamente por isso, a meditação ou mindfulness pode ser considerada um exercício físico, assim como a corrida ou a musculação.
Como qualquer atividade física, a meditação gera estresse fisiológico e exige rotina, repetição, resiliência e persistência para se tornar uma prática saudável e promotora de bem-estar. Caso contrário, é apenas mais uma atividade na qual se investe sem, de fato, praticar.
No panorama atual, em que a saúde mental nunca foi tão discutida, há uma valorização das práticas como Yoga e outras atividades holísticas em que, como a principal solução para o manejo do estresse, está a estagnação física. Essas práticas ajudam, sim, e muito. No entanto, é importante destacar que, para alguém sedentário, que passa boa parte do tempo sentado e em contato com telas, inserir a prática de meditação convencional na rotina, daquelas em que o praticante fica sem se mover, é um desafio muito maior.
Estudos mostram que os resultados positivos de uma meditação controlada são menos expressivos em comparação com uma simples caminhada ao ar livre, uma conversa com amigos ou brincadeiras com os filhos. Ou seja, atividades cotidianas ativas podem ser tão meditativas — ou até mais — do que sentar-se com a coluna ereta, colocar a língua no palato, fechar os olhos, focar na respiração ou repetir um mantra. Simplesmente, não é assim que o cérebro funciona!
O equilíbrio do Sistema Nervoso Central e do córtex cerebral começa com o movimento. Só depois dele é que ações são ampliadas para elevar o estado de consciência e melhorar o controle sobre as atitudes. Um bom exemplo é a prática de Yoga: sempre se começa com os Asanas (posturas e movimentos) e apenas no final são passadas respirações e a meditação. Isso não é uma coincidência.
É preciso pensar fora da caixa e desenvolver estratégias que realmente façam a diferença, ao invés de continuar investindo em soluções que acabam esquecidas na prateleira. Para reverter o mal-estar geral, a proposta é buscar práticas que, de fato, ajudem a dominar a mente, promovam equilíbrio e estejam fundamentadas na ciência.
Não se pode seguir uma abordagem só porque ela é amplamente divulgada como o “método perfeito”. O ato de sentar-se, por si só, pode ser prejudicial à saúde — “sentar é o novo fumar”. O movimento é o verdadeiro caminho para o equilíbrio.
Daniel Sandy é educador físico especializado em Atividade Física Ocupacional, mestre em Ciência da Motricidade Humana, membro da Sedentary Behavior Research Network (SBRN) e do Prêmio Nacional de Qualidade de Vida da ABQV. Além disso, é fundador da Pausa Ativa Ocupacional, única startup especializada em gestão de tempo sentado.