Por Julie Maciel e Stefanie Schmitt
Para a mulher que empreende, é um “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”. Afinal, quem aqui já não se viu como a atriz principal na primeira cena do filme, tentando dar conta dos boletos, do negócio e da família, tudo junto e misturado?
Pois é, foi pensando nessa cena de cansaço ou, mesmo, de exaustão, compartilhada por 62,2% das empreendedoras brasileiras (Olhi, 2023), que resolvemos listar o que acreditamos ser tendências de impacto para os negócios femininos em 2024.
Como no filme, há muito para seguir acreditando que não estamos aqui por nada.
#1 Inteligência Artificial e personalização: enquanto inteligência artificial veio para ficar, dando início a uma rápida transformação no mercado de trabalho, a personalização, ou seja, a demanda por soluções customizadas para cada cliente também permanece como reflexo de uma necessidade de individualização, de reconhecimento de que somos diversos e de que precisamos de soluções que reconheçam nossa diversidade. Neste balanço entre o generalista e o especializado, está a humanização adiciona à tecnologia de modo a proporcionar experiências mais fluídas e próximas dos clientes. Em outras palavras, produtos ou serviços personalizados seguirão fazendo diferença na satisfação do cliente em 2024.
#2 Tecnologias sustentáveis: inovações que consideram os recursos naturais e fomentam o desenvolvimento econômico e social estão cada vez mais recebendo a atenção do mercado, que se vê pressionado a entregar soluções para combater as mudanças climáticas e promover a saúde mental e o bem-estar das pessoas. Nas grandes corporações, essas soluções assumem, muitas vezes, o formato de benefícios, que estão cada vez mais diversificados. Pois bem, eles fazem parte das estratégias de promoção do bem-estar e estão aí para ficar. Neste cenário, os negócios femininos, por se preocuparem mais com os impactos ambiental, de governança e social de suas operações, além de focarem em setores não tradicionais, podem fazer a diferença em 2024.
#3 Startups: as mulheres são mais da metade da população do país (51,5%), de acordo com o IBGE, mas, no “mercado”, são eles quem seguem sendo a grande maioria. No setor de tecnologia, segundo dados da Distrito, apenas 4,7% das startups são fundadas por mulheres e 0,04% dos negócios que receberam investimento em 2020 são femininos. Pois é, esta desigualdade e preponderância dos homens vem acompanhada, dentre outras coisas, de desconhecimento. Muitas das dores femininas ainda são pouco atendidas pelas startups mais longevas no mercado. Neste cenário, negócios que atendem a saúde da mulher e o cuidado das crianças e pessoas mais velhas são uma demanda a ser suprida e um caminho para nós que trabalhamos por um mercado mais igualitário.
#4 Economia do cuidado: tema da redação do Enem deste ano, a invisibilidade do trabalho de cuidado da mulher tem recebido a atenção de tomadores de decisão. Tanto no governo quanto em empresas, começam a aparecer iniciativas para redistribuir e diminuir a carga de trabalho feminina dentro de casa. São políticas públicas e iniciativas que não somente visam a conscientização sobre os impactos da Economia do Cuidado na vida das mulheres, mas também geram uma mudança estrutural. Compartilhar responsabilidades e remunerar serviços fundamentais são parte do processo e, para que ele seja bem sucedido, é fundamental a compreensão do tamanho da oportunidade nesta economia que, conforme estimado pela FGV Ibre, pode responder por 8,5% do PIB nacional. Pois bem, soluções que transformam o cuidado são certamente tendência para 2024.
Em suma, juntar o fator humano e o uso da inteligência artificial em negócios sustentáveis, diversos e inclusivos sem desconsiderar os impactos do trabalho de cuidado na vida das mulheres, é tendência para 2024.
São necessárias múltiplas soluções para quem está nessa jornada de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” e, embora empreender seja a necessidade e não a opção de muitas de nós, nosso sucesso também pode estar na transformação daquilo que mais nos causa dor.
Seguimos! Um 2024 de muita força e conquistas para todas nós.
Stefanie Schmitt é CEO da Olhi, startup de serviços voltada ao empreendedorismo feminino.
Julie Maciel é COO da Olhi, startup de serviços voltada ao empreendedorismo feminino.
Sobre a Olhi:
Criada em 2021, a Olhi é um marketplace de serviços do cuidado destinado a empreendedoras femininas, conectando quem quer aprender com quem sabe ensinar. Através de um atendimento personalizado e exclusivo com especialistas de segmentos variados, pretende promover mudanças comportamentais que erradiquem desigualdades e promovam o crescimento econômico dos negócios.