Por Ana Ribeiro
O meu verão – onde o tempo parou – aconteceu em Saquarema, Rio.
Tarde de verão. Quente.
Aquele sol maçarico que só tem no Rio.
Eu estava sentada na prancha de surf naquele marzão, esperando uma onda cheia se formar. Umas duas, duas e meia da tarde, tudo o que todos sentiam era a preguiça das águas calmas, de depois do almoço, do sol quente.
Olhei pra cima e o sol estava assim, um pouquinho na minha diagonal, à esquerda.
Meus olhos apenas “boiaram”, preguiçosos e, de repente, lá estava ela – a minha sombra – à direita.
Por algum motivo, olhei também para a esquerda e lá estava ela, de novo – a minha sombra.
– Ué…
Firmei a vista e a mancha escura à esquerda era uma arraia enorme.
Tirei a perna esquerda da água devagar e a coloquei em cima da prancha, morrendo de medo.
Não podia remar.
Apenas fiquei ali naquele tempo sem tempo, em Saquarema, olhando fixamente pra aquela gigante que boiava do meu lado, até que, do mesmo jeito que veio, se foi.
Calmamente.
No marzão de Saquarema.
Ser feliz era sentir aquele frio na barriga e eu ainda nem sabia…