Por Rosana Andrade
Viver dignamente de dança é uma tarefa desafiadora no Brasil. Falta de incentivos, remunerações justas, reconhecimento, dentre outros fatores, levam nossa prata da casa para outros países.
Mas existem alternativas que dão uma melhor condição de vida para os artistas, a exemplo dos grupos que fazem parte do entretenimento em resorts, onde grandes produções são realizadas e encenadas para a diversão dos hóspedes.
E nesse universo particular está a bailarina Maria Paula Marocci, baiana de 35 anos, formada na Escola de Dança da UFBA, com 15 anos de profissão.
Sua carreia nos resorts foi iniciada no Iberostar do México, onde passou quase três anos. Há 12 anos integra o elenco da rede em Praia do Forte, no litoral da Bahia. A equipe composta por 10 bailarinos faz apresentações de segunda à sábado.
Maria Paula conta que a rotina diária começa pela viagem que faz de Salvador para a Praia do Forte quase todos os dias, opção própria, já que o hotel oferece alojamento, mas segundo ela: “a vida além do hotel é muito parada, é uma local exclusivamente turístico”.
As apresentações realizadas pelo grupo fazem releituras de temas folclóricos, estilizando movimentos tradicionais, ao estilo Jazz, tipo shows da Broadway. No final, os bailarinos convidam o público para uma interação e normalmente o retorno é sempre positivo. O grupo realiza também intervenções na chegada dos hóspedes ao resort.
Maria Paula fala um pouco sobre as dores e delícias do tipo de trabalho que abraçou em sua profissão. Na parte não tão boa, está a espera de melhores condições para que a arte não fique “minimizada” por trás da venda de um produto. Os espaços não são pensados para a dança, são improvisações, incluído o camarim. Além disso, o cansaço da viagem de volta para casa, pois só chegam em casa de madrugada.
Mas, a parte boa acaba compensando esses perrengues. A principal para Maria Paula é dançar todos os dias, que sempre foi uma meta quando iniciou a arte. E outra, que faz toda a diferença, uma vantagem à frente de muitos colegas de profissão, é a carteira assinada, com todos os direitos que vêm dela.
É bom saber que tem pessoas brilhando e levando a dança em suas múltiplas facetas para alegrar e divertir. “Desejo que haja mais reconhecimento para a nossa profissão, que possamos levar a arte da dança com mais leveza na alma, com a segurança de que podemos viver dela!”, finaliza Maria Paula.