Nairzinha Spinelli, pesquisadora do folclore infantil brasileiro e cultura da brincadeira, conta sobre a origem, formas de fazer e dá dicas de como organizar a dinâmica
Por Esther Morais
Tradição popular na comemoração do Natal, o “Amigo Secreto” é uma dinâmica quase secular e que se reinventa ao longo dos anos. Para a pesquisadora do folclore infantil brasileiro e cultura da brincadeira, Nairzinha, a dinâmica tornou-se um clássico porque é uma forma simples e inclusiva de celebrar a data festiva.
A brincadeira, no entanto, ganhou novas formas, como o amigo olho gordo – quando não há sorteio e as pessoas escolhem o presente na hora da celebração com o critério de pegar o presente que acha mais bonito. Para não causar confusão, a especialista explica as diferentes formas de brincar e dá dicas de como fazer.
“Minha sugestão é que se faça o sorteio na hora da festa com os presentes da festa pq corre-se o risco de uma pessoa ficar sem presente porque o amigo não foi. Assim, todos que estiverem presentes serão premiados”, orienta.
Em entrevista ao site Doris Pinheiro, Nairzinha ainda conta como foi a origem da celebração e a chegada no Brasil e na Bahia. Ela ressalta que o surgimento se deu em 1929 na Inglaterra, quando o país passava por uma crise e amigos de uma fábrica têxtil resolveram comemorar o Natal com alguma dinâmica que fosse barata. A vinda para o estado baiano se deu também por influência da cultura operária.
Confira os principais trechos da entrevista:
Esther Morais – Por que o Amigo Secreto se tornou tão clássico nas comemorações de Natal?
Nairzinha Spinelli – É uma atividade que todos participam, quem tem muito ou quem tem pouco. E é muito interessante porque une bastante.
EM – De onde surgiu a brincadeira?
NS – Surgiu em 1929 quando havia na Inglaterra uma crise financeira sem precedentes. Então os operários de uma empresa têxtil que eram muito amigos e gostavam de confraternizar as festas de fim de ano bebendo, comendo e se divertindo, ficaram pensativos a respeito de que forma poderiam continuar, mas gastando pouco dinheiro. Eles resolveram então fazer um sorteio. Cada operário tirava um outro operário que seria seu amigo secreto ou oculto. No dia da festa os amigos foram publicados os nomes e os amigos trocaram os presentes entre si. A atividade deu tão certo que se tornou uma prática de comemoração natalina no mundo inteiro
EM – E como chegou no Brasil?
NS – Chegou ao Brasil quando as multinacionais chegaram no país. Aqui na Bahia foi quando o polo petroquímico veio. Aqui no país, é um costume muito importante que as pessoas cultivam, todos os grupos sociais.
EM – Quais as formas diferentes de fazer, além do clássico?
NS – Sorteio por antecedência é o mais comum, mas tem também o sorteio na hora para distribuição na hora para distribuição de presentes unisex e com preço estipulado, sorteio de mensagens, pode ser também roubar os presentes ou esconder em algum lugar no recinto. Cada grupo vai criando a sua metodologia.
EM – Quais dicas você dá pra fazer um amigo secreto organizado e sem brigas
NS – Minha sugestão é que se faça o sorteio na hora da festa com os presentes da festa porque corre-se o risco de uma pessoa ficar sem presente porque o amigo não foi. Assim, todos que estão presente serão premiados e certamente será uma atividade de muita confraternização e solidariedade