Matheus Spiller questiona…
A virada de ano tá bem ali na virada da esquina e as festas e reuniões com familiares e/ou amigos pipocam como fogos de artifício.
Onde você vai passar o réveillon? Com quem? Com que roupa? Que prato especial você vai preparar?
Os rituais antigos, de ampla adesão, aparecem como interrogações gigantes, pontiagudas.
As pessoas ao redor querem saber como você está preparando a virada de um ano para o outro.
Normal. É tradição para a maioria de nós fazer festa e brindar a chegada de um novo ano.
Mas e quem vai, por opção, passar sozinho, em casa, sem a agitação dos shows e das festas? Essa galera toda tá condenada a ficar triste por causa disso? Tá nada!
Tudo depende de como cada pessoa encara esse momento e que peso se dá à ocasião.
Não se trata de negar o encanto.
A passagem de um ano para o outro tem essa carga especial porque pode ser encarada como um marco de mudança de atitude, comemoração de conquistas, planejamento de novos rumos e tudo o que isso implica.
Contudo não parece razoável que esse processo exija das pessoas um comportamento festivo que corresponda às expectativas sociais. Em outras palavras: não é obrigatório estar em uma festa para estar em paz e feliz no réveillon.
Há uma pressão para que estejamos engajados, sorrindo para os outros, como se isso validasse o sucesso que a gente tem sido obrigado a entregar para o mundo, mesmo que ele não corresponda à realidade das nossas vidas.
E as festas tradicionais são, em alguma medida, a materialização disso.
Se você não está na vibe da maioria, você dá uma resposta que causa desconforto.
Como assim, você não quer ir à festa? Por que? Você está triste?
Não necessariamente. Cada um tem seus motivos para não estar na pista de dança e eles nem sempre são negativos.
Consideremos a opção de quem só não quer, com leveza e maturidade, participar das manifestações coletivas de alegria. Não precisa lamentar, expressar preocupação ou desapontamento quando alguém diz que não vai festejar o réveillon da maneira que você escolheu.
Repare que não existe aqui militância pela solidão triste.
A proposta é que observemos a existência legítima da solitude confortável e voluntária!
São ambientações emocionais bem diferentes. O que as aproxima, muitas vezes, é justamente a pressão externa por respostas prontas a estímulos equivocados.
Ninguém está condenado à tristeza por não participar de festas de réveillon.
Não nos deixemos contaminar tanto por exigências dos outros!
Sua virada de ano pode ser muito boa lendo um livro, assistindo a um filme ou série, ouvindo um som, dormindo, ou fazendo seja lá o que te deixe feliz e confortável de verdade.
Isso não é estranho, não “dá azar” e não te coloca em qualquer prateleira social definitiva.
Feliz ano novo de verdade pra você!