Clínica Vale Viver realiza workshop dia 20 próximo, das 8h20 às 17h, no Auditório da Associação Bahiana de Medicina
Promover a disseminação de conhecimento técnico fundamentado na ciência, com o propósito de capacitar os profissionais de saúde no manejo de pacientes com dependência química, a fim de proporcionar o tratamento mais adequado. Esse é o principal objetivo do workshop “Desafios e Possibilidades do Tratamento dos Transtornos Adictivos”, que vai acontecer dia 20 próximo, das 8h20 às 17h, no Auditório da Associação Bahiana de Medicina (ABM), em Salvador. O evento faz parte das comemorações dos 15 anos de existência da Clínica Vale Viver, especializada no tratamento de dependência de substâncias, localizada em Camaçari, na Região Metropolitana.
“A Vale assume o compromisso de aplicar o conhecimento acumulado ao longo desses 15 anos para contribuir de maneira direta na recuperação de vidas. Compreendemos que isso se inicia primordialmente pela capacitação dos profissionais envolvidos no cuidado”, destaca a coordenadora do workshop, a psicóloga especialista em Transtornos Adictivos pela PUC-RIO, Aline Gonzaga. O público-alvo do evento são os profissionais da saúde e estudantes.
O Relatório Mundial sobre Drogas mais recente, lançado em junho de 2023, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), aponta grande dificuldade de acesso ao tratamento para transtornos associados ao uso de drogas. Em 2021, apenas uma em cada cinco pessoas recebeu tratamento adequado por transtornos associados ao abuso de drogas.
Cerca de 28 milhões
No Brasil, o II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (II LENAD), realizado pelo Instituto Nacional para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (INPAD), estimou que existe na população cerca de 5.7% de brasileiros que são dependentes de álcool e/ou maconha e/ou cocaína, representando mais de 8 milhões de pessoas. Este levantamento também estimou que os domicílios no Brasil são compostos por uma média de 4 pessoas. Tendo em vista estas informações, estima-se que pelo menos 28 milhões de pessoas vivem hoje no Brasil com um dependente químico.
“Quando a gente olha para esses números, facilmente podemos confirmar o que o relatório global da UNODC aponta, que infelizmente nem todas essas pessoas conseguem ter acesso ao tratamento especializado, que é restrito a uma pequena parcela da população”, comenta a psicóloga Aline Gonzaga.
“No geral esses relatórios levam em consideração as pessoas com dependência e desconsideram a família do dependente, que também passa por um adoecimento em função dos altos níveis de estresse relacionados à convivência com um dependente químico. O tratamento adequado precisa ser extensivo às famílias”, completa Aline, que é coordenadora técnica da clínica Vale Viver e membro da Associação Brasileira de Estudo de Álcool e outras Drogas – ABEAD. “Capacitar os profissionais é o caminho adequado para lidar com essa situação”, diz.
Segundo o relatório sobre a “Carga Global das Doenças” (Global Burden of Disease GBD) da Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso abusivo de álcool e drogas está entre os maiores responsáveis pela morte prematura e pela perda de vida saudável e produtiva nas Américas, causando um grande impacto social, econômico e de saúde pública dessas nações.
A população jovem é a mais vulnerável ao uso de drogas, bem como a mais afetada pelos transtornos associados ao uso de drogas em várias partes do mundo. “Os jovens são mais vulneráveis, por diversos aspectos. Primeiro porque a maturação cerebral ainda não ocorreu totalmente e os processos ficam muito comprometidos, devido ao efeito das drogas no cérebro e a mudança do padrão de funcionamento desse cérebro, por conta das alterações das transmissões químicas que ocorrem nele”, pontua o psiquiatra Rogério Jesus, presidente da Associação Psiquiátrica da Bahia e membro da Associação Brasileira de Estudo de Álcool e outras Drogas – ABEAD.
“Além disso, os processos de socialização, de aprendizado também serão alterados, primeiro pelo fluxo de funcionamento daquele jovem em um ambiente habitualmente mais afetado ou vulnerável e desorganizado. Em nosso meio esse é um problema muito desafiador, porque temos uma população com nível de vulnerabilidade social muito grande, com grau de instrução de modo geral mais baixo”, explica Dr. Rogério.
O cenário atual potencializa a necessidade de capacitação dos profissionais de saúde, para oferecer atendimento especializado. Na Bahia há escassez de profissionais especializados para o tratamento de dependência química. O que inviabiliza muitas vezes a identificação precoce do uso abusivo de drogas, essa é a opinião da psicóloga Aline Gonzaga e do psiquiatra Rogério Jesus.
“No geral, os profissionais de saúde, até pela própria limitação da abordagem desse tema na formação, deixam passar da investigação clínica o uso de substância, e quando identificam, não conseguem ter um direcionamento adequado. Treinar o olhar e manejo dos profissionais para esse problema pode reduzir os números alarmantes que temos atualmente, ao melhorar a oferta de tratamento especializado”, finaliza.
SERVIÇO
Workshop “Desafios e Possibilidades do Tratamento dos Transtornos Adictivos”.
Data: 20/01 das 8h20 às 17h
Local: Auditório da ABM- Rua Baependi, 162 – Ondina
Inscrições: https://doity.com.br/desafios-possibilidades-no-tratamento-dos-transtornos-adictivos