Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade. A estimativa é da Organização Mundial de Saúde. O percentual de pessoas com sobrepeso nas capitais brasileiras e no Distrito Federal ultrapassou o daquelas com peso normal: 38% da população dessas cidades está acima do peso (informação da Agência Brasil)
Esse problema de saúde pública enfrenta um obstáculo ainda mais desafiador: a desinformação. Acreditar em mitos populares sobre o tema pode levar a medidas ineficazes e até mesmo prejudiciais, colocando em risco a saúde.
Para esclarecer as dúvidas mais comuns e ajudar na jornada por uma vida mais saudável, Dr. Gabriel Almeida, médico e autor de 3 livros sobre obesidade, desvenda as armadilhas que impedem o combate eficaz ao sobrepeso.
Fizemos um Q&A com as dúvidas das pessoas sobre o assunto. Confira:
Fazer dieta rigorosa é a saída para a perda de peso
MITO!
A dieta de muito baixa caloria é prejudicial, pois leva ao ganho de peso e prejuízo à saúde. Isso é um mito, pois sabemos que alguns pacientes precisam ter uma queda grande das calorias consumidas, uma dieta hipocalórica. Desta forma, conseguimos uma perda mais rápida, efetiva e maior aderência a se manter no tratamento. Claro que é necessário um acompanhamento adequado para suprir as necessidades básicas do organismo, mantendo-o saudável e nutrido. Para posteriormente, conseguirmos ajustar uma dieta mais fácil de se manter a longo prazo. A reeducação alimentar nada tem a ver com as chamadas dietas milagrosas, ou da moda, e seu papel é justamente auxiliar a sair do ciclo destes regimes rigorosos que prometem perda de peso, mas, na verdade, prejudicam o organismo.
Devemos cortar totalmente os carboidratos
MITO!
Cortar carboidratos pode levar a uma perda rápida de peso, mas não é por conta da perda de gordura. O carboidrato é um macronutriente importante, principalmente para fornecer energia para nossos músculos e funcionamento do corpo. Claro que, o consumo de carboidratos simples são prejudiciais para nossa saúde. Para isso, a importância de acompanhamento profissional, para a melhor escolha para seu padrão alimentar
Obesidade é doença?
SIM!
Temos que encarar a obesidade como doença e como toda doença, deve ser tratada. Obesidade tem que ser tratada com dieta e atividade física. Mito. Sabemos que dieta e atividade física, são ineficazes para a grande maioria dos pacientes. E por se tratar de uma doença crônica, a terapêutica medicamentosa tem indicação para uso prolongado, na grande maioria dos pacientes.
Medicação para perda de peso leva ao efeito rebote
MITO!
A terapia medicamentosa tem sido uma grande aliada para a perda e controle de peso, para quem tem indicação de uso. Qualquer perda de peso, seja ela por meio de medicação ou dieta, levará ao nosso corpo tentar reganhar o peso perdido. Sedentarismo aumenta risco de causar diversas doenças, inclusive, aumento da mortalidade.
Perder peso rapidamente pode ser a melhor maneira de mantê-lo?
SIM!
Em muitos casos, é importante uma perda rápida de peso de forma a estimular o paciente a aderir ao tratamento e manter os novos hábitos de vida. Sentir o resultado do tratamento faz com que o paciente se mantenha focado. Quando a perda de peso é muito lenta, muitas vezes o paciente fica desestimulado e desiste do tratamento.
Para emagrecer basta ‘vergonha na cara’?
MITO!
Tratando-se de pacientes com sobrepeso e obesidade, sabemos que força de vontade na grande maioria das vezes não é o suficiente, justamente por nosso corpo criar mecanismos para evitar o processo de perda de peso. Costumo dizer que o paciente acima do peso é uma vítima e não culpado. Então, força de vontade e ação individual, com apenas dieta e atividade física, não é o bastante, na grande maioria dos casos, sendo necessário acompanhamento médico e multidisciplinar adequado e, muitas vezes, terapêutica medicamentosa. Querer é uma parte muito importante do processo, com certeza. Mas, para executar com eficiência, é necessário acompanhamento profissional.
A obesidade pode ser determinada apenas pelo IMC?
MITO!
A avaliação do IMC é a forma mais clássica e simples para classificar as faixas de peso em que o paciente se encontra. No entanto, ela pode ser insuficiente para determinados tipos de pacientes, que podem apresentar obesidade oculta ou obesidade sarcopênica. Então avaliar a composição corporal é fundamental.
O grande vilão é o metabolismo lento?
MITO!
Sabemos que o metabolismo lento pode contribuir para dificultar a perda de peso, mas é importante entender a obesidade como uma doença multifatorial. Então outras alterações podem contribuir para o ganho de peso e dificuldade para perdê-lo.