O projeto cineclubista do Vila realiza sessões a preços populares, incluindo rodas de conversas com diretores e convidados, na programação da exposição “Vila Velha, Por Exemplo – 60 anos de um teatro do Brasil”
Com curadoria do diretor artístico do Teatro Vila Velha, Marcio Meirelles, e do cineasta Rafael Grilo, o projeto CineVila completa uma década com uma mostra especialmente nacional, com destaque para a cinematografia baiana, dentro do programa educativo da exposição comemorativa “Vila Velha, Por Exemplo – 60 anos de um teatro do Brasil”.Toda terça-feira, às 18h30, na Sala de Arte CineMAM, o público tem a oportunidade de assistir a uma obra audiovisual, reunindo diferentes estilos, gêneros, temáticas e formatos, em que algumas sessões contarão com a presença dos diretores e convidados.
Para a mostra, foram selecionados filmes que guardam uma relação próxima com o Vila. Só para ter uma ideia desse panorama, esse menu vai desde produções como “Placebo”, de Wagner Moura, filmado por ele como seu trabalho de conclusão de curso, na Facom/UFBA; clássicos premiados internacionalmente, como “Deus e o diabo na terra do sol” (Glauber Rocha, 1964), e o contemporâneo “A Matriarca” (Lula Oliveira, 2022); além de registros de peças numa linguagem híbrida de cena/cinema como “Jango, uma Tragedya” (Rafael Grilo) e “uma Leitura dos Búzios” (Grilo e Marcio Meirelles). Também estarão na mostra: “O Jardim das Folhas Sagradas” (Pola Ribeiro, 2011) e “Bando, um Filme de” (Lázaro Ramos e Thiago Gomes, 2018), “O Caipora” (Oscar Santana) e “O Outro Lado da Memória” (André Luiz Oliveira). Ingressos por R$ 5,00 (preço único). Mais detalhes e informações no Instagram @teatrovilavelha, através do telefone 71 99936-5760 e no site http://saladearte.art.br/
As ações do educativo da primeira exposição de artes visuais do CCBB Salvador cumprem também o propósito do programa “O Vila Ocupa a Cidade”, que mantém o eterno movimento de expansão das atividades do teatro por diferentes espaços da capital. E compõe uma série de colaborações previstas enquanto dura a reforma do espaço, que presta ininterruptamente serviços ao país, formando artistas, coletivos e estéticas, produzindo conteúdos inovadores, refletindo e debatendo questões urgentes da sociedade e construindo políticas culturais de inclusão e acesso, em parcerias com comunidades, instituições, grupos e festivais de diversos municípios, estados e países.
O patrocínio da exposição “Vila Velha, Por Exemplo – 60 anos de um teatro do Brasil” é do Banco do Brasil, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal, com apoio do Museu de Arte Moderna da Bahia, Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural e Secretaria Estadual da Cultura. A produção é da Janela do Mundo com coprodução do Teatro Vila Velha.
CONFIRA ABAIXO PROGRAMAÇÃO DE OUTUBRO DO CINEVILA MOSTRA VILA VELHA, POR EXEMPLO
DIA 08/10
“Placebo” ( Wagner Moura e Mateus Ribeiro, 1999) – Bate-papo após a sessão com Marcio Meirelles. Duração do filme: 17min.
O curta-metragem Placebo, dirigido por Wagner Moura e Mateus Ribeiro em 1999, filmado quase integralmente no palco do Vila Velha, é uma adaptação do conto de Rubem Fonseca. Narra a história de um homem acometido por uma doença degenerativa. À medida em que a enfermidade avança e impõe restrições ao seu corpo, ele passa a ter crescente dificuldade com todo seu entorno, do trabalho aos relacionamentos pessoais. As condições pioram cada vez mais e ele se mostra capaz de tudo para encontrar uma cura para a doença. Até que o personagem principal de Placebo (Marcio Meirelles) encontra um homem misterioso (Lázaro Ramos) que diz conhecer alguém que possui a cura para seu mal. Só que o preço a pagar pelo tratamento envolve muita coisa, além de dinheiro.
À época do filme, Wagner Moura tinha uma relação cotidiana com o Vila, participou do grupo residente Cereus, apresentou espetáculos no teatro e participou de vários projetos. O filme traz Marcio Meirelles, em uma das suas raras aparições como ator. Lázaro Ramos é outro atrativo da produção, já demonstrando em cena várias das qualidades que o consagraram como um dos atores mais elogiados de sua geração. Além dos dois, Nadja Turenko, Clécia Queiroz, Evelyn Buchger, Wilson Melo, Marcelo Praddo e Ricardo Castro, fazem pare do elenco.
Dia 08/10 (terça-feira) às 18h30, na Sala de Arte CineMAM; Ingresso R$5,00 (preço único).
“A Faca e o Rio” (George Sluizer, 1972) – Bate-papo após a sessão com Marcio Meirelles. Duração do filme: 58min
O filme foi uma descoberta recente, após seu relançamento, em 2018, no Festival de Cannes, como um clássico do festival. Nele joão Augusto Azevedo, primeiro diretor e um dos construtores do Vila, faz talvez sua única participação, como ator, num filme.
Produção Brasil/Holanda lançada em 1972, A Faca e o Rio conta com direção do cineasta holandês George Sluizer e sua história é baseada no livro homônimo do escritor brasileiro Odylo Costa Filho. Foi o candidato brasileiro ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e também participou do Festival de Cannes
Para quem não conheceu o criador do Teatro Vila Velha é uma oportunidade de vê-lo em movimento e som e cor. A trama se passa em um ambiente remoto do Nordeste brasileiro e explora as tensões emocionais e psicológicas de João da Grécia (interpretado por Jofre Soares), um ancião que vive com sua esposa (interpretada por Ana Maria Miranda), quarenta anos mais jovem.
Dia 08/10 (terça-feira) às 18h30, na Sala de Arte CineMAM; Ingresso R$5,00 (preço único).
DIA 15/10
“Deus e o Diabo na Terra do Sol” (Glauber Rocha, 1964) – Duração: 02h03min
Neste filme, Othon Bastos, ator do grupo Teatro dos Novos, faz o papel de Corisco. Segundo Othon, Glauber se inspirou numa leitura de um texto de Brecht, apresentada pelo grupo, a que ele assistiu quando foi encontrar o ator, para levá-lo para as filmagens, e isso mudou o roteiro do filme para ganhar o tom brechtiano que tem.
Na exposição “Vila Velha, por Exemplo” está um rascunho do recibo de cem mil cruzeiros pagos pelo cineasta “a título de indenização” pelo afastamento de Othon Bastos dos ensaios de “Eles não usam Blequetai”, por 15 dias, para filmar “Deus e o Diabo”.
Um dos clássicos do cinema brasileiro, Deus e o Diabo na Terra do Sol conta a saga do sertanejo Manoel (interpretado por Geraldo Del Rey) e de sua mulher Rosa (interpretada por Yoná Magalhães). Foi a escolha oficial para representar o Brasil no Festival de Cannes de 1964, tendo também representado o país na edição do Oscar de 1965. A direção é de Glauber Rocha, criador que teve frequente relação com João Augusto, diretor artístico do Teatro Vila Velha. Othon Bastos, ator do grupo Teatro dos Novos, fundador do Vila, tem destaque no elenco, interpretando o cangaceiro Corisco. Sônia dos Humildes, atriz também ligada ao Vila, interpreta a cangaceira Dadá.
O filme foi gravado na região da cidade de Monte Santo, na Bahia, e em votação realizada em 2015 entrou na lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, organizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Obra visceral, mas carregada de simbologia e beleza, Deus e o Diabo na Terra do Sol retrata um período muito importante na história do país: a República Velha. A dualidade apresentada no título é ressaltada no filme através de dois movimentos de contestação contra o governo vigente: através da prática missionária e do cangaço, que representam Deus e o diabo, respectivamente. Dia 15/10 (terça-feira) às 18h30, na Sala de Arte CineMAM; Ingresso R$5,00 (preço único).
DIA 22/10
Jango, uma Tragedya (Rafael Grilo, 2014) – Duração:
Jango, uma Tragedya é a única peça teatral escrita por Glauber Rocha. As ideias de João Goulart, presidente do Brasil entre 1971 e 1974, confundem-se com o pensamento do próprio cineasta, que conheceu o político em 1972, durante o exílio, e com quem compartilhou uma admiração recíproca. A peça foi escrita em 1976. “A morte de Jango foi um golpe muito forte para o Glauber. Quando voltou do exílio, Glauber tinha um projeto político, estético para o Brasil, e o Jango estava nesse devir político, estético de um novo país”, recordou a cineasta Paula Gaitán, viúva do artista, em entrevista realizada para a criação do programa da montagem teatral realizada pelo Teatro Vila Velha com a universidade LIVRE, em 2014 para relembrar os 50 anos do teatro e do golpe civil/militar de 64.
As imagens do filme foram feitas durante a reposição da peça em 2018, por uma equipe liderada por Lula Oliveira. A direção e edição pós-cinema é de Rafael Grilo.
Dia 22/10 (terça-feira) às 18h30, na Sala de Arte CineMAM; Ingresso R$5,00 (preço único).
DIA 29/10
“A Matriarca” (Lula Oliveira, 2022) – Duração: 01h40min
Lula Oliveira trabalhou muito próximo do TEatro Vila Velha, na criação do roteiro. Uma leitura cênica foi feita pelas atrizes e atores do VIla, antes de ganhar sua forma definitiva; e depois, na oficina para escolha de elenco e na preparação de elenco do filme teve o diretor Marcio Meirelles como colaborador.
Está planejada uma grande festa para comemorar os 90 anos da matriarca de uma família. Seus seis filhos, que moram em locais diferentes e não se reúnem há muitos anos, vão para o encontro, mas, no dia marcado, a matriarca morre. Juntos agora para o velório, os irmãos revivem o passado em comum e revelações podem mudar o destino de todos eles para sempre.É assim que se desenvolve o filme A Matriarca, do cineasta baiano Lula Oliveira, uma produção que foi às telas pela primeira vez em 2022, em cidades da Bahia, inclusive Salvador. Um ano depois, teve destaque no Los Angeles Brazilian International Film Festival, evento no qual recebeu duas menções honrosas, incluindo uma para o ator Caco Monteiro pelo conjunto de sua obra.
Dia 29/10 (terça-feira) às 18h30, na Sala de Arte CineMAM; Ingresso R$5,00 (preço único).