Érica Rocha Cardoso Carille, professora de Matemática no Colégio Presbiteriano Mackenzie – Tamboré
Quando estudamos a resolução de um problema matemático, analisamos, a priori, os dados desse problema para depois ver quais “ferramentas”, propriedades e operações deveremos aplicar para chegar ao resultado correto ou satisfatório.
Com base nessa perspectiva e como professora de Matemática há quase vinte anos, afirmo que pude observar e detectar alguns pontos que contribuem de forma negativa para o processo de aprendizado dos estudantes.
O problema apresentado como tema não é classificado como de nível difícil, como julgam alguns especuladores no assunto. A questão primordial é mostrar ao aluno a importância de saber aquele determinado conteúdo matemático que está sendo explanado, mesmo que ele seja só de letras em vez de números e, para tal, precisa-se exemplificar a real UTILIDADE daquilo que está sendo ensinado e não apenas apontar a relevância dele para o vestibular, pois a simples justificativa da relevância não é o suficiente, como apontam os baixos índices de aprendizagem em Matemática nas escolas públicas ou privadas do Brasil.
Esse apontamento insatisfatório vem de longa data, não é apenas essa “geração” que se indaga o porquê de tal assunto. O problema maior é que, pensando nos estudantes de hoje, há um agravante: atenção a curto prazo.
Diferente dos alunos do passado, os atuais não buscam apenas a utilidade, querem também sentir prazer imediato, satisfação no que estão “dispensando” sua atenção e seu tempo. E quando isso não ocorre, eles simplesmente ignoram o que está sendo trabalhado e transferem sua atenção para qualquer distração, que hoje são o celular e as redes sociais.
Voltando aos passos para a resolução, agora que analisamos os dados desse problema, busquemos quais “ferramentas” devemos usar e a primeira, por sua importância e obrigação, é a condução dos responsáveis na educação de seus filhos, com a necessidade de implantar uma rotina de estudos, o respeito ao cumprimento de normas e regras, o acompanhamento constante e não negligenciado, o apoio dos parceiros, como o colégio, por exemplo, entre outros. Caminhando juntos nessa fase de fundamental importância de amadurecimento, resiliência e formação de caráter dos nossos estudantes, provavelmente, alcançaremos melhores resultados.
A segunda ferramenta é o professor, que faz a mediação desse ensino, na conduta em sala de aula, na atenção dispensada em seu planejamento, na escolha da procedência da aula que contribua para a aprendizagem desse estudante sem deixar lacunas e promovendo seu desenvolvimento saudável e eficaz, podendo utilizar a tecnologia como um aliado no aprendizado e não como outro dificultador.
Infelizmente, mesmo em instituições muito bem estruturadas, com todos os recursos disponíveis, se houver qualquer falha nessa comunicação, uma postura inadequada de qualquer um dos lados, o sistema de equações não fecha e a lacuna é implantada e, como um efeito estufa, torna-se cumulativa.
O nosso corpo, para desenvolver de forma saudável precisa exercitar, receber alimentos benéficos para um bom funcionamento, assim como o nosso cérebro. Na Matemática, podemos definir o treino como a terceira ferramenta, aplicando de forma constante a observação e aplicabilidade dos conteúdos no cotidiano.
O não uso dessas ferramentas acarretará a busca de um culpado por não conseguir aprender os conteúdos matemáticos, e a Matemática não é a vilã dessa estatística e sim a solução de ampliados âmbitos de nossas vidas.
Ressalto que não basta apenas o Poder Público deve fazer sua parte, que obviamente têm sua importância na base e no fornecimento de recursos para educação, mas as lacunas que estão mais perto de nós, que são os pais, os responsáveis, o professor e a escola, pois o quebra-cabeça não conclui com sucesso se faltar uma peça.
O aprendizado na Matemática está mais relacionado à postura de todos os envolvidos do que na escolha de conteúdos programáticos.
A eficácia na aprendizagem de nossos estudantes, sem lacunas, será obtida quando solucionarmos e alcançarmos o grande desafio que é trazer este estudante ao interesse de aprender, promovendo a visualização e constatação da UTILIDADE e SATISFAÇÃO em aprender Matemática.
Sobre os Colégios Presbiterianos Mackenzie
Os Colégios Presbiterianos Mackenzie são reconhecidos, hoje, pela qualidade no ensino e educação que oferecem aos seus alunos, enraizada na antiga Escola Americana, fundada em 1870, pelo casal George e Mary Chamberlain, em São Paulo. A instituição dispõe de unidades em São Paulo, Tamboré (em Barueri-SP), Brasília (DF) e Palmas (TO). Com todos os segmentos da Educação Básica – Educação Infantil (Maternal, Jardim I e II), Ensino Fundamental e Ensino Médio, procura o desenvolvimento das habilidades integrais do aluno e a formação de valores e da consciência crítica, despertando o compromisso com a sociedade e formando um indivíduo capaz de servir ao próximo e à comunidade. No percurso da história, o Mackenzie se tornou reconhecido pela tradição, pioneirismo e inovação na educação, o que permitiu alcançar o posto de uma das renomadas instituições de ensino que mais contribuem para o desenvolvimento científico e acadêmico do País.