Por João Gonzalez Passos
Julia, hoje com 72 anos e Hélio com 77, a bordo de um curto voo partindo de Belo Horizonte com destino a Salvador quando darão continuidade ao presente de Bodas de Ouro que seus filhos e netos cotizaram para lhes proporcionarem a alegria de voltarem à cidade campestre onde viveram a sua infância, os seus romances e, consequentemente as suas núpcias.
Folheando o álbum de fotografias muito bem elaborado por um dos netos, expert na arte fotográfica, no qual entremeou fotos do passado com as mais recentes, incluindo as da festa memorável, a qual reuniu uma imensa família ramificada por várias regiões do país, foram recordando um passado tranquilo, rotineiro e sem muitas aventuras.
Sabiam muito bem que a cidade pouco tinha mudado, por ser a região exclusivamente rural. Poucas famílias, poucas opções de casamento e de ascensão social. Julia considerava-se afortunada por ser a mais bela moça da cidade e ter-se enamorado pelo filho do fazendeiro mais rico da região.
Primeiro e único namorado, consequentemente leva ao matrimônio, mesmo sem a devida experiência em convívio a dois, pois o namoro, com o devido recato e respeito, só acontecia no período de férias escolares com a chegada de Hélio.
Julia, na sua vida rotineira, limitava os seus conhecimentos românticos a sonhar nas leituras ilusórias da época. Já Hélio, na sua vida universitária, como era de praxe na cidade e no companheirismo, desfrutava de toda sorte de orgias sexuais, mantidas em total segredo.
Eis que, acomodados no confortável hotel, Hélio, entusiasmado pelas recordações proporcionadas pelas fotos do álbum, resolveu narrar os segredos da sua vida mundana. Na verdade, não se tratava de um desabafo ou de uma confissão, mas sim uma vontade incontida de, através do relato, estimular o reviver dos prazeres do passado.
E assim, a uma Julia bem atenta, ele foi narrando detalhadamente, as peripécias sexuais que praticava durante a sua juventude. O seu relato feito com tanto entusiasmo, foi despertando na mulher, incialmente uma curiosidade, mas logo continuada por uma sensação de embarque nessas aventuras.
Hélio que sempre foi um bom orador, embora inicialmente não tivesse a intenção de despertar tais sentimentos na mulher, porém percebendo os efeitos do seu relato e antegozando as suas consequências, impingiu mais adjetivos e mais dramaticidade.
Julia quedava-se naquele ambiente acolhedor da suíte do hotel, sentada na confortável cama king-size, atônita. Sua aparência era de um misto de surpresa por saber da existência de tais atividades exercidas por um homem com uma mulher e estar bem à frente do próprio. Mas, também sentia um imenso e jamais experimentado desejo de ser uma protagonista de todas aquelas aventuras ali narradas.
Hélio, percebendo tal transformação no semblante de sua esposa, sentiu a grande oportunidade de extravasar toda a frustração contida nesses longos anos de uma pacata vida conjugal.
– Que tal eu lhe demonstrar um pouco do que falei? Tenho certeza de que vou lhe proporcionar um prazer que você jamais experimentou, disse-lhe Hélio.
– O que por exemplo? Perguntou Julia, um pouco envergonhada, mas deveras curiosa.
– Podemos começar pelo sexo oral. Respondeu Hélio.
-Você não acha que não fica bem pra nossa idade? Argumentou ela, embora no fundo ansiasse para que ele não desistisse.
– Que nada. Hoje todo mundo pratica sexo oral. Antigamente era só “mulher da vida”. Tenho certeza de que você vai gostar. Eu vou lhe ensinar. Eu vou lavar bem lavada a minha rola e você faz o mesmo com a sua xereca.
Depois do caprichado asseio, voltaram ambos para a cama. Ela, recatada em um babydol novo e sem calcinha. Ele, completamente nu e iniciando uma excitação. Ela deitou-se de lado e ele ajoelhou-se na altura do seu rosto, roçando o pênis nos seus lábios. Ela cheirou e comprovou que estava bem lavado.
– Dê uns beijinhos como se fossem uns selinhos, pediu ele, encostando toda a glande exposta em sua boca.
Ela começou a beijar timidamente a extremidade do pênis e à medida que sentia o calor da excitação, ela foi se animando e passou a dar beijos mais demorados e em volta, não só da glande, como também de todo o pênis.
– Ponha ela em sua boca e chupe como se fosse um picolé, pediu Hélio.
– Mas você não vai gozar na minha boca não é? Protestou Júlia.
– Não, eu não vou não. Eu me controlo.
Ela começou, já agora descontraída, a chupar a parte macia da glande, sentindo o prazer que aquela quentura lhe proporcionava. Depois foi colocando o pênis todo em sua boca e sugando em movimentos de entra e sai como se dele quisesse extrair algum prazer interminável.
Hélio, ajoelhado na cama, se sacudia todo, deliciando-se com aqueles carinhos que jamais havia desfrutado com sua mulher. Com ambas as mãos, lhe apertava os ombros até que não aguentou mais se controlar e retirou abruptamente o pênis da boca de Julia. Caiu deitado na cama, enquanto a ejaculação se processava descontraída.
Julia, deitada junto, com o queixo apoiado nas mãos, admirava aquele espetáculo semelhante a um gêiser em erupção.
– Você vai fazer comigo também? Eu estou com muita vontade. Disse Julia, descaradamente.
– Claro que vou. Você vai adorar. Respondeu ele, enquanto se dirigia ao banheiro para se limpar.
Ao voltar, puxou Julia pelas pernas para a beira da cama, posicionando aí os seus quadris. Ajoelhou-se no chão, colocando os pés dela sobre os seus ombros de forma que a sua cabeça ficasse totalmente escondida na entrada do prazer.
O espetáculo lembrava aqueles fotógrafos ambulantes que atuavam em alguns jardins de Salvador. A câmera era grande e ficava posicionada em um imenso tripé bem defronte da pessoa que ia “tirar retrato”. O fotógrafo colocava a cabeça dentro daquela caixa e cobria totalmente com um pano preto. Talvez, por esse motivo fosse cognominado de “lambe-lambe”.
Apesar da experiência com suas colegas da faculdade e algumas amigas do trabalho, Hélio jamais pensou que chegaria o dia no qual ele seria compelido a praticar tais orgias com a sua esposa. A mulher que foi eleita para ser a cuidadora do lar e dos filhos. O dia em que aquele sexo insosso exigiria algumas nuances para quebrar a rotina de muitos anos passados.
O nariz aproximou-se bastante da vagina e sentiu que estava bem lavada, pois exalava um odor cativante de desejo. Foi-lhe beijando bem de leve pelas extremidades. Julia não costumava depilar-se mas estava com os pelos bem aparados e macios. Depois passou a morder levemente os lábios vaginais com a boca. Todos esses movimentos provocavam em Julia um estremecimento do seu corpo, pois eram sensações jamais experimentadas.
Após uma curta parada estratégica, necessária para que o corpo bem assimile o pacote de prazer, segue-se uma avalanche de beijos por todas as partes da vagina, a partir do clitóris. O nariz penetra o mais profundo que pode para poder sentir o desejo a exalar. Os lábios e a língua buscam freneticamente todas as partes em movimentos ascendentes e descendentes e também laterais.
Nova parada estratégica, essa mais curta pois percebe-se que aquele corpo feminino anseia pela continuidade, quiçá eternamente. Nessa nova investida, a boca vai direto ao clitóris e o suga e o mordisca e o chupa com tanto ardor que parece querer arrancá-lo. A boca se enche desse clitóris, agora entumecido e rígido, chupando-o sem parar enquanto a língua lhe massageia ora com a ponta, ora com todo o corpo.
Hélio sentia-se gratificado porque aquela experiência era inusitada. Não podia comparar-se com as passadas, pois diante dele estava uma mulher que nunca tinha experimentado tanto prazer quanto o que ele se dignava a proporcionar.
Julia, depois de debater-se freneticamente, a soltar gritinhos de prazer, gozou descontrolada e abundantemente como nunca tinha gozado na vida. Aí, quedou-se inerte como que desfalecida e entregou-se a um sono bem profundo. Hélio deitou-se ao seu lado e dormiu também, com a consciência de que a tinha presenteado condignamente em suas Bodas de Ouro.
No meio da madrugada, Hélio acordou e vendo as luzes todas acesas, levantou-se para ir ao sanitário. Ao voltar, já ia desligar as luzes, quando percebeu a sua mulher com as pernas abertas ainda na beira da cama. Na sua alucinação, ele viu a vagina a lhe piscar e convidá-lo para uma nova investida. Alucinação ou não, ele atendeu ao chamamento. Só que a ereção não era suficiente para atender à vontade que ele estava de penetrar.
Aí, Julia acordou cheia de vontade de sentir perpetrar-se aqueles esforços. Afinal, depois de algumas tentativas, venceu a persistência e que alegria tamanha é uma vagina já inativa, sentir-se penetrar por algo quente de um homem.
– Como está gostoso, meu filho. Eu já tinha esquecido como era, disse Julia. E completou – Mas eu estou achando mais grossa.
– Pudera! Está entrando dobrada, respondeu Hélio.
Não houve ejaculação de nenhum deles. Porém ficaram ali estáticos, abraçados por um longo tempo. Ela, adorando sentir dentro de si algo que parecia estar lhe transportando para um paraíso.
Durante o café da manhã, animados com a noitada prazerosa, combinaram visitar o local onde tinham praticado sexo pela primeira vez. Episódio que foi a causa da antecipação do casamento.
Após o almoço, fretaram um taxi para leva-los à fazenda que tinha pertencido ao pai de Hélio. Estacionaram próximo à fazenda e pediram ao motorista que esperasse para conduzi-los de volta. Entraram em um bar vizinho e, enquanto lanchavam, foram recordando as peripécias daquele dia memorável.
– Lembra? Foi encostado na cerca, só que do lado de dentro. Nós estávamos com um fogo desgraçado! Depois veio uma cabra e ficou lambendo o sangue. Lembrou Hélio.
– Foi mesmo. Foi gostoso, mas doeu um pouco. Mas o prazer foi tanto, lembrou Julia.
– Vamos fazer novamente? Eu estou animado.
– Vamos sim. Eu topo.
– Então, você vai ao banheiro. Tira a calcinha e coloca dentro da bolsa e aí já vem pronta.
O motorista do taxi, bisbilhoteiro, para não fugir à regra, a tudo ouviu e pensou: – Velhos desaçuntados. Estão combinando fazer putaria na cerca. Desse mato aí não espirra coelho nenhum. Eu vou espiar só pra ver a merda que vai dar. – E assim se escondeu.
Na maior ansiedade, ao aproximar-se do local combinado, ele já foi lhe penetrando em pé. Quando o pênis já tinha penetrado a vagina, eles começaram a gozar e se encostaram na cerca. O frenesi dos dois foi de meter inveja a qualquer um. O casal se sacudia e urrava sem parar. O motorista, que a tudo assistia, estava perplexo, pois jamais tinha visto um desempenho sexual desse tipo.
Afinal, após alguns minutos de total descontrole, eles tiveram seus corpos jogados um para cada lado, totalmente exaustos. O motorista que não continha a surpresa, aproximou-se para ajuda-los a se erguerem e não conteve a curiosidade:
– Senhor, eu ouvi toda a conversa de vocês e vim bisbilhotar. Francamente, vocês são muito bons de sexo. Eu nunca vi um desempenho desses. Qual é o segredo de vocês? – Perguntou o motorista.
– Hélio respondeu: – É que a cerca agora é elétrica!