Com direção de Marcio Meirelles, o espetáculo já foi por mais de 4 mil pessoas e indicada ao Prêmio Shell de Teatro pela temporada no Rio de Janeiro em 2022
No dia 6 de dezembro, quarta-feira, 20h, o espetáculo “Do outro lado do mar” celebra a sua 50ª apresentação em sessão única no Teatro Sesc Casa do Comércio, integrando o projeto Sesc Encena, com ingressos a preços populares (R$20 e R$10). Dirigida por Marcio Meirelles, a montagem foi assistida por mais de 4 mil espectadores e indicada ao Prêmio Shell de Teatro pela sua temporada no Rio de Janeiro, em 2022. Entrou na lista dos melhores espetáculos do ano de 2021, segundo o crítico paulistano José Cetra, por sua temporada virtual, e em Salvador realizou três temporadas de sucesso no Teatro Vila Velha. Os ingressos para a sessão especial no Teatro Sesc Casa do Comércio podem ser comprados na bilheteria do espaço ou pelo site sympla.com.br/teatrosesccasadocomercio .
Produzida pelo Teatro Vila Velha, a peça inaugura um movimento de expansão das atividades do Vila Velha por diferentes espaços da cidade, agora que o equipamento será fechado para uma grande reforma, patrocinada pela Prefeitura de Salvador. A parceria com o Sesc Bahia é a primeira de uma série de colaborações que estão previstas para os próximos meses, possibilitando que o Vila não apenas mantenha-se em atividade, como também alcance novos públicos e regiões da cidade. Teaser do espetáculo: https://www.youtube.com/watch?v=HA78P-HhV2Q&t=18s
Primeira versão no Brasil da obra de Jorgelina Cerritos, premiada autora latino-americana natural de El Salvador, “Do outro lado do mar” é uma reflexão poética sobre temas como identidade, trabalho e solidão. Com atuação de Andréa Elia e Edu Coutinho, a peça narra um encontro inusitado entre um pescador e uma servidora pública, funcionária de um cartório municipal. O homem, que não tem nome, sobrenome ou qualquer registro civil, precisa da emissão de um documento que comprove a sua própria existência. Ela, trabalhadora exemplar, transferida para um balcão de atendimento numa praia deserta por estar perto de se aposentar, recebe com espanto o pedido do rapaz. Ao longo de seis dias, os personagens vão revelando-se um ao outro, numa história repleta de beleza e poesia.
“Fazemos essa peça há dois anos e o que mais chama a nossa atenção é a capacidade de comunicação que ela tem com o público. As pessoas se veem ali, reconhecem traços seus em cada um desses dois personagens. E saem refletindo sobre suas vidas, seus desejos, suas atitudes, e sobre as forças que as conduzem a viver, desejar, agir assim – ou de outro jeito”, comenta Edu Coutinho, que além de atuar assina a tradução do texto para o português, com a colaboração do encenador Marcio Meirelles.
A montagem é um dos marcos dos 50 anos de carreira de carreira do diretor Márcio Meirelles. “Estou envolvido com a peça desde o começo de 2022, quando fizemos a transliteração e a reposição na cena presencial desse espetáculo que foi criado para uma cena virtual. É uma peça sobre a identidade que você tem e a identidade que você é obrigado a ter. As imposições sociais, as estruturas, o sistema que impõe identidades e o que isso provoca em pessoas diferentes. Uma peça que fala daquelas pessoas que estão à margem e daquelas que fazem parte do sistema de alguma forma, mesmo que dentro do sistema estejam em uma posição marginalizada. Esse é o caso de Dorotéia, que é uma pessoa à margem dentro de um sistema. Já o Pescador é um personagem à margem do sistema, à margem de tudo, ele vive do outro lado do mar. E esse mar é uma infinidade de coisas, uma infinidade de conteúdos, é uma imensa profundidade azul, como o mar é”, reflete o encenador.
Diretor artístico do Teatro Vila Velha, Meirelles celebra o novo momento do equipamento, que, prestes a completar seus 60 anos, prepara-se para uma obra de revitalização, financiada pela Prefeitura de Salvador. “Essa é a primeira ação da ocupação que o Teatro Vila Velha vai fazer na cidade, já que o seu espaço físico está fechado para uma reforma que vai requalificar e adequar o prédio aos padrões atuais de acessibilidade e de segurança contra incêndio. Faremos desse fechamento um tubo de ensaio, um laboratório para construir uma política de acessibilidade ampla, que será anunciada muito em breve”, conclui. O Teatro Vila Velha conta com o apoio financeiro do Fundo de Cultura do Governo do Estado da Bahia.
“Do outro lado do mar” tem trilha sonora ao vivo executada pelo músico Ramon Gonçalves e direção musical assinada pelo próprio Ramon em parceria com Caio Terra. O espetáculo tem projeto audiovisual realizado por Rafael Grilo, com projeção de imagens e duas câmeras em captação ao vivo. A operação de luz é realizada por Marcos Dede, que também assina colaboração no desenho de luz, e a operação de som é executada por Thiago Vinicius. Além da direção, Marcio Meirelles assina desenho de luz, figurinos e cenário. Pelo cenário, o artista recebeu uma indicação ao prestigiado Prêmio Shell de Teatro 2022.
“Celebrar a 50ª apresentação do espetáculo ‘Do Outro Lado do Mar’ é respeitar o fluxo das marés! O próprio texto da peça é marcado pelo vaivém das ondas. Estreamos na pandemia descobrindo com a maestria de Márcio Meirelles como fazer teatro nas salas de nossas casas, que viraram estúdios. Depois veio a emoção das temporadas presenciais no Teatro Vila Velha, o nosso porto seguro, o sucesso no Teatro Poeirinha, no Rio De Janeiro, destacando a força da dramaturgia latino-americana. Agora aportamos nesse belo teatro Sesc Casa do Comércio. Se navegar é preciso, seguimos na rota precisa de quem navega com fé no Teatro e certamente um novo público estará conosco”, comemora a atriz Andréa Elia.
SERVIÇO:
“DO OUTRO LADO DO MAR”
Data: 06 de dezembro, quarta-feira (única apresentação)
Horário: 20h
Local: Teatro Sesc Casa do Comércio
Endereço: Av. Tancredo Neves, 1109 – Caminho das Árvores, Salvador – BA
Informações: @dooutroladodomar
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou através do site www.sympla.com.br/teatrosesccasadocomercio
Classificação Indicativa: 12 anos
Duração: 60 minutos
FICHA TÉCNICA:
texto JORGELINA CERRITOS | tradução EDU COUTINHO com a colaboração de MARCIO MEIRELLES | revisão da tradução RITA ROCHA | elenco ANDRÉA ELIA . EDU COUTINHO
| cenário . figurino . desenho de luz. encenação MARCIO MEIRELLES | assistência de direção presencial CAIO TERRA | assistência de direção virtual CLARA TROCOLI | colaboração no desenho de luz . operação de luz MARCOS DEDE | música CAIO TERRA . RAMON GONÇALVES | tema da sereia TATO TABORDA | trilha sonora ao vivo RAMON GONÇALVES | operação de som THIAGO VINÍCIUS | produção audiovisual . operação de vídeo RAFAEL GRILO |arte gráfica RAMON GONÇALVES | produção ANDRÉA ELIA . EDU COUTINHO | realização TORÓ PRODUÇÕES . COMPANHIA TEATRO DOS NOVOS . TEATRO VILA VELHA
SOBRE MARCIO MEIRELLES
Fundador do grupo Avelãz e Avestruz (1976-1989), criador e diretor do Espaço Cultural A Fábrica (1982) e diretor de um dos maiores centros culturais do Brasil – o Teatro Castro Alves (1987-1991). Em 1990 criou juntamente com Chica Carelli o Bando do Teatro Olodum. Revitalizou o Teatro Vila Velha e assumiu a direção artística em 1994. Entre seus trabalhos no teatro, destacam-se: o espetáculo “Ó Pai Ó!”, com o Bando de Teatro Olodum; “Candaces – A Reconstrução do Fogo” (2003), do grupo carioca Companhia dos Comuns, que virou samba enredo do Salgueiro no carnaval de 2007. Também co-dirigiu, com Werner Herzog, o espetáculo “Sonhos de uma Noite de Verão”, no Rio de Janeiro, para a ECO 92. Dirigiu, para o Bando, nova versão da comédia de Shakespeare premiada como melhor espetáculo pelo Prêmio Braskem, em 2006. Foi Secretário de Cultura do Estado da Bahia (2007-2010) e, em junho de 2011, assumiu novamente a direção do Teatro Vila Velha, onde criou em 2013 a Universidade Livre de Teatro Vila Velha. Em 2019, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia. Dirigiu mais de 100 espetáculos, entre realizações no Brasil, na Europa e na África. Em 2022, marca os seus 50 anos de teatro com realizações artísticas em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.