Por Ulisses Jadanhi, mestre em psicologia forense e criminal, psicanalista e professor de Psicanálise
O bem-estar mental é um tema cada vez mais discutido e valorizado em nossa sociedade. No entanto, muitas vezes, a abordagem dada a esse assunto se limita à ausência de doenças mentais, como ansiedade e depressão. Embora seja crucial reconhecer e tratar essas condições, é igualmente importante compreender que o bem-estar mental vai além da mera ausência de doença. Ele se refere a um estado de funcionamento psicológico e emocional saudável, que permite que as pessoas vivam uma vida plena e significativa.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o bem-estar mental é definido como “um estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza suas próprias habilidades, lida com o estresse normal da vida, trabalha de forma produtiva e frutífera e contribui para sua comunidade”. Essa definição destaca a importância de olhar para a saúde mental de uma perspectiva positiva, enfatizando não apenas a ausência de doença, mas também a presença de fatores que promovem o florescimento humano.
A psicologia positiva, um campo de estudo que se concentra nos aspectos positivos da experiência humana, identificou seis fatores-chave que contribuem para o bem-estar psicológico: autonomia, domínio do ambiente, crescimento pessoal, relações positivas com outros, propósito de vida e autoaceitação.
A autonomia refere-se à capacidade de tomar decisões e agir de acordo com os próprios valores e interesses, sem ser excessivamente influenciado por pressões externas. Esse senso de controle sobre a própria vida é fundamental para a saúde mental, pois promove a sensação de empoderamento e autenticidade.
O domínio do ambiente diz respeito à capacidade de lidar efetivamente com os desafios e demandas do ambiente em que vivemos. Isso envolve habilidades de resolução de problemas, resiliência e adaptabilidade, que nos permitem enfrentar os obstáculos da vida de maneira construtiva.
O crescimento pessoal refere-se à busca contínua de desenvolvimento e aprendizado. Quando nos desafiamos a adquirir novas habilidades, a enfrentar novas experiências e a expandir nossos horizontes, estamos alimentando nosso bem-estar mental e promovendo um senso de progresso e realização.
As relações positivas com outros são fundamentais para a saúde mental e emocional. Ter conexões significativas e de apoio com amigos, familiares e comunidade promove o senso de pertencimento, a capacidade de compartilhar alegrias e dificuldades, e a sensação de ser valorizado e amado.
O propósito de vida refere-se à percepção de que nossa existência tem um significado e uma direção. Ter um senso de propósito nos motiva, nos dá um senso de direção e nos ajuda a encontrar significado nas experiências cotidianas.
Por fim, a autoaceitação envolve a capacidade de se valorizar e se aceitar como somos, com todas as nossas imperfeições. Isso não significa que não devemos buscar o crescimento pessoal, mas sim que devemos nos tratar com compaixão e gentileza, reconhecendo que somos seres humanos em constante evolução.
Ao reconhecer e promover esses seis fatores em nossas vidas, podemos cultivar um bem-estar mental duradouro e significativo. Isso requer um esforço contínuo de autoconsciência, autocuidado e busca de apoio quando necessário. Além disso, é fundamental que a sociedade como um todo reconheça a importância do bem-estar mental e crie ambientes que promovam a saúde psicológica de todos os indivíduos.
Em resumo, o bem-estar mental vai além da ausência de doenças mentais. Ele se refere a um estado de funcionamento psicológico e emocional saudável, que permite que as pessoas vivam uma vida plena e significativa. Ao reconhecer e promover fatores como autonomia, domínio do ambiente, crescimento pessoal, relações positivas com outros, propósito de vida e autoaceitação, podemos cultivar um bem-estar mental duradouro e contribuir para uma sociedade mais saudável e resiliente.