Obra do filósofo Edward Slingerland traz o panorama científico de como o álcool moldou as relações sociais e culturais da humanidade
O álcool e a humanidade caminham juntos ao longo da história desde os primórdios da sociedade. É o que mostra o livro recém-lançado no Brasil “Embriagados: como bebemos, dançamos e tropeçamos em nosso caminho para a civilização” (editora Krater, 416 p.), do filósofo americano Edward Slingerland. A publicação foi traduzida para o português e traz uma investigação científica profunda sobre a relação da humanidade com o consumo de bebidas alcoólicas e como esse processo moldou a evolução cultural e social dos seres humanos.
Sucesso no exterior, onde foi lançado em inglês e traduzido para os idiomas chinês, coreano, italiano, espanhol, francês, russo, ucraniano e tailandês, a obra demonstra a importância do álcool na formação de agrupamentos humanos que abandonaram o estado de natureza, sem regras e em constante clima de guerra de todos contra todos, para constituírem uma civilização. Até então, essa questão central das ciências humanas era vinculada apenas ao surgimento de leis, da autoridade do Estado e da religião, tradicionalmente apontados como vetores desse processo.
“E Jesus transformou a água em vinho”
No livro, Slingerland oferece insights sobre a relação entre o estado alterado de consciência induzido por essas substâncias e a criatividade humana, a religião, a dança e até mesmo a política, tudo isso com foco em evidências arqueológicas, históricas, da neurociência e da psicologia social sobre o consumo do álcool. “Todos os rituais sociais e religiosos envolvem álcool. A bebida é usada em rituais há milhões de anos. Existem inúmeros achados arqueológicos. As pessoas eram enterradas com muito álcool nas catacumbas. O primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho”, destaca o autor.
Slingerland acredita que o tema deve ser discutido livre de preconceitos e defende que as pessoas tenham conhecimento dos perigos e benefícios para tomarem suas decisões de maneira informada e consciente. “O consumo moderado e social une as pessoas, mantém-nas conectadas às suas comunidades e facilita a troca de informações e a construção de redes de contato”, destaca um trecho do livro. “É importante reconhecer que o álcool não é apenas um produto químico psicoativo, mas também serve como portador de significado sociocultural”, afirma o autor, na obra.
Uma das principais conclusões de Slingerland é que bebidas alcóolicas, a exemplo da cerveja, tem o poder de criar laços sociais e promover a sociabilidade. Ela é frequentemente consumida em momentos de celebração e descontração, criando um ambiente propício para interações e compartilhamento de histórias.
Consumo com responsabilidade
O filosofo não se abastem de avaliar os impactos negativos do consumo exagerado do álcool, sem preconceitos ou vieses. No entanto, ele ressalta que “o consumo moderado, responsável e social une as pessoas, mantém-nas conectadas às suas comunidades, lubrifica a troca de informações e a construção de relações de confiança”, diz em um trecho do livro. “É importante reconhecer que o álcool não é apenas um produto químico psicoativo, mas também serve como portador de significado sociocultural”, descreve o autor.
CONHEÇA O AUTOR
Edward Slingerland é filósofo, autor e professor de Filosofia e Estudos Asiáticos na Universidade de British Columbia, no Canadá. Ele é conhecido por suas pesquisas inovadoras sobre ética, religião e a natureza da mente humana. Entusiasta da cerveja, o autor possui obras que desafiaram e enriqueceram o entendimento humano. “Embriagados” é mais uma contribuição para o campo da filosofia e uma exploração única da busca da sabedoria através da lente da embriaguez.
COMO ADQUIRIR O LIVRO
“Embriagados” está disponível no site da Editora Krater, dedicada exclusivamente à produção de livros sobre cerveja em português: CLIQUE AQUI e acesse o site.
Para entrevistas e mais informações, entrar em contato com:
Nayara Oliveira: nayara.oliveira@oficina.ci
Paula Andrade: paula.andrade@oficina.ci