A equipe baiana Sevenspeed, da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, embarca nesta segunda-feira, 18.11, para competir no Mundial de F1 In Schools
Como na narrativa das Mil e uma Noites, em que uma história puxa o fio de outra, quatro escudeiros – Ana Beatriz Santana, Catharina Leite, Guilherme Lima e Valmilson Cunha – embarcam nesta segunda-feira, 18.11, para a Arábia Saudita. Eles seguem os passos de outros seis colegas que, em 2019, deixaram Salvador rumo ao Mundo Árabe para competir no mundial de F1 In Schools, ou Fórmula 1 nas Escolas, torneio que é um braço oficial das competições de Fórmula 1.
Estamos falando da Escuderia Sevenspeed, formada por estudantes da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, localizada no bairro do Retiro, em Salvador, e que vai representar o Brasil numa das maiores competições de robótica e tecnologia do mundo. A escuderia é uma das quatro da Bahia na modalidade de robótica educacional, oferecida pela Escola SESI, para estudantes acima dos 16 anos. São duas equipes em Salvador, uma em Vitória da Conquista e uma em Feira de Santana.
A equipe tem no histórico o fato de ter sido campeã nacional por duas vezes e assim conquistar, também pela segunda vez, uma vaga na competição internacional, daí a alusão às Mil e Uma Noites. No fio que liga a primeira formação da Sevenspeed, de 2019, e a atual, um projeto pedagógico que foca na diversificação das metodologias e ferramentas de aprendizagem e o professor Robson Nunes, que embarca com a equipe para sua segunda experiência numa competição internacional.
Para conduzir os alunos nesta história, o professor Robson usou de muita narrativa e mostrou a Ana Beatriz, Catharina, Guilherme e Valmilson que sim, eles eram capazes de superar desafios e obstáculos para estar, de 21 a 28 de novembro no Dhahran, onde se realizará a final mundial do torneio, que ocorrerá em paralelo ao Grande Prêmio do Catar de Fórmula 1. Ah, e com direito a assistir ao GP do Catar!
Além dos competidores e do professor e técnico da equipe, acompanha a escuderia o técnico auxiliar João Campos. Veterano na robótica educacional do SESI, Campos, como é chamado pelos colegas, segue os passos do professor Robson Nunes e vai para o mundial de F1 In Schools com um olhar atento ao que pelo mundo afora está sendo feito na modalidade.
Ele começou na robótica em 2017 e competiu em diversas modalidades oferecidas na Rede SESI. Atualmente, ele estuda Engenharia Mecânica e foi contratado como estagiário para ser o técnico auxiliar da equipe, uma exigência da competição. “Primeiro, vou para o torneio para ver aplicadas na prática todas as habilidades que os meninos desenvolveram nesta etapa de preparação e poder colher o máximo de informação e aprendizado com as equipes internacionais. É uma oportunidade de identificar diversas formas de trabalhar das equipes e de adquirir conhecimento”, conta.
Para Campos, “o SESI nos abraça e nos coloca lá no mundial. Agora, quero ver isso de perto e trazer estas experiências para cá”, detalha. Enquanto estudante de engenharia, Campos também estará atento aos carro dos concorrentes, em especial, observando o melhor aproveitamento de energia e aerodinamismo na pista, dentre outras curiosidades técnicas que para leigos, não cabe detalhar.
DESAFIO
A equipe do SESI Bahia estará ao lado de outras três que representam o Brasil nesta modalidade de robótica, que consiste na concepção de um carro de corrida para percorrer uma pista de 20 metros no menor tempo possível. A equipe da Escola SESI é a única do Norte/Nordeste. As demais são de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
“Independentemente do fato de participar do torneio mundial, que por si só já é uma vitória para estudantes que são da Bahia e do Nordeste e nem sempre têm a oportunidade de participar de grandes desafios internacionais, e isso por duas vezes, o Sistema FIEB tem muito orgulho de constatar que é possível transformar vidas pela educação”, disse o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Carlos Henrique Passos. Ele encerrou a cerimônia de apresentação do novo carro da equipe, nesta quarta-feira, 13.11, na sede da FIEB.
Para a gerente, Cristina Andrade, que, na oportunidade, representou o diretor superintendente do SESI Bahia, Armando Neto e a superintendente executiva de Educação do SESI Bahia, Cléssia Lobo, no lançamento, o mais importante de tudo é a transformação. “Acompanhamos a evolução destes alunos ao longo destes anos e ficamos orgulhosos de termos contribuído para que eles descobrissem seus potenciais e terem acreditado que a educação abre fronteiras”.
Da formação inicial da equipe que foi para Abu Dhabi, em 2019, o professor de robótica Robson Nunes, é único que fará a viagem de volta ao Mundo Árabe. De lá para cá, passaram pelas aulas de robótica do professor seis gerações da Sevenspeed. Na avaliação do professor, a atual equipe “vai com mais experiência e com mais chances de trazer uma premiação para o Brasil”.
Ele explica que a preparação dos jovens para a disputa internacional envolve aulas de reforço de inglês e mentorias com profissionais das áreas de gestão, comunicação e empreendedorismo do quadro do SESI e das entidades do Sistema FIEB e de empresas parceiras. Eles também mantêm contato com a equipe de 2019 para a troca de experiências nesta etapa preparatória.
CELEIRO DE TALENTOS
Um deles é o estudante Geovane Santos, que fez o papel de mestre de cerimônia e mediador da apresentação do novo carro da Sevenspeed. Atualmente estudante de matemática, disciplina pela qual se apaixonou após entrar para a robótica, e professor de robótica em uma escola particular de Salvador, Geovane conta que o mundial é uma experiência muito rica. “Estou muito feliz de ver pessoas que eu vi entrando na robótica realizando o sonho de irem para o mundial”.
Geovane é morador de Periperi e podemos dizer que o bairro tem talentos especiais para a robótica. O engenheiro da Sevenspeed, Guilherme Lima, também veio de lá. A competição de F1 In Schools envolve várias atividades, dentre elas, habilidades de empreendedorismo – os alunos precisam simular a construção de uma empresa, buscar patrocínios para financiar os testes e aquisição de materiais para o projeto do carro e para as atividades da equipe. Também os estudantes precisam desenvolver um projeto social – a equipe levou a robótica para uma escola do bairro de Cajazeiras.
Mas a gente está falando de uma escuderia de Fórmula 1 e para isso, é preciso ter um carro que consiga cruzar uma pista de 20 metros no menor tempo possível. Desenvolver um carro competitivo e rápido, é o principal desafio. E é aí que o engenheiro automotivo e piloto da equipe se destaca: Guilherme Lima, o segundo talento da robótica que veio de Periperi.
Prestes a cruzar as fronteiras da Bahia graças ao seu empenho, gosto pelo aprendizado e talento para desenvolver soluções criativas e acumular conhecimento, Guilherme conseguiu fazer com que a equipe baiana possa embarcar para Dhahran, na segunda-feira, levando na bagagem uma joia na bagagem: o novo carro da Seven.
Guilherme conta que, além da sua vontade de buscar soluções – e ele descobriu algumas delas até durante o sono! –, também contou com a ajuda de especialistas que fazem parte do ecossistema do Sistema FIEB, como técnicos e professores do SENAI e do SENAI CIMATEC. Com isso, o carro que a equipe está levando na viagem tem muita chance de ser um dos finalistas do Mundial de F1 In Schools.
RECORDE
O carro da Sevenspeed conseguiu ser o recordista em dois torneios de F1 In Schools realizados no Brasil: no Open Internacional e no Festival SESI Nacional de Robótica. O carro atingiu o tempo de apenas 1,038 segundos nas provas. Para a Arábia Saudita, Guilherme promete mais: segredos de aerodinâmica e o uso de materiais inéditos na construção do carro que devem fazer a diferença no torneio que vai reunir os melhores do mundo na modalidade. Quais os segredos? Ele mantém a sete chaves e só revelará após participar da competição.
Guilherme, juntamente com outra integrante da equipe, Catharina Leite – que antes da experiência na Seven, queria ser jornalista e agora já está focada em engenharia – passaram para a segunda e última fase da seleção de estagiário da escuderia Williams Engineering Academy, uma oportunidade aberta aos finalistas do Mundial de F1 IN Schools. Catharina, juntamente com a líder da equipe, Ana Beatriz Santana, também está concorrendo a vagas na UCL – London’s Global University, da Inglaterra uma das dez melhores universidades do mundo.
Mas o que fica de tudo isso? Com a palavra o professor Robson Nunes: “A mensagem é que todo jovem, inclusive da periferia de Salvador, pode mudar a realidade dele pelo conhecimento”.
Ao final da apresentação em que a equipe mostrou o novo carro e o mascote da equipe, a sensação foi de que a Sevenspeed é um time e que o professor, um líder que motiva e orienta sua equipe. Mais do que participar de uma competição, de se organizar em equipe, a Sevenspeed e seus integrantes saem desta experiência construindo um aprendizado que será levado para a vida.
Como parte da competição, os estudantes da Sevenspeed precisam montar uma empresa júnior e aprender a administrar uma escuderia, bem como ir em busca de patrocinadores para suas pesquisas e projetos. Além do patrocínio master do SESI Bahia, por meio da Escola SESI, e de outras entidades do Sistema FIEB, como o SENAI Cimatec, os estudantes conseguiram captar o apoio do Sindvest e de empresas como a Larco, Polo Salvador, que produziu os uniformes da equipe com tecnologia sustentável, TLD, Simscale, Scansouce, Koala e Academy Prêt.