Escolaridade, condição socioeconômica, porte de cidade e raça também afetam acesso e marcam desigualdade na cultura
- 34% apontam barreira financeira para acesso a atividades culturais fora de casa;
- 31% citam insegurança e violência como motivo para evitar eventos presenciais;
- Dessa parcela, 47% dizem temer assaltos e furtos, e 21% mencionam violência contra as mulheres nos espaços culturais ou arredores, porcentagem que sobe para 28% entre as mulheres;
- Participação em atividades culturais é maior entre mais escolarizados;
- Brancos têm mais acesso que negros ao cinema, teatro e museus nos últimos 12 meses;
- 93% da classe AB participou de atividades culturais nos últimos 12 meses, na D/E índice é de 71%.
Barreiras financeiras, insegurança e medo de violência são as principais razões que afastam os brasileiros de atividades culturais presenciais no Brasil, aponta a 6ª edição da pesquisa Hábitos Culturais, realizada pelo Observatório Fundação Itaú com apoio técnico do Datafolha.
Segundo o levantamento, que ouviu 2.432 indivíduos, de 16 e 65 anos em todo o país, entre 11 e 26 de agosto, 34% dos entrevistados dizem que a questão financeira é o principal motivo para não participar de atividades do gênero, enquanto 31% apontam a insegurança e a violência como principal barreira para vivenciar a eventos culturais. A margem de erro máxima da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.
A questão econômica é mais sensível para as mulheres (36%) do que para os homens (33%). O custo que mais afeta o acesso é o preço dos ingressos, segundo 22% dos respondentes, seguido pelo desembolso com transporte, apontado por 19%.


O impacto negativo da questão econômica e da segurança tende a ser maior conforme aumenta o porte do município. Barreiras financeiras são apontadas por 43% dos indivíduos das cidades de grande porte, enquanto o índice cai para 29% entre residentes de municípios de pequeno porte. No quesito insegurança, os índices registrados foram de 49% e 26%, respectivamente.
Já entre os 31% da população que apontaram insegurança e medo da violência como elemento que reduz a motivação, 47% dizem temer assaltos ou furtos nos espaços culturais e 42% reclamam da falta de policiamento nos arredores de onde ocorrem as atividades. Falta de policiamento e furtos e assaltos no trajeto até os eventos é mencionado por 28% dos respondentes. Também são motivos de preocupação a insegurança no transporte público (23%) e, entre as mulheres, 28% mencionam receio de violência de gênero ou assédio nos espaços culturais e no trajeto.

Escolaridade, classe social, porte de cidade e raça
Segundo a pesquisa, a escolaridade, a condição socioeconômica, o porte da cidade em que se vive e a raça são determinantes ao acesso a atividades culturais no Brasil. Os dados apontam que, quanto maior a escolaridade e a classe econômica, maior é a participação em eventos culturais. As atividades culturais virtuais foram praticadas por 90% dos entrevistados nos últimos 12 meses, enquanto 84% declararam realizar atividades presenciais. O índice do consumo cultural presencial cai para 70% entre aqueles com ensino fundamental e 71% na classe D/E, enquanto entre os indivíduos com ensino superior e na classe A/B, os índices são de 96% e 93%, respectivamente.
As disparidades se mantêm na modalidade remota: enquanto na classe A/B o consumo é de 98%, na classe D/E, é de 79%. Entre aqueles com ensino fundamental e ensino superior, os praticantes representam 75% e 99%, respectivamente.

Dentre as modalidades presenciais, a disparidade persiste. Enquanto na classe A/B o consumo de cinema, teatro e museus é, respectivamente, de 91%, 76% e 73%, na classe D/E, esse consumo cai para 48%, 32% e 34%. A diferença se mantém no quesito escolaridade, com 92%, 80% e 80% no consumo dessas modalidades entre aqueles com ensino superior, e 47%, 32% e 32% entre os que estudaram até o ensino fundamental.
A cor declarada pelos respondentes também infere no acesso, com brancos liderando esse consumo com 80%, 64% e 64%, enquanto entre negros, a porcentagem cai para 69%, 51% e 48%.

Apesar do relativo aumento no acesso a essas atividades em todas as classes, a série histórica da pesquisa aponta para a manutenção das desigualdades. No acesso ao cinema, a diferença de cerca de 40% entre o acesso das classes A/B e D/E se mantém entre 2022 e 2025. Entre aqueles que visitam museus, a diferença é de 20%, e fica estável na mesma série histórica. No consumo de espetáculos de teatro, a diferença entre as classes chega aumentar de 17 p.p. em 2022 para 28 p.p. em 2025.



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