Com oito shows em dois dias, evento acontece em 2 e 3 de novembro, no Museu de Arte Moderna da Bahia
BNegão (RJ) + Giovani Cidreira, Jadsa e Josyara (BA) + Bebé (SP) + Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo (SP) + Anne Carol (SE) + Cidade Dormitório (SE) + Fogo Pagô (BA) + Vírus (BA)
Comprometido em ser uma vitrine da diversidade e da independência da música brasileira contemporânea, o Festival Radioca chega à sua 8ª edição em 2 e 3 de novembro, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Serão oito shows em dois dias: no sábado, com o encontro inédito de Giovani Cidreira, Jadsa e Josyara (BA), o primeiro show de Bebé (SP) na capital baiana e as bandas Cidade Dormitório (SE) e Fogo Pagô (BA); no domingo, é vez de BNegão com seu primeiro disco solo, da estreia de Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo (SP) em terras nordestinas, da primeira chegada de Anne Carol (SE) a Salvador e do multiartista Vírus (BA). O evento é realizado pela Tropicasa Produções e tem patrocínio de Amstel e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda. Ingressos estão à venda pela Sympla (acesse aqui).
Desde 2015, com um histórico de 75 shows já promovidos de artistas e bandas de 16 estados de todas as regiões do Brasil, sem nunca repetir atrações, o Festival Radioca busca apresentar acontecimentos musicais relevantes, numa identidade que acredita na inovação, escapa de obviedades e antecipa tendências, consolidando o lema de “A música que você ainda vai ouvir”. A conduta é de criar oportunidades: de trazer shows que não costumam passar por Salvador, montar uma escala inusitada, colocar a cidade na rota das turnês de lançamentos promissores, reunir plateias de gostos diversos, oferecer estrutura para apresentações inéditas, dar visibilidade ao que merece ser mais conhecido – tudo isso tendo a criação artístico-musical como critério único.
E esta não tem sido uma tarefa simples nos dias atuais. O 8º Festival Radioca teve a realização confirmada pouco mais de dois meses antes de suas datas e em meio a constantes notícias de cancelamento de eventos de música Brasil afora. Resistente e insistente, o Radioca então afirma suas escolhas este ano com ainda mais convicção. “Chegamos à nossa 8ª edição e continuamos apostando na criatividade, inventividade e diversidade da música brasileira contemporânea como força motriz. Resistimos, nos adaptamos e seguimos colocando a música como protagonista, como sempre fizemos e acreditamos”, afirma o jornalista Luciano Matos, que assina a curadoria junto com a produtora cultural Carol Morena e os músicos Roberto Barreto e Ronei Jorge.
Enquanto as práticas do mercado, as novas formas de consumo e as fórmulas de viralização da música vêm sufocando o caráter artístico – a criação, a produção de discos, as possibilidades de difusão e circulação, as relações com os públicos, o desenvolvimento de carreiras, a autonomia de curadorias –, uma coisa é evidente: a crise não é criativa. A música brasileira permanece gerando nomes e produções de muita consistência. “A música passa por um momento de questionamentos de formatos, de entender como o público vai se manter conectado com artistas, canções e shows. Os festivais em todo mundo estão tentando entender isso, precisando se reinventar e encontrar caminhos. A gente quer música, se interessa pela música e nosso chamado é para quem também se interessa por ela, garantindo que aqui oito shows incríveis estarão em cena”, completa Luciano Matos.
Carol Morena adiciona: “Uma das coisas que mais me orgulha no Radioca é como nosso público entende a nossa proposta e de fato está aberto à nossa curadoria. O primeiro lote às cegas, que vendemos sem anunciar atrações, esgotou rapidamente e é uma conquista muito importante ter esse espaço reconhecido para apresentar o que de fresco e interessante tem surgido fora dos grandes holofotes midiáticos”.
O 8º Festival Radioca tem gestão da Tropos e apoio institucional da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Conta com apoio cultural do refrigerante FYS, da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e Prefeitura de Salvador, da Rádio Educadora FM e TVE Bahia, dos restaurantes D’Venetta e Shanti, da Pizzaria Fratello, da Promo Mídia, do hotel Sol Victoria Marina, da Somos – Design de Experiências, da Tiago Basto Soluções Jurídicas, do portal el Cabong e da Produtora Junior da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA).
GRATUIDADE PARA INCLUSÃO SOCIAL – Tendo em vista as severas desigualdades do país e os direitos culturais de pessoas em situação de vulnerabilidade social, o Festival Radioca também se preocupa em dar acesso a essa outra música para o público menos favorecido e oferece 100 ingressos gratuitos por dia. As cortesias podem ser retiradas na mesma página de vendas na Sympla. Para a entrada no evento com este benefício, será exigida a apresentação de comprovante de inscrição no Cadastro Único (CadÚnico) para Programas Sociais do Governo Federal, que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda residentes em todo território nacional, integrando as que vivem com renda mensal de até meio salário-mínimo por pessoa.
ATRAÇÕES DE 2 DE NOVEMBRO
Giovani Cidreira, Jadsa e Josyara (BA) – Individualmente, em momentos iniciais de suas trajetórias, Giovani Cidreira e Josyara tocaram na 2ª edição do Festival Radioca, em 2016; Jadsa esteve na 3ª, em 2017. Juntos, porém, nunca aconteceu em lugar algum. Neste acontecimento inédito, provocado pelo Radioca, o trio de vozes do front de talentos de uma geração da música da Bahia festeja suas composições e belezas. Suas carreiras se cruzam de muitas formas: são contemporâneos, conterrâneos, compartilham referências e dialetos, fizeram participações em discos e shows uns dos outros, compuseram juntos, se inspiram mutuamente. No repertório, vai ter música autoral e de outros artistas, em interpretações solo, em dupla e trio. Giovani Cidreira contribui com canções de seus dois discos de estúdio – “Japanese Food” (2017) e “Nebulosa Baby” (2021). Jadsa tem “Olho de Vidro” (2021). Josyara, a única interiorana dos três, nascida em Juazeiro, lançou “Mansa Fúria” (2018) e “ÀdeusdarÁ” (2022). Tem também um sem-fim de EPs, singles e feats, além do disco “Estreite” (2020), um álbum em parceria de Giovani e Josyara.
Bebé (SP) – Com apenas 20 anos, a artista de Piracicaba vem se destacando no cenário nacional pelo timbre de voz diferenciado. Ela canta profissionalmente e escreve canções desde a infância, tendo sido uma artista mirim descoberta (e entrevistada) por Jô Soares. Sua trajetória, no entanto, não foi distorcida pela exposição precoce e seguiu sendo construída com consistência e maturidade incomuns para sua idade. Bebé tem dois álbuns autorais: “Bebé”, de 2021, e “SALVE-SE!”, lançado neste ano, em que costura texturas eletrônicas com referências de pop, funk, indie e R&B, entoando poesia sensível sobre desejo, amor e autonomia. É com o show deste recente disco que ela chega ao Festival Radioca, para sua primeira apresentação solo em Salvador. No palco, será acompanhada pela renomada DJ Lys Ventura e pelas vozes de Hanifah e Alt Niss.
Cidade Dormitório (SE) – Criada em 2015 no município sergipano de São Cristóvão, é formada por Yves Deluc (guitarra e voz) e Fabio Aricawa (bateria e voz), e conta com perenes colaborações de João Mário (baixo). A linguagem musical e a lírica próprias são pautadas por um humor peculiar e irônico. É rock lombrado, provocativo, dramático, distópico, político. As influências vêm do pós-punk, músicas de rádio, indie rock, música popular e psicodélica brasileira. Junto com EPs, singles e gravações ao vivo, a discografia inclui dois álbuns: “Fraternidade-Terror” (2019) e “RUÍNA ou O começo me distrai” (2022). Cidade Dormitório é um dos nomes que vêm fortalecendo o intercâmbio de experiências entre os estados vizinhos Sergipe e Bahia – não uma exclusividade desta geração, mas agora potencializado no cenário do rock alternativo, e uma mostra de como a cena sergipana está ativa e fértil. A banda, inclusive, tem uma canção batizada com o nome da capital baiana: “Salvador”, gravada em parceria com o grupo soteropolitano Tangolo Mangos.
Fogo Pagô (BA) – Criada em 2018 em Feira de Santana, a Fogo Pagô tem encorpado sua trajetória. Canto campestre, cantoria celeste, ritmia do agreste, banho de cheiro, na revoada multicor do interior baiano. O grupo abraça o baião, o samba de roda, o ijexá e a cantiga, o que ressoa em seu primeiro álbum, “O Abre Caminhos”, lançado em 2021 e relançado este ano pelo Selo Educadora Independente da Rádio Educadora FM Bahia. A disposição das canções foi pensada para ser um passeio pelo ciclo dos cinco elementos (terra, fogo, água, ar e éter). O disco também tem como referência o imaginário da cultura popular do interior da Bahia, principalmente das regiões de Uauá e Santo Amaro. A banda tem sido aquele nome que aparece como presença cada vez mais constante em festivais de todo o estado, mostrando como engatou como uma importante revelação da música baiana atual – a apresentação no Radioca, no entanto, será apenas o segundo show em Salvador.
ATRAÇÕES DE 3 DE NOVEMBRO
BNegão (RJ) – Nome icônico da cena musical do Brasil, BNegão é conhecido por sua autenticidade e habilidade de fusão de ritmos. Aos 50 anos e com mais de três décadas de carreira, trilhou um caminho que desafia rótulos e transcende gêneros, com versatilidade para transitar entre rap, rock, reggae, dub, samba, funk, MPB – reflexo e celebração da diversidade cultural do país. Seu ponto de partida nos anos 1990, e permanente lugar de criação até os dias atuais, é o grupo Planet Hemp, onde suas letras afiadas e mensagens de cunho social encontram solo fértil. Assim, se consagrou uma das vozes mais impactantes do rap nacional e como um agente provocador da música brasileira, conciliando variadas frentes de atuação com diferentes parceiros e com seu trabalho solo. Agora, ele se prepara para lançar “Metamorfoses Riddims e Afins”, o primeiro disco solo, que leva a sua mutação sonora a outro patamar dançante. Sons periféricos nacionais e mundiais são a base da alquimia. O Radioca será o espaço para o show de pré-lançamento do álbum.
Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo (SP) – Nascida em 2019, a banda paulistana é formada por Sophia Chablau (voz e guitarra), Vicente Tassara (guitarra e teclados), Téo Serson (baixo) e Theo Cecato (bateria). É rock, puro e simples, buscando uma sonoridade interessante e própria para tocar canções contemporâneas do gênero. O disco de estreia, homônimo, produzido por Ana Frango Elétrico, foi lançado em 2021. Dois anos depois, em 2023, chegou o segundo álbum, o elogiado “Música do Esquecimento”, com produção do pianista Vitor Araújo, sendo destaque em mais de 40 listas nacionais de melhores discos do ano. Com o single “Segredo”, foram indicados ao Prêmio Multishow na categoria Rock do Ano. O Festival Radioca será o primeiro show em Salvador e marca a abertura da primeira turnê da banda pelo Nordeste, somando esta circulação às mais de 25 cidades do Brasil em que já tocaram e à sua primeira turnê internacional, na qual passaram por cinco países da Europa, integrando o line-up oficial do Primavera Sound Barcelona 2024. Em 2025, o grupo vai estar na programação do Lollapalooza Brasil.
Anne Carol (SE) – Da periferia de Aracaju, a cantora e compositora Anne Carol passeia pelo afrobeat, hip hop, pop, reggae, R&B, dub e soul. Com voz rouca marcante e presença de palco imponente, ela se afirma como mulher preta quilombola e lésbica, o que se reflete em “Semblantes”, título de seu primeiro álbum, lançado em 2023, que discute temas como ancestralidade, racismo e aquilombamento. Suas raízes estão na Mussuca, comunidade quilombola da cidade de Laranjeiras que concentra grande parte das manifestações culturais de origem negra de Sergipe. No seu trabalho, isso se mistura às influências da música urbana da capital, resultando na revelação de mais um grande talento que se engaja no empoderamento do povo preto, representado em sua poética.
Vírus (BA) – O multiartista soteropolitano bebe de múltiplas possibilidades criativas para adentrar o universo do rap, cena em que circula com potência. Ele pesquisa as artes contemporâneas e as traduz em performances expressivas que permeiam a música, a poesia, o canto, a dança e o visual. No palco, mostra uma força inventiva que hipnotiza plateias. Vírus apresenta o show “Sankofa”, espetáculo autoral que reúne faixas do EP “Capella” (2021), do álbum “VxRxS” (2022) e do single duplo homônimo “Sankofa” (2023), obras que integram sua discografia. Com interpretação intensa e movimentos corporais singulares, ele incorpora elementos da cosmologia Yorubá, a exemplo do Adê, uma referência às coroas utilizadas por reis e divindades africanas, e faz alusão a Exu, anunciando a carga ancestral de sua prática artística.
FOTOS EM ALTA E VÍDEOS DE DIVULGAÇÃO:
8º FESTIVAL RADIOCA
Quando: 2 e 3 de novembro de 2024 (sábado e domingo), 16h às 22h
Sábado:
Giovani Cidreira, Jadsa e Josyara (BA) + Bebé (SP) + Cidade Dormitório (SE) + Fogo Pagô (BA)
Domingo:
BNegão (RJ) + Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo (SP) + Anne Carol (SE) + Vírus (BA)
Onde: Museu de Arte Moderna da Bahia
Av. Lafayete Coutinho, s/n – Comércio | Salvador – Bahia
Quanto:
1 dia (sábado ou domingo): R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia)
Passaporte para os dois dias: R$ 150 (inteira) e R$ 75 (meia)
Vendas: Sympla (acesse aqui)
Classificação indicativa: 18 anos
Acesse todos os canais do Radioca: https://linktr.ee/radioca