A convite da Inpirali, Irmã recebeu homenagens na UniSul, em Santa Catarina, participou de eventos na UNIFACS, na Bahia, e chega a São Paulo nesta semana
Uma vida dedicada a prestar assistência em saúde para os mais necessitados – do Canadá para o Brasil e agora em Benin, na África – Irmã Monique está no Brasil para compartilhar suas experiências como missionária, sempre agregando projetos humanitários à medicina. Ela foi a responsável em trazer para o Brasil o conceito de medicina da família e comunidade.
A missionária veio a convite da Inspirali, principal ecossistema de educação médica do país, que já possui em sua grade de ensino levar alunos para ações humanitárias pelo Brasil. Graças à proximidade com ela, a Inspirali promoveu, no início deste ano, a primeira Missão África, levando 30 estudantes de medicina de suas escolas e 14 docentes para prestarem assistência médica às comunidades da região de Benin. Em 2025 será realizada a 2ª expedição de alunos para a África, sempre com o acompanhamento e orientações da irmã Monique.
“Comecei a realizar este trabalho em Benin há quatro anos, quando a Congregação sentiu a necessidade e oportunidade de trabalharmos a saúde da região. Então, implementamos uma Pastoral da Criança, em parceria com Brasil, onde importamos o modelo daqui formando agentes voluntários, trabalhando a questão da desnutrição, prevenção de diarreia, malária e violência familiar, e formando pessoas de boa vontade que se associaram, realizando visita domiciliar. Tive abertura para trabalhar com cuidados paliativos em um hospital religioso de lá e, também, a questão da saúde dentro das escolas”, conta Irmã Monique.
Em sua visita ao Brasil, a Irmã recebeu, da universidade UniSul, a maior honraria da instituição a personalidades que contribuem positivamente para a sociedade em diferentes áreas. Em uma cerimônia no campus de Tubarão, Monique foi homenageada ao lado do ativista beninense Grégoire Ahongbonon e do neurocirurgião e ex-professor da UniSul, Marcos Flávio Ghizoni (in memoriam). Em Salvador, a Irmã participou do evento Entrelaços Internos, ao lado de alunos do Comitê do Voluntariado da UNIFACS, e visitou a Casa de Benin. Já em São Paulo, nesta semana, ela participa de eventos contando suas atividades voluntárias, incluindo a Missão África, que contou com a participação de alunos das escolas da Inspirali.
Uma vida dedicada à Medicina
Dra. Irmã Monique Marie Marthe Bourget é uma religiosa e missionária marcelina. Nascida no Canadá, juntou-se à Congregação das Irmãs de Santa Marcelina em 1989, enquanto estudava para ser médica. 15 dias após virar freira, a irmã foi aprovada na faculdade de medicina, onde se formou, em 1992, pela Universidade McGill e especializou-se em medicina de família e comunidade. Em 1994, veio para o Brasil a pedido da congregação para ajudar na missão de saúde, principalmente no Hospital Santa Marcelina em Itaquera, São Paulo. Em 1996, liderou a criação das primeiras 27 equipes de saúde da família em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, através do Projeto QUALIS. Posteriormente, em 1998, tornou-se Diretora Técnica do Hospital Itaim Paulista por sete anos antes de ser transferida de volta para Itaquera.
Foi pioneira no Brasil como médica especializada em medicina de família e comunidade, contribuindo para a formação dos primeiros especialistas do país e para o estabelecimento de uma residência médica nessa área no Hospital Santa Marcelina. A partir de 2012, começou a lecionar Tanatologia e Espiritualidade na Faculdade Santa Marcelina (FASM), acompanhando também os alunos em atividades pastorais e sociais. Recebeu o título de cidadã paulistana da Câmara Municipal em 2016 e, em novembro de 2019, obteve o título de Doutora pela Universidade de São Paulo após defender sua tese de doutorado.
Em 2020, após dedicar 25 anos ao trabalho na Atenção Primária e no Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de São Paulo, Irmã Monique embarcou em uma nova missão, desta vez em Benin, na África. A ONG Sementes da Saúde, fundada pela Irmã em 2015, serve de apoio para esta e outras missões em todo o mundo. A ONG tem como objetivo, além de compensar uma antiga dívida cultural com o povo de Benin, de onde veio a maioria dos escravos que foram trazidos para o Brasil, promover e desenvolver ações de saúde de forma voluntária, solidária, idônea e imparcial ao redor do mundo para as pessoas que necessitam, preocupados em respeitar e valorizar sua vivência ética, cultural e ideológica, oferecendo não só saúde, mas empatia, compaixão, amor e cuidado a toda e qualquer pessoa, independentemente de seu país, cor, religião e ideologia.
Atendendo ao pedido do Vaticano, irmã Monique tem se dedicado a melhorar a saúde e as condições de vida da população local, levando médicos para essa importante missão humanitária. Eles estabeleceram um hospital na região, que atualmente oferece serviços médicos básicos e uma Casa do Voluntário, que foi construída com fundos provenientes de doações e serve de base para voluntários da ONG.