Ferramentas digitais ganham espaço no tratamento da saúde mental, mas levantam questões sobre eficácia e a substituição do acolhimento humano
A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros. Pesquisa realizada pela Ipsos e o Google com 21 mil pessoas, em 21 países, mostrou que em 2024 o Brasil superou a média global no uso de inteligência artificial (IA), com 54% dos brasileiros relatando que utilizaram IA generativa contra 48% da média global. Ainda segundo o estudo, 64% da população brasileira acredita que os benefícios da inovação, seja na ciência ou na medicina, superam os riscos dos avanços embarcados na evolução da ferramenta. No entanto, quando aplicada aos tratamentos terapêuticos, voltados à saúde mental, a IA já vem gerando preocupações em especialistas sobre sua eficácia e as consequências para o paciente.
Plataformas como WYSA e Character.ai têm se destacado por oferecer suporte psicológico, especialmente entre os jovens. Esses chatbots criam um ambiente seguro, superando algumas barreiras das terapias tradicionais. Contudo, é crucial questionar se essa sensação de segurança é suficiente para lidar com as complexidades emocionais.
Apesar da promessa de acessibilidade, existem desafios importantes. O atendimento por IA mesmo sendo avançado, ainda peca em profundidade e na sensibilidade para entender as complexidades das emoções humanas. Para a psicanalista Flávia Anjos, diretora e vice-presidente da Sow Saúde Integral, associação dedicada ao fortalecimento da saúde integral de crianças, adolescentes e suas famílias é fundamental manter a atenção. “O perigo é as pessoas confundirem respostas rápidas e genéricas com uma verdadeira abordagem terapêutica, o que pode levar ao agravamento de problemas emocionais ao longo do tempo.”
Além disso, há a questão da privacidade. Dados confidenciais coletados pelas plataformas podem ser armazenados e usados para melhorar a interação, mas também geram o risco de vazamentos ou uso indevido.
Outro ponto de debate é o impacto no mercado de trabalho, com a preocupação de que a IA desvalorize a profissão de psicólogos e psicanalistas, substituindo o cuidado humano. A terapia não se limita a respostas rápidas, mas envolve confiança, exploração profunda e suporte personalizado. A IA, por mais avançada que seja, não possui a vivência e a empatia necessárias para compreender as questões emocionais de forma genuína.
“Reduzir a terapia a um algoritmo pode comprometer a eficácia do tratamento e desumanizar o processo de cuidado, que deve ser baseado em conexões reais e profundas”, finaliza Flávia.
CONFIRA AQUI UM VÍDEO COM FLÁVIA ANJOS* SOBRE O TEMA (LIBERADO PARA DIVULGAÇÃO).
(*) Flávia Anjos, diretora e vice-presidente da Sow Saúde Integral, é psicanalista, facilitadora em Constelação Familiar, supervisora, professora e palestrante. Com uma paixão por saúde mental e pelo ser humano, acredita que o cuidado mental fortalece o indivíduo, promovendo um desenvolvimento mais amadurecido e saudável. Atua em consultório particular, realizando atendimentos individuais para adolescentes e adultos, além de oferecer serviços em Constelação Sistêmica. Na Sow Saúde Integral, atua em atendimentos individuais, familiares e projetos focados no bem-estar coletivo.
Fonte da Pesquisa: matéria publicada pela Agência Brasil.
Sobre a Sow
A Sow Saúde Integral é uma associação dedicada ao fortalecimento da saúde integral de crianças, adolescentes e suas famílias, oferecendo atendimentos personalizados e acessíveis que consideram a complexidade e a singularidade de cada caso. Comprometida com a transformação social, a Sow trabalha para mudar a realidade das famílias que atende, contribuindo para a construção de um futuro mais saudável, inclusivo e próspero para todos.
Com um olhar voltado para o futuro, a Sow continua a expandir suas iniciativas, sempre buscando novas formas de contribuir para o bem-estar coletivo e saúde integral. Para mais informações, acesse o nosso site.