Por Matheus Spiller
Márcia Castro é uma festa! Uma artista que se entrega na criação e nas apresentações ao vivo. Impossível ficar parado num show da cantora que desfila energia e bom gosto em performances sempre repletas de positividade e animação. Neste início de 2024, ela tem feito a alegria do público com sua Roda de Samba Reggae, que passeia com reverência pela história rica e cheia de potência da afrobaianidade musical.
Nesta entrevista, Márcia Castro fala sobre a transgressão para a alegria que sua música carrega, suas empreitadas artísticas e sobre o futuro. Até porque, o carnaval tá chegando e ela vem aí!
Matheus Spiller – Como tá sendo este começo de 2024 pra vc? Conta um pouco do que você tem feito…
Márcia Castro – Nossa, 2024 tem sido um ano incrível! Um ano que começou a todo vapor! Principalmente por esse novo projeto que eu tenho tocado aqui no verão de Salvador, que é o Roda de Samba Reggae, que teve uma recepção muito calorosa das pessoas…teve uma aderência muito grande do público. É um projeto sincero de resgate da nossa cultura baiana, da nossa cultura afro-baiana e isso tem me propiciado fazer muitas coisas maravilhosas. Eu estou muito feliz com esse projeto então tenho feito ele a cada quinze dias no Largo da Saúde. E eu tenho feito também coisas paralelas, participações com outros artistas, com o Cortejo Afro, Sarajane, enfim…muitas outras coisas que já estão começando a se visualizar a partir desse projeto.
MS – O seu trabalho equilibra, com um requinte especial, influências estéticas mais tradicionais da música brasileira e uma modernidade muito própria, com personalidade. Como manter esse equilíbrio e explorar as possibilidades desses universos?
MC – Esse equilíbrio é algo natural porque isso tudo faz parte de mim. Então quando eu vou construir um trabalho, eu não consigo dissociar as coisas que fazem parte de mim. Eu tenho muitas referências dentro da minha história de vida no meu repertório musical. E de algum modo sempre quando eu vou fazer qualquer coisa, essas referências vão estar ali, entrelaçadas no que eu faço. Então é um equilíbrio que acontece de modo muito espontâneo, não é muito pensado. Não tem muita racionalidade quando eu vou construir um trabalho musical. Quando eu estou no processo de construção efetivamente é tudo muito sensorial, muito de sentimento, muito espontâneo.
MS – O que você gosta mais de cantar…o amor, a alegria, crônicas do que te rodeia? O que te dá mais prazer e por quê?
MC – Hoje eu posso te dizer que o que eu gosto de cantar efetivamente é positividade. Não é que eu não cante a dor, não é que eu não cante as possíveis tragédias e tudo. Mas eu acho inclusive que o Roda de Samba Reggae me deu muito essa perspectiva de uma música baiana que transforma tudo que poderia ser, digamos, insucesso, tristeza, numa transgressão para a alegria, para a vitória. Isso é o lema inclusive da minha vida pessoal, sabe? Tentar transgredir todas as adversidades com fé e com alegria. É uma existência política da alegria. Então isso pra mim é fundamental na música que eu faço hoje.
MS – Como você tá sentindo a música feita na Bahia hoje? O que tem te chamado mais atenção?
MC- A música da Bahia sempre está se renovando…é muito louco isso! A cada verão que eu venho são novos artistas fazendo novos sons. Eu cantei no Festival de Verão com Tiri, que tem um trabalho maravilhoso que tem movimentado muito a cena. A gente tem por exemplo a Mely, que é outra artista que movimentada a cena. Artistas que já estão num novo patamar como a Raquel Reis no sentido de público. Então é uma nova cena muito efervescente, de muitos nomes da novíssima música inclusive, né? Tem começado a acontecer e eu estou conhecendo pouco a pouco e tenho gostado muito do que eu ouvi!
MS – Tem programação especial para o carnaval que tá chegando?
MC – Carnaval a gente vai fazer o Largo do Pelourinho na quinta-feira, já largando no Pelourinho. Depois, saindo no trio Campo Grande levando todos esses shows levando a Roda de Samba Reggae, a gente vai fazer também o Palco da Castro Alves, levando toda a nossa afrobaianidade pra um palco que trata desse assunto. Vou também fazer o camarote do Expresso Dois Dois Dois Dois e, na terça-feira, retorno ao Pelourinho pra fazer outro show pra encerrar o carnaval. Fora outras possíveis coisas que estão se desenhando. Vai ser um carnaval bem animado, bem agitado como o verão tem sido! Eu acho que eu nunca mais tinha visto o verão tão efervescente com tantas coisas acontecendo em Salvador. Está lindo demais!