Por Doris Pinheiro
Até 2025, mais de 1 bilhão de mulheres no mundo passarão pela Menopausa, entrando no Climatério. Mais de 70% atingirão esse estágio sem informações suficientes para evitar que isso afete negativamente suas vidas, em vários setores. Conversamos com o ginecologista e diretor médico da CAM, Airton Ribeiro, que falou como lidar com este momento da vida, que é cheio de mudanças, mas também de estigmas.
Doris Pinheiro – Na menopausa, ou melhor, no Climatério, o que de fato acontece no corpo da mulher? Por que tanto estigma em relação a esta fase da vida?
Ailton Ribeiro – Menopausa é a data da última menstruação. O período da vida em que isso ocorre chama-se Climatério. Neste período há uma diminuição na produção de hormônios pelos ovários. Isso leva a algumas alterações no corpo da mulher. A mais comum são as ondas de calor, os hot flashes. Também podem ocorrer mudança do humor, diminuição da libido, depressão, ganho de peso, pele e cabelos secos…Tanta mudança é suficiente para muito estigma.
DP – Vi outro dia na propaganda de um livro : “Existe vida ativa após a menopausa: sexual, social e profissional. É possível se reinventar em qualquer idade!” Me senti, eu, em plano Climatério, uma mulher fadada a sucumbir na vida, caindo num triste caminho sem retorno.
AR – Existe vida sim e cada vez melhor. Há o Climatério que chamamos de compensado, onde poucas mudanças ocorrem com a chegada da Menopausa. Mas isso não é o mais frequente. A falta dos hormônios causa uma condição devastadora em algumas mulheres. A memória, a cognição, a agilidade, a forma de ver o mundo muda em alguns casos. É lógico que todos esses fatores podem e vão ocorrer sem os hormônios, mas com eles a paisagem é mais colorida.
DP – O que é preciso fazer para se preparar bem para o Climatério ?
AR – Ter uma vida saudável. Sempre. Bons hábitos de vida norteiam nosso futuro. Depois, se for possível, repor o hormônios. No período certo, na dose e combinação adequadas eles prologam e dão boa qualidade de vida.
DP – Qual a importância do acompanhamento médico?
AR –O tratamento é individualizado. É preciso saber se a mulher pode ou não repor os hormônios. Se ela pode, vamos analisar o que repor e como. Se não pode, vamos avaliar alternativas de acordo com os sinais e sintomas. O acompanhamento deve ser feito sempre pelo ginecologista. Quando este achar necessário deve envolver outros profissionais.