Reportagem: Priscila Machado/Secom PMS
Como parte do projeto Brota Arte no Engenho – Riqueza Cultural e Ancestral, a Associação Comunitária Santa Luzia, no bairro do Engenho Velho de Brotas, recebeu a Oficina de Confecção de Acessórios com Materiais Recicláveis. No local, 25 alunas aprenderam técnicas de produção de colares, pulseiras, brincos e adereços, com o uso de plástico, garrafas PET, lacres, latas, sisal e palha. A atividade é apoiada pela Prefeitura de Salvador, através da Fundação Gregório de Mattos (FGM).
O projeto englobou, ainda, a realização de uma palestra sobre Sustentabilidade e Reuso de Materiais, apresentada pelo engenheiro sanitarista e ambiental Elson Souza. O projeto será concluído com um desfile, no dia 9 de junho, às 18h, no Cine Teatro Solar Boa Vista, com uma coleção inspirada nas manifestações artísticas, culturais e religiosas e nos artistas e personalidades do bairro. As peças que foram produzidas durante a oficina também irão compor o figurino dos modelos.
Valorizar o bairro – “A oficina tem sido totalmente satisfatória, inclusive tem superado as nossas expectativas. Muitas pessoas que demonstraram interesse logo de início apareceram e trouxeram outras pessoas também. No segundo dia quase o dobro apareceu. Isso mostra que a comunidade é realmente carente de cursos e oficinas que ocupem o tempo e ofereçam novas oportunidades”, conta o estilista e idealizador do projeto, Cid Brito.
Brota Arte no Engenho visa exaltar o potencial e a fonte de arte e cultura do Engenho Velho de Brotas. O verbo “brotar” faz uma brincadeira com o nome do bairro: Brotas. A iniciativa buscou agregar profissionais e personalidades da própria localidade, a exemplo da professora da oficina, que é designer e comerciante do bairro, do idealizador do projeto, do engenheiro que apresentou a palestra, dos alunos e das pessoas que irão participar do desfile, algumas delas modelos que moraram ou ainda moram no Engenho Velho de Brotas.
“Eu sou nascido e criado aqui no bairro e tudo que aprendi foi observando as manifestações culturais que surgiram daqui ou que aqui aconteceram. Eu me firmei hoje como estilista tendo como primeira experiência a produção de roupas para quadrilhas juninas daqui. Hoje, eu trabalho com moda e com adereços para religiões de matriz africana”, afirma Brito.
Produção e preservação – Para a professora Rosana Souza, que trabalha com design e acessórios há 25 anos e tem uma loja no bairro onde expõe os seus produtos, a oficina foi oportuna. “As meninas entenderam que com tampinhas de garrafa e fundo de latinha é possível fazer lindos brincos, que com tecido é possível fazer colares, pulseiras e brincos, e elas estão tão encantadas que estão perguntando se o curso vai ter continuidade. Além disso, a gente deixa de jogar no lixo o que pode reciclar”, opina.
A operadora de telemarketing Nair Valente, de 37 anos, relata que o curso a colocou em contato com uma prática que sempre admirou. “Eu sempre gostei de bijuterias que são feitas a partir do artesanato, pois quando você prepara uma peça, ela se torna especial e ganha um toque pessoal. Eu acho muito interessante. Além disso, a gente está aproveitando materiais recicláveis ao invés de descartar na natureza e é uma possibilidade de trabalho ou de renda extra. Eu até mostrei para o meu filho o brinco que produzi e ele ficou admirado”.
“O projeto está de parabéns, pois é uma forma também de ensinar técnicas que irão ajudar na preservação do meio ambiente. Os acessórios que a gente está produzindo aqui são lindos, podem ser uma fonte de renda, portanto é uma ação bastante louvável. Meu desejo é que venham outras e que os alunos também possam multiplicar. Eu mesma já vou passar esse conhecimento adiante”, disse a aposentada Edmea Coelho, de 70 anos.
Territórios Criativos – O projeto Brota Arte no Engenho – Riqueza Cultural e Ancestral foi contemplado pelo edital Territórios Criativos, gerido pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio do Ministério da Cultura, e com a suplementação da Prefeitura, através da FGM. O edital foi lançado em agosto do ano passado, com o objetivo de promover a cidadania cultural, ampliando a democratização e descentralização do acesso aos recursos públicos para as iniciativas artístico-culturais de relevância para a cidade.