O programa, que também compõe ações e eventos da exposição “Vila Velha, Por Exemplo: 60 anos de um teatro do Brasil”, inclui espetáculos, residências artísticas, oficinas, mostras, sarau, gastronomia africana, seminário, bate-papos e um encontro entre músicos destes países
“O Vila Ocupa o MAB” (projeto que integra as ações do programa de ocupação artística “O Vila Ocupa a Cidade”) e a exposição “Vila Velha, Por Exemplo: 60 anos de um teatro do Brasil” celebram o Mês da Consciência Negra com um painel internacional que se conecta com as matrizes étnicas brasileiras; onde eventos, espetáculos e atividades formativas têm como temática, fundamento e processos criativos a cultura ancestral africana. Com uma programação intensa no Museu de Arte da Bahia (MAB) e no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), o Novembro Negro do Vila se estende até o dia 08 de dezembro.
Com curadoria da diretora de projetos do Teatro Vila Velha, Cristina Castro, as residências internacionais em dança trazem de Moçambique o “Tremuria Project” – com o dançarino, coreógrafo e professor de dança contemporânea Pak Ndjamena, que propõe, por meio de pesquisa coreográfica com exercícios e ritmos focados em uma linguagem contemporânea, investigar questões importantes sobre o corpo, espaço e tempo, tensão entre controle e liberdade, sujeito e relação com a sociedade, tendo o indivíduo como foco; os encontros de trabalho aconteceram no Museu de Arte da Bahia, entre os dias 11 e 13/11.
Ainda nesse ciclo formativo, de intercâmbio afrolatino e sulamericano, numa parceria inédita com o Centro de Danza y Coreografía del Valle del Cauca La Licorera, a residência “Memórias Afrodiaspóricas do Sul Global”, que ocupa o MAM, do dia 25 ao dia 29/11, das 10h às 13h. As inscrições estão abertas e podem ser feitas através do formulário on-line disponível na bio do instagram @teatrovilavelha
Orientada pelo coreógrafo colombiano Rafael Palácios, com a colaboração do percussionista William Camilo Perlaza Micolta, na qual propõem a união da dança com a música como uma afirmação afrodiaspórica que contraria a imaginários de erotismo e exotismo, num processo de “descolonização do corpo”, em que partem de histórias pessoais-coletivas para criar e propor interpretações de dança, combatendo assim estereótipos e representações sociais racializadas sobre corpos-territórios-culturas negras. Uma mostra da residência será realizada no dia 30/11, às 16h.
Em mais uma edição do “Troca de Saberes”, a cantora, compositora e professora de Canto, Manuela Rodrigues, conduz o workshop intitulado “Voz que Canta, Voz que fala”, um encontro lúdico que utilizará diversos exercícios da técnica do Canto como veículo facilitador da fala. Através das melodias e textos das canções, diversos jogos e exercícios são trabalhados no intuito de melhorar a consciência e saúde no uso da voz falada. Dia 18/11, das 14h às 16h, no MAM.
Em novembro também tem estreia da coprodução luso-afro-brasileira “Esse Caminho Longe”, uma parceria entre a Cem Palcos e o Teatro Vila Velha. O espetáculo é uma criação imersiva, que cruza teatro, vídeo e música ao vivo, uma marca da dramaturgia dos diretores da montagem, Marcio Meirelles e Graeme Pulleyn, em que as diversas vozes, como o texto, a atuação, o vídeo e a música convergem para uma construção narrativa polifônica. Essa proposta se traduz no espaço através de uma concepção de cruzamentos, cruzamentos de poéticas, de linguagens, de culturas, de estéticas, identidades e etnias. Uma obra multicultural e intercultural que reúne três continentes: América do Sul, África e Europa.
Confira aqui mais detalhes sobre toda essa programação internacional, em que a poesia, a música, o teatro e a literatura africana têm papel central nesse diálogo intercultural.
ESPETÁCULO ESSE CAMINHO LONGE (TEATRO) / SÃO TOMÉ, BRASIL E PORTUGAL
“Esse Caminho Longe” é um espetáculo imersivo que cruza teatro, vídeo e música ao vivo. O público senta-se nos quatro lados de um palco em forma de cruzamento. Duas telas de vídeo, de um lado e do outro mostram imagens de São Tomé e de Portugal. São uma das vozes que contam a história de uma mulher afastada da sua terra natal ainda em criança e da sua luta para regressar e reencontrar aquilo que perdeu, a essência do seu ser. Três atrizes, duas negras e uma branca, narram estórias, narram histórias, narram a HISTÓRIA, colocam questões, fazem perguntas, convidam o público e empatizar e apontam um caminho para um recomeço, depois de tanto e tantos séculos de escravidão real e metafórica. A relação entre atriz e público é muito próxima. A música, tocada ao vivo, é uma quarta voz, o vídeo a quinta, o conjunto um só objeto, forte, duro, apaixonado e no final ressoa uma frase: “O sofrimento passa, o que não passa é ter sofrido”. Conseguiremos, reconhecendo os erros do passado, recomeçar no presente um outro futuro?
Os textos são de Lígia Soares e Olinda Beja, com dramaturgia de Graeme Pulleyn, Lígia Soares e Marcio Meirelles. Encenação de Graeme Pulleyn e Marcio Meirelles.
Elenco:
Filipa Fróes, Marta Espírito Santo e Vanessa Faray
Músico:
Gonçalo Alegre Gonçalves
Produção:
CEM Palcos (Portugal) e Teatro Vila Velha
Temporada:
O quê: Esse Caminho Longe
Onde: Museu de Arte da Bahia (Corredor da Vitória, Salvador)
Quando: 29 de novembro a 08 de dezembro (sextas e sábados, às 19h; domingos, às 17h)
Ingressos: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia entrada)
Ingressos disponíveis através do Sympla (LINK) e na bilheteria do espaço.
Olinda Beja nasceu em São Tomé e Príncipe, na cidade de Guadalupe, e migrou ainda menina para Portugal, onde iniciou seus estudos. Atualmente, divide-se entre os dois países e tem poemas e contos traduzidos para espanhol, francês, inglês, mandarim, árabe e esperanto. Sua obra é estudada em teses de doutoramento realizadas por pesquisadores diversos na Alemanha, na Inglaterra, no Gabão e no Brasil.
Marcio Meirelles é fundador do grupo Avelãz e Avestruz (1976-1989), criador e diretor do Espaço Cultural A Fábrica (1982) e diretor de um dos maiores centros culturais do Brasil – o Teatro Castro Alves (1987-1991). Em 1990 criou juntamente com Chica Carelli o Bando do Teatro Olodum. Revitalizou o Teatro Vila Velha e assumiu a direção artística em 1994. Entre seus trabalhos no teatro, destacam-se: o espetáculo “Ó Pai Ó!”, com o Bando de Teatro Olodum; “Candaces – A Reconstrução do Fogo” (2003), do grupo carioca Companhia dos Comuns, que virou samba enredo do Salgueiro no carnaval de 2007. Também co-dirigiu, com Werner Herzog, o espetáculo “Sonhos de uma Noite de Verão”, no Rio de Janeiro, para a ECO 92. Dirigiu, para o Bando, nova versão da comédia de Shakespeare premiada como melhor espetáculo pelo Prêmio Braskem, em 2006. Foi Secretário de Cultura do Estado da Bahia (2007-2010) e, em junho de 2011, assumiu novamente a direção do Teatro Vila Velha, onde criou em 2013 a Universidade Livre de Teatro Vila Velha. Em 2019, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia. Dirigiu mais de 100 espetáculos, entre realizações no Brasil, na Europa e na África. Em 2022, marca os seus 50 anos de teatro com realizações artísticas em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
Graeme Pulleyn nasceu no norte de Inglaterra em 1967. Licenciou-se em Estudos Teatrais e Artes Dramáticas pela Universidade de Warwick e mudou-se para Portugal em 1990. Co-fundou e foi diretor artístico do Teatro Regional da Serra do Montemuro entre 1990 e 2004. Vive em Viseu desde 2005, a partir de onde trabalha como encenador, ator e tradutor. É diretor artístico da CEM Palcos, uma plataforma de criação e programação artística com uma forte vocação para trabalhos nas áreas das novas dramaturgias, da exploração de espaços não convencionais e de projectos com as comunidades.
FALA VILA: IDENTIDADE, ANCESTRALIDADE E POESIA – SÃO TOMÉ E BRASIL
O FalaVila é um projeto tradicional do Teatro Vila Velha. Viabiliza debates acerca de temas emergentes da cultura e, nessa edição, promove o encontro entre a escritora santomense Olinda Beja, a pesquisadora e professora universitária baiana Vanda Machado e a professora e poeta carioca Leda Maria Martins.
Produtoras de conteúdos diversos nos campos da literatura e das artes, as três convidadas irão debater sobre as contribuições e os desafios enfrentados por mulheres negras na literatura. Para isso, trazem como destaque a produção de artistas importantes para a cena, fazendo relações com suas próprias trajetórias e produções. Uma oportunidade para explorar as experiências e perspectivas dessas escritoras, promovendo um debate sobre identidade, ancestralidade, representação e o impacto da literatura na sociedade.
Olinda Beja nasceu em São Tomé e Príncipe, na cidade de Guadalupe, e migrou ainda menina para Portugal, onde iniciou seus estudos. Atualmente, divide-se entre os dois países e tem poemas e contos traduzidos para espanhol, francês, inglês, mandarim, árabe e esperanto. Sua obra é estudada em teses de doutoramento realizadas por pesquisadores diversos na Alemanha, na Inglaterra, no Gabão e no Brasil.
Vanda Machado é professora-doutora, colaboradora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), possui rica trajetória no campo da educação étnico-racial. Criou o Projeto Político Pedagógico Irê Ayó, na Escola Eugenia Anna dos Santos, no Ilê Axé Opô Afonjá, propiciando o reconhecimento da escola como Referência Nacional pelo Ministério da Educação (MEC). Realiza consultorias, palestras, conferências e apresenta trabalhos em vários estados no Brasil, e também em Bruxelas, Nigéria, Cuba, Portugal e Buenos Aires. Membro da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO), participou como roteirista do documentário O Cuidar nos Terreiros e Saúde.
Leda Maria Martins mora atualmente em Belo Horizonte. Professora-doutora, leciona na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi também professora convidada da New York University. Pesquisadora da cultura afrobrasileira, desenvolveu projetos de pesquisa na área, como O Palco em Negro: Estudo da dramaturgia e da escritura cênicas contemporâneas de matizes afrodescendentes; Performances do Movimento: A escritura cênico-dramática do rito no Congado; Performances do tempo espiralar; Afro-descendências: Raça e etnia na cultura brasileira; dentre outros. Publicou livros e também artigos em periódicos brasileiros e estrangeiros.
Apresentação:
O quê: FalaVila – Identidade, Ancestralidade e Poesia
Onde: Museu de Arte Moderna da Bahia (Avenida Contorno)
Quando: Dia 2 de dezembro (segunda-feira, às 19h)
Ingressos Gratuitos
A POESIA DE OLINDA BEJA – Recital de Olinda Beja com Filipe Santo / SÃO TOMÉ
A rica cultura são-tomense é celebrada pela obra da artista Olinda Beja em apresentação que reúne música, poesia e arte. Um trabalho que se nutre do diálogo cultural e demonstra profundo respeito às artes como impulsionadoras da humanidade.
Olinda Beja é uma escritora lusófona. Nasceu em São Tomé e Príncipe, na cidade de Guadalupe, e migrou ainda menina para Portugal, onde iniciou seus estudos. Atualmente, divide-se entre os dois países e tem poemas e contos traduzidos para espanhol, francês, inglês, mandarim, árabe e esperanto.
Olinda Beja tem trabalhos publicados na Alemanha (Universidade de Frankfurt e Universidade de Berlim) sobre a língua materna de S. Tomé, bem como poemas dispersos em revistas nacionais e estrangeiras, em livros didáticos dos Ministérios Português e Francês da Educação e em diversas Antologias.
As suas obras têm servido a teses de doutoramento a professores como Luciano Caetano da Rosa (Alemanha); Sandra Campos (Inglaterra); Annie Mendzy Anda (Libreville-Gabão); Amarino Queiroz (Brasil), Zuleide Duarte (Brasil) entre muitos outros. É membro da UNEAS (União Nacional de Escritores e Artistas de S. Tomé e Príncipe).
Filipe Santo nasceu em Madalena, na ilha de São Tomé. Suas canções retratam temas de suas tradições e do cotidiano do povo de São Tomé e Príncipe. Músico acompanhante da poeta Olinda Beja, lançou o seu primeiro álbum-solo, Musa, em 2002. Em 2015, lança o segundo álbum, Lagaia, que contou com a participação de vários nomes da música africana e lhe tornou vencedor da segunda edição do STP Music Awards (2016).
Apresentação:
O quê: Sarau Falavila com Olinda Beja
Onde: Museu de Arte Moderna da Bahia (Avenida Contorno)
Quando: Dia 3 de dezembro (terça-feira, às 19h)
Ingressos Gratuitos
ENCONTRO MUSICAL luso-afro-brasileiro / SÃO TOMÉ, BRASIL E PORTUGAL
Com músicos de Portugal, São Tomé e Brasil, o encontro marcado para o Museu de Arte Moderna na Bahia (MAM) traz nomes como João Milet Meirelles, Gonçalo Alegre, Vanessa Faray, Ramon Gonçalves e Filipe Santo, dentre outros.
O programa centra foco em interações artísticas entre as diversas culturas, na procura por elementos fundantes que passam a ser compartilhados em sessões que o improviso propicia momentos especiais de musicalidade. Nesse espírito, são apresentadas revisões sonoras de músicas e ritmos típicos de cada país, em uma celebração da ancestralidade e da diversidade.
João Milet Meirelles, baiano, é compositor, produtor musical, live electronics performer e fotógrafo. Dedica-se à pesquisa do som e imagem com uma atenção especial para as texturas e timbres e suas relações temporais. Desde 2012 toca e produz live electronics no BaianaSystem, banda formada em 2009 e que construiu uma forte presença no novo cenário da música brasileira. Participou de projetos com a banda Beto Júnior e LARGO, plataforma de encontros de música expandida. Lançou o livro fotográfico Bença e Sobre os Pés de Quem Anda, livro objeto produzido e lançado por DUNA editora.
Ícaro Sá – músico Percussionista, nascido e criado no Pelourinho – Salvador, Ícaro Sá iniciou sua carreira aos 15 anos. Integrou a Orchestra Sudaka, de Ramiro Musotto. Por 11 anos foi percussionista da Orkestra Rumpilezz. Atualmente, faz parte do grupo Baiana System, tendo feito 2 turnês nos EUA e diversos shows pelo Brasil, e gravou quatro discos da banda, EP Pirata, Duas Cidades, O Futuro Não Demora e OXEAXEEXU assinando os arranjos percussivos e concepção rítmicas dos discos, logrando o Grammy Latino de 2019. Acompanhou diversos artistas e bandas, tais como: Arto Lindsay, Lucas Santana, Lazzo Matumbi, Márcia Castro, Larissa Luz, Mariana Aydar, Baby do Brasil, Josyara entre outros.
Gonçalo Alegre é natural de Mangualde, cidade localizada na região central de Portugal. Ainda adolescente, iniciou os estudos no baixo elétrico e depois no contrabaixo, na variante de Jazz. A Escola de Jazz do Porto e alguns professores particulares foram guias para que Gonçalo mergulhasse nessa linguagem sonora. Em 2014 concluiu o curso de Licenciatura de Instrumento – Contrabaixo – Variante Clássica e, em sequência, passa a estudar sobre processos de captação, gravação e produção musical.
Vanessa Faray é uma ativista, feminista, cantora, rapper e atriz santomense que, através de seu trabalho, busca dar voz aos jovens de seu país. Suas composições tratam da realidade vivida por sua geração, mas também abrem espaço para a reflexão poética, constituindo-se em poderosa ferramenta de emancipação e também de fruição artística.
Ramon Gonçalves atua como artista multimídia desde 2012, dividindo sua pesquisa entre artes visuais, música, literatura e audiovisual. Como artista visual, participou em diversas exposições coletivas em Salvador (em espaços como Goethe Institut, Teatro Vila Velha, Cinema da Ufba, Teatro Gamboa Nova e Galeria Cañizares), e Ciudad de México (Centro Médico Nacional, MX). Em 2015 e 2018 participou do programa Flotar Residências Artísticas (Ciudad de México, MX e Rio de Janeiro, RJ respectivamente) – a convite do Harmonipan Studio (MX) – projetos contemplados pelos editais Conexão Cultura Brasil – Intercâmbios (2014) e Mobilidade Artística (2018). Em 2018 começou a desenvolver música para teatro, tendo co-dirigido musicalmente espetáculos da companhia teatro dos novos. Desenvolve AURATA desde 2014, projeto multimídia que tem como base a música minimalista, dialogando com dispositivos eletrônicos, o experimentalismo e as possibilidades de criação lo-fi; conta com onze registros lançados, entre eps e álbuns. O oitavo registro, Satori (2018), foi distribuído internacionalmente pelo selo Whirling Wolf Recordings (Amsterdam, NE) e ganhou uma exposição sobre seu processo durante a 13a edição do Vivadança Festival Internacional. Esteve em duas turnês nacionais em 2017 (centro oeste brasileiro) e 2018 (sul/sudeste), junto à NHL Produções (BA).
Filipe Santo nasceu em Madalena, na ilha de São Tomé. Suas canções retratam temas de suas tradições e do cotidiano do povo de São Tomé e Príncipe. Músico acompanhante da poeta Olinda Beja, lançou o seu primeiro álbum-solo, Musa, em 2002. Em 2015, lança o segundo álbum, Lagaia, que contou com a participação de vários nomes da música africana e lhe tornou vencedor da segunda edição do STP Music Awards (2016).
Apresentação:
O quê: ENCONTRO MUSICAL luso-afro-brasileiro
Onde: Museu de Arte Moderna da Bahia (Avenida Contorno)
Quando: Dia 4 de dezembro (quarta-feira, às 19h)
Ingressos gratuitos