“Se o tratamento não for prorrogado de forma correta, o reganho de peso é inevitável”, alerta endocrinologista
A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) lançou uma nova diretriz para o tratamento medicamentoso da obesidade. A instrução, que foi apresentada durante o 21° Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, que ocorreu em Belo Horizonte (MG), traz 35 recomendações para médicos e pacientes, dentre as quais respaldando a prescrição de medicamentos para emagrecer em pacientes com IMC menor que 30.
De acordo com a médica endocrinologista Daniella Castro de Lima, a medida leva em consideração a revolução que o tratamento da obesidade passou na última década, após o lançamento de medicamentos como Wegovy e Mounjaro. A nova diretriz autoriza o uso desses medicamentos em pacientes com IMC abaixo de 30 que apresentam complicações relacionadas à obesidade, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, apneia do sono, entre outras.
“É preciso pensar no contexto global do paciente, não só no IMC, critérios como cintura abdominal também são levados em conta. Outro ponto essencial é identificar as complicações de saúde que o paciente tem e que estão relacionadas à obesidade para definir qual é a melhor medicação para um tratamento individualizado”, explica a endocrinologista, que também é professora do curso de Medicina da UniFG, parte integrante do ecossistema de educação médica Inspirali.
O especialista destaca que o uso de medicamentos para emagrecer é racionalizado, ou seja, o médico deve avaliar a necessidade individual de cada paciente. Ainda segundo a médica, o tratamento da obesidade deve ser multidisciplinar, envolvendo médicos, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos. “A perda de peso, mesmo que modesta, pode trazer benefícios prejudiciais à saúde, reduzindo o risco de doenças crônicas. Mas é importante que o paciente seja acompanhado de perto durante o tratamento para garantir a segurança e a eficácia das medidas adotadas”, orienta a Dra. Daniela Castro.
Uma professora da UniFG esclarece que os medicamentos como Wegovy e Mounjaro não apresentam risco de dependência física e efeito rebote de peso após a suspensão da droga, porém, caso o tratamento não seja prorrogado de forma correta, o reganho de peso é inevitável. “A obesidade é uma doença crônica que, além dos medicamentos, precisa ser tratada com mudanças de comportamento. É muito importante associar orientação nutricional para adoção de uma dieta balanceada com déficit calórico; a prática de pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada ou vigorosa por semana e exercícios de fortalecimento muscular; além de apoio psicológico profissional, como terapia cognitivo-comportamental (TCC) e entrevista motivacional”, recomenda.