Mais de 20 milhões de crianças podem sofrer com a doença se familiares e profissionais não enfrentarem conjuntamente um dos mais graves problemas de saúde pública do mundo
Reconhecida como um problema de saúde pública, a obesidade infantil pode causar uma série de complicações para o desenvolvimento físico e psicológico de crianças. Estimativa alarmante do Atlas Mundial da Obesidade aponta que o Brasil pode ter até 50% das crianças e adolescentes, entre 5 e 19 anos, com obesidade ou sobrepeso em 2035. Profissionais de saúde, pesquisadores e entidades promovem o Dia de Conscientização contra a Obesidade Infantil, em 3 de junho, como instrumento para conter as projeções negativas e os efeitos da doença que prejudicam a saúde e podem comprometer toda a vida adulta de uma pessoa.
O documento do Atlas Mundial da Obesidade também indica que a taxa anual de crescimento da obesidade em crianças e adolescentes brasileiros entre 2020 e 2035 será de 1,8%. Segundo os dados, a prevalência de crianças e adolescentes com IMC (Índice de Massa Corporal) elevado era de 34% em 2020, com mais de 15 milhões de afetados. Em 2035, a projeção é de que mais de 20 milhões de crianças e adolescentes obesos ou com sobrepeso.
“Condições genéticas, individuais, comportamentais e ambientais podem influenciar no estado nutricional, sendo multifatorial, a obesidade infantil exige intervenções integradas de diversos setores, além de profissionais de saúde, como a família e outras instituições, para deter o avanço da doença e garantir o pleno desenvolvimento durante a infância”, explica o pediatra, Dr. Hamilton Robledo, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
As chances de obesidade na idade adulta são maiores em crianças com excesso de peso ou já identificadas como obesas. O pediatra explica os efeitos do problema: “Oito em cada 10 adolescentes continuam obesos na fase adulta. A obesidade, se não controlada, pode acarretar no surgimento de problemas como diabetes, hipertensão arterial, problemas cardiovasculares, dislipidemia, ou seja, o aumento do colesterol, e até alterações esqueléticas e de postura”, destaca o Dr. Robledo.
Ao longo da vida, a obesidade também pode acarretar outras graves consequências como o risco de desenvolver doenças nas articulações e nos ossos, câncer, além de sofrerem com problemas psicológicos e sociais, completa o especialista.
Causa e Diagnóstico
A causa fundamental da obesidade na infância é o desequilíbrio energético, entre as calorias consumidas e as calorias gastas ao longo do dia. “Isso vai ocasionar o ganho de peso. As crianças estão comendo mais, comendo erroneamente, com a ingestão de alimentos ricos em gordura, em açúcares e pobres em vitaminas e minerais, exercitando menos.
A diminuição da atividade física acarreta no maior uso da televisão, dos videogames, dos celulares e dos tablets. Então, o sedentarismo vem sendo fortemente relacionado com o excesso de peso, associado a uma alimentação errônea, rica em gordura e pouca atividade física. O excesso dos alimentos processados, industrializados, também está intimamente relacionado com a obesidade”, detalha o pediatra. Ele acrescentou ainda que “a obesidade se diagnostica com as curvas específicas, com a taxa do desejado, do aceitável, do sobrepeso e do obeso. Em crianças maiores pelo índice de massa corpórea, onde você põe o peso dividido pela altura vezes a altura”.
Combate à obesidade Infantil e Tratamento
A obesidade é um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). “Estamos extremamente preocupados porque para combater a obesidade é preciso uma mudança no estilo de vida da criança e de seus familiares mais próximos, porque não é só uma criança que come errado, são os pais também”, comenta o Dr. Robledo.
O tratamento da obesidade tem como principal objetivo reduzir ou adequar a quantidade de gordura ingerida, no processo de reeducação alimentar. “Temos que implementar uma dieta mais saudável e equilibrada, em conjunto com a realização de exercícios com regularidade”, afirmou o pediatra, que recomenda, juntamente com o médico pediatra, a participação de um nutricionista no processo.
“Com os ajustes no estilo de vida, a introdução de hábitos saudáveis e mais atividades físicas, não há uma necessidade imediata de medicação. Este é o tratamento fundamental para a obesidade infantil”, esclarece o pediatra, Dr Hamilton Robledo, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.