Dentre os principais benefícios, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia destaca a melhora da força, do equilíbrio e da concentração
Qual o segredo da longevidade? Esta é uma pergunta cada vez mais frequente, principalmente no Brasil, onde a população idosa cresce cada vez mais.
É fato é que o idoso de hoje é diferente do idoso de algumas décadas atrás. Além da evolução da medicina, a mudança no comportamento das pessoas em relação à saúde aumentou a expectativa de vida. Preocupações com a qualidade de vida, por meio de uma alimentação mais saudável e a prática de exercícios físicos estão no dia a dia da população 60+.
Caminhada, corrida, musculação, pilates, hidroginástica, são algumas das atividades mais praticadas. No entanto, para os idosos com mais “disposição”, diga-se, ou que buscam por algo novo, as artes marciais também trazem benefícios à saúde.
De acordo com a geriatra e diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Dra. Alessandra Tieppo, as lutas, em geral, podem ser praticadas pela pessoa idosa, desde que tomados os devidos cuidados e, obviamente, respeitando a condição física. Dentre os benefícios, ela destaca a melhora do equilíbrio e da coordenação motora, reduzindo o risco de quedas, um dos principais perigos para idosos, trabalhando também reflexos, postura e consciência corporal. “A prática de artes marciais promove o aumento da força e da flexibilidade, uma vez que os exercícios dinâmicos e controlados ajudam a manter os músculos e as articulações em atividade. Além disso, auxiliam a saúde cardiovascular e respiratória”, explica, ao comentar que o estímulo cognitivo também é trabalhado, já que se exige atenção, memória, disciplina e tomada de decisões rápidas, podendo ajudar na prevenção de doenças neurodegenerativas. “Essas atividades ajudam no controle do estresse e na melhora do bem-estar emocional. Por meio de técnicas de respiração e meditação, presentes em modalidades como Tai Chi Chuan e Aikido, auxiliam na reduzir casos de ansiedade e depressão. Sem falar na promoção da autoestima e da socialização, favorecendo o convívio social e o fortalecimento da autoconfiança.”
Quais praticar?
Além do Tai Chi Chuan e do Aikido, Jiu-Jitsu suave (Brazilian Jiu-Jitsu adaptado); judô (também adaptado) e Karatê, com foco nos katas (movimentos) e não no combate, e Taekwondo, são boas opções.
Arte marcial genuinamente brasileira, a capoeira também está nessa lista e vem ganhando cada vez mais destaque, pois combina movimento corporal, música, ritmo e expressão cultural, o que a torna uma prática extremamente rica. Dentre os benefícios para a população 60+, Dra. Alessandra revela que os movimentos fluidos e circulares do jogo da capoeira ajudam a manter as articulações móveis e os músculos alongados. “Ela exige controle corporal e atenção ao ritmo, o que fortalece o equilíbrio e reduz o risco de quedas e, mesmo em versões mais suaves, trabalha a resistência cardiovascular, a força muscular e a agilidade”, relata, ao afirmar que a atenção ao parceiro de jogo, a interação com o ritmo dos instrumentos e a memorização dos movimentos e sequências de golpes favorecem o funcionamento mental. “A musicalidade, o canto e a roda trazem alegria, pertencimento e identidade cultural, o que favorece a autoestima e reduz os sintomas de estresse, solidão ou ansiedade.”
Para uma prática segura, a geriatra e diretora da SBGG, indica que se deve evitar os movimentos de impacto, saltos e acrobacias, priorizando a ginga mais suave, movimentos circulares com amplitude controlada e exercícios de base e alongamento.
Cuidados
Antes de iniciar qualquer arte marcial é necessário se consultar com um médico, preferencialmente um geriatra ou cardiologista, para garantir que não há qualquer impedimento. Segundo Dra. Alessandra, é importante optar pela modalidade mais adequada com o perfil da pessoa, sendo que independentemente de qual seja, ela precisa ser de baixo impacto e que priorize o controle e a fluidez dos movimentos. Ela explica que as aulas devem ser conduzidas por professores experientes e capacitados para trabalhar com a pessoa idosa. “O uso de equipamentos de segurança também é preciso, como tatames adequados, protetores, roupas confortáveis e calçados apropriados. Tudo isso auxilia na prevenção de lesões.”
Sobre a SBGG
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), fundada em 16 de maio de 1961, é uma associação civil sem fins lucrativos que tem como principal objetivo congregar médicos e outros profissionais de nível superior que se interessem pela Geriatria e Gerontologia, estimulando e apoiando o desenvolvimento e a divulgação do conhecimento científico na área do envelhecimento. Além disso, visa promover o aprimoramento e a capacitação permanente dos seus associados.