Historiador e professor da PUC-Rio, Leonardo Affonso de Miranda Pereira foi o vencedor com projeto de biografia de Francisco Guimarães, o Vagalume, um dos poucos repórteres e cronistas negros a atuar em grandes redações durante a Primeira República.
A editora Todavia anuncia o vencedor da quarta edição do Prêmio Todavia de Não Ficção. O historiador Leonardo Affonso de Miranda Pereira ganhou o prêmio com um projeto que narra a trajetória do jornalista Francisco Guimarães.
Mais conhecido como Vagalume, Francisco Guimarães nasceu em 1877 do ventre de uma mãe negra, em uma família de trabalhadores de baixa renda. Conseguiu construir uma carreira jornalística de sucesso, destacando-se como um dos poucos repórteres e cronistas negros a trabalhar nas redações dos principais jornais da Primeira República. Cronista da cultura urbana carioca, em 1933 ele publicou Na roda do samba, um dos primeiros livros dedicados ao tema. Reeditado em 1978 pela FUNARTE, o livro é considerado uma obra fundamental para o estudo do ritmo e da cultura negra. Ainda assim, pouco se sabe sobre a vida de seu autor, pois as referências a ele se limitam quase unicamente a essa obra.
“Foi com certa surpresa que, ao desenvolver uma pesquisa sobre os clubes dançantes negros no Rio de Janeiro das primeira décadas do século XX, percebi que o Vagalume havia sido, ao longo da Primeira República, um agente fundamental do processo de afirmação de uma musicalidade negra e diaspórica que acabaria por dar forma ao samba. Como o principal cronista carnavalesco da imprensa carioca, ele se tornou patrono e entusiasta de várias pequenas associações nas quais aquele tipo de musicalidade se desenvolveu, ajudando a legitimá-las pelas páginas da grande imprensa. Ficava claro que, mais do que o autor de um livro sobre o samba, ele era um personagem central em seu processo de afirmação, o que me levou a investigar melhor sua trajetória”, conta o vencedor do prêmio.
Os projetos inscritos na quarta edição do Prêmio Todavia de Não Ficção foram avaliados por um júri formado pela escritora e consultora do Núcleo de Enfrentamento, Monitoramento e Memória de Combate à Violência da OAB-SP, Juliana Borges; pela professora e curadora da Flip em 2022 e 2023, Milena Britto; pelo jornalista e autor de Catorze camelos para o Ceará e A bem-amada, ambos publicados pela Todavia, Delmo Moreira; e pelo jornalista, escritor, editor da revista Serrote, colunista da revista Quatro Cinco Um e professor da Escola de Comunicação da UFRJ, Paulo Roberto Pires.
A quarta edição do Prêmio Todavia de Não Ficção teve 152 projetos de biografias inscritos entre dezembro de 2024 e abril deste ano e propôs a produção de biografias de personalidades brasileiras excluídas da chamada história oficial do país.
As inscrições para a próxima edição do Prêmio Todavia de Não Ficção se iniciam em 2026.

Sobre o vencedor
Leonardo Affonso de Miranda Pereira é historiador e professor da PUC-Rio. Doutor e mestre em História pela UNICAMP, recebeu o prêmio Jabuti em 2001 com o livro Footballmania: uma história social do futebol no Rio de Janeiro (1902-1938) na categoria Ciências Humanas e Educação.













