Quem orienta é o professor Allan Mazzoni, do IBMR, no RJ, que é especialista em Gelotologia – a ciência do riso
Você viaja para descansar ou para se estressar? Muitas pessoas entram em uma verdadeira correria na hora de viajar, ansiosas para sair de casa, e, por incrível que pareça, acabam se cansando ainda mais nestas situações que deveriam ser momentos de diversão e de relaxamento. “Vire a chave e passe a viver estas oportunidades com uma mentalidade mais leve e alegre”, sugere o professor do curso de Enfermagem do Centro Universitário IBMR e pesquisador em Gelotologia, a ciência do riso, Allan Mazzoni.
A principal dica da Gelotologia é: faça história! “Cada férias tem uma boa história para contar. As dificuldades podem se transformar em lembranças cômicas, então aproveite cada detalhe da viagem. O mais importante é ser feliz. E isso não é clichê; é o objetivo real da viagem”, alerta o professor do IBMR.
A grande questão é: como a Gelotologia pode ajudar a lidar com as adversidades que surgem e manter o equilíbrio emocional durante as férias? “E, independentemente da situação, ao acordar, levante-se, olhe-se no espelho e seja grato por essa oportunidade de viajar. Isso não tem preço”, alerta. Seguem as situações típicas de férias e as “viradas de chave” propostas por Mazzoni:
1 – Voo atrasou e agora? Saio reclamando em todas as instâncias e chamo o Procon?
Nesse momento, você entende que está perdendo tempo de suas férias. “Dá raiva, né? Eu sei. Mas, você precisa pensar do lado estoico, ou seja, o lado filosófico de aceitação dos fatos como eles são. Se aborrecer, nada vai adiantar. Tome as medidas que devem ser tomadas e negocie. Toda crise também é uma oportunidade. Negocie para que você possa esperar em um local mais confortável”, ensina o professor do IBMR. Então, respire fundo e pense no que pode ser e vir de bom – pois sempre vem. E se seu voo está atrasado e você vai ter que esperar, pegue um livro, ligue o celular e ouça uma playlist com canções alegres, ou alguma série. Nada melhor do que trabalhar a leitura, ou até mesmo, quem sabe, poder assistir aquela série que você tanto gosta. E se você for a um hotel, resort, etc, tenha certeza de que aquele local tem o perfil que você precisa. “Se o atendimento for ruim, aconselho você a se divertir de outras formas. Procure locais próximos para que possa esfriar a cabeça e não entre naquele círculo vicioso da reclamação”, indica.
2 – As crianças estão brigando, avançando muito no mar ou brincando perigosamente na piscina, não obedecem. Como me equilibrar para resolver isso?
Para quem tem filhos ou está com crianças, sabemos que a palavra do adulto muitas vezes não é ouvida, devido ao fator “motivação” das férias. Ou seja: é muita alegria para os pequenos e nada mais importa para eles. “Para elas é um parque de diversões contínuo naquele momento, seja na praia, na piscina ou no próprio parque de diversões. Mas, calma, a gente pode arrumar solução para isso”. Algumas mães dizem: “se você não vir aqui, agora, nós vamos embora e nunca mais voltamos. É uma estratégia boa. Mas, que tal, em vez de você se aborrecer, entrar na brincadeira também? Afinal, elas vão querer voltar em algum momento. Vá com as crianças, entre na praia, converse, se elas estão em muito profundo, explique para elas o que pode acontecer junto delas. Se naquele momento aquilo está tirando a sua paz, o melhor fazer é entrar na diversão. Afinal, ficar só na areia não tem graça nenhuma – e as crianças sabem disso. A sua cervejinha poderia ser tomada em outro local sem tantos recursos para a diversão.
3 – Uma pessoa que viaja de férias conosco se esquiva quando precisamos dividir as despesas comuns do grupo. Como evitar que isso nos abale?
“A gestão de pessoas sem sombra de dúvidas é a gestão mais difícil e, nas férias, ela estará presente, sim! Sempre há alguém querendo fazer um passeio que não estava no programa ou, até mesmo, aquele amigo encrenca que vai com pouco dinheiro e se esquiva de dividir os custos que foram combinados entre o grupo. Aqui, de novo, entra a negociação. “Seja sincero e fale com educação. No momento vai ser desconfortável. Mas, podemos utilizar as palavras de maneiras mais acessíveis”, ensina. Sugestão: “vamos fazer o seguinte, que tal se nós dividirmos e você ficar com a parte menor? Pode ser? Até porque, se ele escolheu viajar, o mínimo precisa para a sobrevivência”.
4 – Fui para um hotel fazenda e tem muito mosquito picando a gente. Como não estressar?
Uma das questões que podem acontecer é que o destino, na real, não seja o que você tanto aguardava. Para evitar isso, pesquise bem antes de ir. “Hoje, existem vários aplicativos onde podemos consultar sobre determinados locais e que trazem as críticas de pessoas que já frequentaram, tanto positivas quanto negativas. Então, você se anteceder para investigar qual melhor local se encaixa para você, é a melhor forma de evitar dor de cabeça”, alerta o professor. Allan Mazzoni, porém, diz que esse tipo de viajante precisa ser mais maduro e responsável por suas próprias escolhas. “Se você vai para uma fazenda, para um ambiente de natureza plena, é obvio que você poderá encontrar mosquitos, formigas e, até mesmo, animais selvagens”.
5 – Fui viajar para país com cultura muito diferente, mas detestei a comida local, não tem arroz e feijão, nada que seja do meu costume! Como contornar a frustação?
A maturidade precisa entrar em cena aqui também. O melhor das viagens é viver as culturas diferenciadas que nós temos, tanto em outro país, quanto no Brasil. “Quem nunca resolveu comer sushi pela primeira vez e não gostou? Mas, lembre-se que em todos os países, ou pelo menos em boa parte, existem fast-foods que são mundialmente conhecidos. Não são as opções mais saudáveis, mas, são uma saída. E lembre-se, a culinária pode não ser satisfatória, mas eu tenho certeza de que há muita diversão em volta para você”, garante o professor do IBMR. E se o passeio não está tão legal, por que não rio um pouco de tudo?